Voneshta Voda - Polski Trambesh

Acordámos fresquinhos do ar das montanhas e a tenda molhada da condensação. A manhã parecia-nos um dia nos Pirinéus, o cheiro e a neblina e a camisola polar que tivemos que vestir depois de tantos dias arrumadas nos sacos.


A meio da manhã já tínhamos o sol e o calor a fazerem-se sentir. Chegámos cedo a Veliko Tarnovo. Parámos à sombra de um edifício com vista para o castelo. Os autocarros de turista paravam para despejar e recolher turistas.
Um senhor, veio conversar connosco, interessado na nossa viagem e bicicletas. Era dono de uma loja de souvenirs e quando era mais jovem também ele fez o gosto ao dedo numa viagem de bicicleta pelos países da antiga União Soviética, porque mais que isso não lhe era permitido.


A tentar descobrir um supermercado, misturámo-nos no meio de tantos turistas, que éramos só mais uns ali no meio. Chapéus, calções, óculos de sol, sandálias, e máquinas ao pescoço a disparar para todos os sentidos.

A rua principal da cidade estava cheia de ofertas tentadoras, lojas chiques, pensões e hotéis, casinos e lojinhas mais originais perdidas. Achamos até que descobrimos uma loja de um português, de nome Pedro.
A cidade era bonita, turismo à parte, estava situada na colina, é atravessada por dois rios e cheia de ruas de fachadas pitorescas. De cima via-se o rio e o vale. As casas de aspecto mais tradicional e antigo não sabemos datar, e por isso não sabemos se são património antigo ou não.

Mas Veliko Tarnovo, tinha outros segredos guardados, longe dos destinos turísticos! À procura de um supermercado descobrimos o mercado. E que mercado! Estação das cerejas, era rara a banca que não as vendesse. A todos os preços, tamanhos e cores. Ginga, cerejas amargas, ou só cerejas. Comprámos cerejas a setenta e cinco cêntimos o quilo e depois as mais caras que encontrámos vermelhas e suculentas a um euro e dez. Uma barrigada de cerejas pela hora de almoço.


As lojas e bancos junto ao mercado foram o nosso poiso e por turnos fomos trazendo mais acompanhamentos para a «mesa». Estava um calor abrasador  e pelo menos três horas ficámos por ali a cirandar e a dormitar no banco.
Claro que antes de sair abastecemos para o jantar e cerejas para o dia seguinte.

Pela planície andámos até serem oito da noite, porque sem colinas e floresta para nos esconder, não parecíamos encontrar o sítio para descansar à noite. Depois de várias tentativas falhadas, voltámos já de mais uma infrutífera demanda pelo spot de campismo quando logo à nossa direita estava um campo de relva cortada com meia dúzia de arbustos. Experimentámos e gostámos. Quem passava, não vai à procura de nada e por isso, a não ser que nos púnhamos aos saltos, é difícil alguém nos ver.

Apressámos a entrada na tenda graças ao ataque dos besouros gigantes. O sol foi-se deitar e a bicharada apareceu e apareceu doida. Sem controlarem a trajectória de voo, vinham chocar contra nós, e faziam rasantes à cabeça e à cara. Ao fim de uns minutos, como continuavam, já andávamos de pau na mão a tentar «jogar basebol»

Só quando a noite caiu é que sossegaram. Eles e nós! Lembrámo-nos de casa. De Tavira e do fim da ilha, onde o ataque dos besouros esquisitos e gigantes aconteceram pela primeira vez.

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