Plopsoru – Bucuresti

O acordar com o cheiro a milho fresco, o sol já quente a fazer prever um verdadeiro dia Verão. O primeiro do ano!
A tenda estava molhada da humidade e demorámo-nos a partir na esperança que secasse com o dia que nascia. A ajuda do pano absorvente azul, vira daqui e vira dali e lá empacotámos a bagagem e dissemos adeus a todas aquelas plantações de milho, girassóis, trigo e outra que não sabemos o que seja!


Uma pedalada de quarenta quilómetros põs-nos às portas da cidade capital da Roménia. No sinal lia-se Bucureşti!
Em Roma sê romano, na Roménia sê cigano! Com todo o devido respeito pelos ciganos, que são boas pessoas. Assim como toda a gente.

Primeiro dia de Verão, primeira capital e nós, Ana Cascuda e Alex Cascão, com a roupa toda suja, cheia de nódoas e com os odores corporais em modo alternativo, chegámos à cidade grande!
Na paragem em frente ao supermercado, para comer umas sandes como almoço, víamos de tudo a ser vendido pelos passeios. Papel higiénico, a maquineta de massagens, meias e toalhetes, fruta e legumes. E mais uma vez sentimo-nos em casa. Miúdos, e graúdos a apregoar com ladainhas o seu produto e a gente que passava a apreciar e a comprar conforme o que queriam ou eram seduzidos a querer.
Sentimo-nos secos com tanto calor, como um fruto deixado ao sol, que lhes chupa todos os sucos. Hoje senti-me Ana, a passa humana! Seca, sugada pelo sol!

Pelo telemóvel contactámos os nossos couchsurfers que estavam por casa. Com mensagens seguimos as instruções detalhadas do Adrian e fomos recebidos pela Alina, no quinto andar da rua à frente da Vlad Dracul. Peculiaridades!
A sua primeira vez de Couchsurfing, não parecia primeira vez. O quarto e a cama deles ficaram para nós, enquanto eles dormiam no sofá. Banho para a roupa e para nós!

Mais frescos, cheirosos e airosos saímos com a Maria e o Drago pela mão para ir buscar o Iustin e o Edwin ao jardim de infância. Poderiam ser os quatro filhos do Adrian e da Alina, porque vontade e gosto por famílias grandes não lhes falta. Mas não, os primeiros eram filhos de uma amiga da Moldávia e estavam só a passar a tarde, porque já estavam de férias.
A brincadeira no parque com companhia é diferente e ganha outro sabor. Tudo de chupa chupa na boca, saltitavam de baloiço em baloiço a pedir apa (água) e um empurrãozinho de vez em quando.


De volta a casa, os mais crescidos vinham todos com fome. A criançada andava, cozinha dentro cozinha fora, na lufa lufa de pedir comida e ir brincar, e nós, ao som da VH1, preparámos qualquer coisa para comer enquanto púnhamos a conversa em dia. Depois da Turquia e da Bulgária com arranhões no inglês, foi uma surpresa e uma alegria para as nossas línguas voltar a falar inglês sem preocupações em fazer-nos entender.
A  Alina falava um inglês muito bom e o Adrian falava com a pronúncia britânica, vestígios do tempo que lá passou a estudar.

Polenta para os pequenos e um pouco para nós experimentarmos. Batatas no forno, salada e cerveja romena a acompanhar. Uma garrafa de meio litro para cada um. Ursus! Mais uma para cada um com amendoins, e saímos para o metro, a  ver se ainda conseguíamos apanhar a última parte do festival de cinema de música. Nem cinco minutos tinham passado e o Adrian recebe um telefonema. Um amigo que não via há muito estava ali perto num bar. Podia ser? «Claro que sim! Nós gostamos de tudo!»
Dois amigos, como o Adrian, entendedores de informática, uns trabalhavam na área, outros não. «E lembras-te da velocidade da ligação na Noruega! Era ridícula! Tãããoo lenta!» diziam eles. Aqui na Roménia, tudo está despachado em menos de cinco minutos de tão rápidas e boas que são as ligações.

Conversa, comida e meio litro de cerveja a vir por ronda para cada um. O que é certo é que no fim o Alexandre e eu segredávamos um para o outro o quão tontos estávamos e como estávamos a fazer um esforço para manter o nosso corpo e conversação direitos! Olhávamos para eles e estavam todos bem! Pelo menos pareciam. Ainda conseguimos fazer as contas e no fim do dia tínhamos bebido cinco litros de cerveja pelos dois. Dois e meio a cada um! As nossas garrafitas portuguesas aqui, são mandadas para trás com desdém! «Ora venha daí uma bilitrona e meia fax”avor!»

Assim que aterrei na cama, sim porque a viagem até casa, felizmente curta, foi um voo, ferrei-me a dormir como um calhau, bem grande!

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