Edirne – Dripchevo

Antes de voltar a entrar na União Europeia, atravessámos Edirne, em hora de ponta matinal.

Na fronteira, o passaporte foi-nos pedido pela segunda vez. E pela terceira, quarta, quinta, sexta e sétima vez. Um controlo rigoroso, mas rápido para nós que atravessávamos de bicicleta. A fila de carros, camiões e autocarros ao nosso lado aumentava. Era ver os guardas a vasculhar bagageiras,e abrir tudo e a pôr cá fora.


Trocámos o dinheiro logo a seguir e a moeda valia um pouco mais que na Turquia.

O Ali, por já ter atravessado esta fronteira muitas vezes nos seus fins de semana de bicicleta, já conhecia a estrada e o que nos contou em relação a ela confirmou-se. O espaço ao lado das linhas laterais da via não existia. Existia a linha mas tínhamos que nos manter dentro dela. Trocámos olhares cúmplices de "vê-se que estamos noutro país", mas na verdade se ninguém nos tivesse dito nem tínhamos reparado!

As primeiras aldeias, muitos camiões a passarem por nós e os sinais da estrada escritos numa língua nova. Quase que podia ser grego, porque partilham alguns, poucos caracteres, mas uns novos muitos diferentes vieram tirar dúvidas. Isto não é grego amigos, isto é cirílico! Com as transcrições para o alfabeto fonético por baixo, depressa apanhámos as diferenças e já líamos primeiro para nós o de cima e confirmávamos com o que estava por baixo. Sem batotas!


Os casinos. Outra das coisas que o Ali nos tinha dito. Sim, ainda não estávamos na Bulgária à uma hora e já víamos casinos e propaganda a casinos por todo o lado.
As pessoas na rua, nos carros que passavam pareciam-nos mais distantes. Podia ser a influência das palavras do último anfitrião turco, ou apenas nós a procurar diferenças evidentes e rápidas sem dar tempo ao tempo.
Estávamos na Bulgária, e ainda deslumbrados pelo novo país que acrescentávamos à lista dos pedalados. E não um país qualquer, mas a Bulgária de onde recebemos tantos emigrantes em Portugal!

A paisagem, após algumas horas, começou a mostrar-nos que afinal estávamos mesmo num novo país.  As nogueiras e amoreiras e cerejeiras continuavam à beira da estrada, como na Turquia, de forma mais natural e selvagem. Já não havia gente ao virar da esquina. No lugar mais remoto, não aparecia alguém vindo não se sabe de onde!


A paisagem construída misturava-se num fácil dissimulado com a Natureza. As aldeias e as pessoas mudaram. Além das feições mudarem, as aldeolas e as gentes eram mais rurais. No meio de de uma aldeia já não havia nenhuma referência a turismo, ou sítios que fossem pensados para turistas despejarem os bolsos.

Experimentámos um novo supermercado e os preços agradaram-nos! Muito! Muito mais baratinho que na Turquia turística do oeste.

Com os sacos cheios de água e comida para o jantar, estávamos prontos para procurar acampamento. Experimentámos atrás de um monte de terra à beira da estrada. Já tínhamos as malas desmontadas, tirado os conta-quilómetros, posto as mudanças mais pequenas, e estávamos em modo relaxado quando a passagem de camiões e carros fez-nos sentir muito expostos a quem passava na estrada por trás de nós. Rabugentos e cansados voltámos a pôr tudo nas bicicletas e voltámos à estrada para procurar um novo sítio mais recatado.

Sentimos que estaríamos mais à vontade se escolhêssemos um sítio no meio do nada, porque sendo a densidade populacional menor, já não esperávamos que surgissem pessoas do nada, como coelhos de uma cartola. Por isso, quando surgiu uma estrada secundária seguimo-la.  Subimos, subimos, subimos pela estrada de terra cheia de buracos da água que escorre colina abaixo e fomos montar a tenda no topo. O sol estava a pôr-se e as cores e a luz tornavam a paisagem de verdes colinas e arbustos ainda mais bonita. Apesar da mosquitagem, os humores mudaram e jantámos com uma paisagem inspiradora à nossa volta. E para dizer a verdade depois de tantas picadas, e noitadas a enxutá-las já estamos a habituar-nos e sabemos que se não coçarmos no dia seguinte não temos nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

while in baia mare...Baraj Firiza

Abraçao meus viajantes

R.