Polski Trambesh - Plopsoru

Mais uns cem quilómetros arrumados no saco!
Começámos o dia na Bulgária e acabámos o dia na Roménia! Despertámos com a Primavera e adormecemos com prenúncio de Verão.

As cerejas comidas no dia anterior e as do pequeno almoço, deram o resultado que qualquer barrigada de fruta dá.
Como tudo o que gostamos faz bem ao espírito, quando as encontramos, assim por todo o lado, queremos desfrutá-las com direito a tudo o que lhe está associado. Cerejas trazem-nos à memória avós que as apanham para nós, e amigos que vivem na terra portuguesa onde elas são famosas. Cerejas-Sílvia-Fundão-avô Augusto=coisas boas!


Mas só com cerejas não vamos lá. Parámos assim que encontrámos um mercadozito e complementámos com pão, queijo, marmelada e chocolate o nosso pequeno almoço de campeões.

O aspecto mais natural e selvagem da Bulgária não tem só a ver com a abertura das fronteiras à emigração, que deixou o país «às moscas» O país é grande para poucas pessoas e as que ficaram são, na maioria, mais velhas.
Os problemas de falta de dinheiro e taxa de desemprego alta completam o quadro, e por isso as paisagens naturais e construídas vão ganhado o aspecto de abandono deixando sem intenção a Natureza ganha vantagem!

Salvem-se os campos cultivados que dão vida ao país. Pobre e sem dinheiro, de população envelhecida, mas a continuar a dura lavoura do campo. Cada casa tem o seu quintal e vêem-se algumas carroças e burros pelos campos. O tempo do calor é aproveitado ao máximo para produzir, preparar, enfrascar e armazenar comida para o frio Inverno, de temperaturas muito baixas.


As árvores de fruto à beira da estrada, como as amoreiras, ameixoeiras e as cerejeiras, ninguém lhes toca. Deixam-nas para os ciganos. Pôr-se debaixo de uma árvore a comer fruta associa-se a esta etnia. O simples prazer de comer fruta e partilhar as dádivas da Natureza sem preconceitos são um contraste com a Turquia e a Grécia onde a harmonia com o meio envolvente é mais fluída e espontânea.

Na planície sem fim, foi difícil de encontrar um sítio para almoçar. O calor do primeiro dia de Verão que recebemos de braços abertos. Restou-nos pedalar até Rousse, a cidade antes da fronteira. Fomos à procura de um supermercado e depois da barriga cheia descemos até ao Danúbio.


Um passeio pelo caminho, numa das margens.  O espaço estava bem ocupado. Grupos espalhavam-se pela relva, cimento, debaixo das árvores.
O grupo dos reformados jogava uma cartada numas mesas debaixo as árvores. Mais de quinze e todos de bicicleta.
Um grupo de jovens mais de aspecto hippie, praticavam equilíbrio numa corda esticada entre duas árvores.
Pares de amigos e pessoas sozinhas aproveitavam o sol para dar à sua pele mais um reforço no bronzeado. Outros dormiam a sesta. Queríamos tirar fotos a cada cena, mas estragaríamos o momento com disparos de objectiva.

A passagem da ponte que liga os dois países foi longa.
A ponte sobre o Danúbio, com mais de cinquenta anos, deixa transparecer a falta de dinheiro para serviços básicos de manutenção, que vimos nos poucos dias que passámos na Bulgária. Muito ferrugenta e com a pouca largura de estrada cheia de buracos e crateras.
O leito do rio preenchido com barcos e máquinas a tirar e transportar areia do fundo do Danúbio.


A planície estendeu-se e continuou pela Roménia. Queríamos parar, mas sem relevo no terreno que nos escondesse para o sossego desejado. Numa das poucas estradas secundárias, virámos logo e seguindo o caminho por entre as plantações, lá tirámos as malas entre o milheiral e os girassóis.

A despedida da Primavera foi com pasta e o molho de tomate caseiro que o Hristo nos ofereceu. O cansaço era muito, estávamos todos partidos e um pouco sujinhos, mas a paisagem salvou o fim do dia com um pôr do sol delicioso atrás dos girassóis.

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