Iskender – Edirne

Mais um acordar molengão...

Arrumámos as tralhas sem pressas e fomos a caminho do lugar combinado com o Ali, para nos encontrarmos. Mas antes, parámos numa bomba de gasolina e partilhámos a mangueira com todos os motoristas que por ali paravam para lavar os autocarros. Nós demos uma banhoca às meninas, que já estavam a precisar.

O Ali, apareceu de bicicleta, com espelho retrovisor e tudo! Tempos houve em que também tínhamos um. Estudante de medicina, acabou ontem a sua época de exames e ainda estava em modo de recuperação depois de uma época tramada de estudar sem parar.
Seguimo-lo até casa e voltámos a tirar os alforges. É assim a nossa vida. A vida do mete alforge, tira alforge. Preparámos o banho para as nossas roupas, que também já mereciam, e fomos os três dar uma volta de bicla pela cidade.
O Ali levou-nos pelas traseiras e para longe das vias com mais trânsito. Não fosse ele um ciclista, também habituado a fazer umas viagens de pedal, quando tem tempo.


Depois de um snack, almoço/lanche, fomos estacionar em frente à primeira das três mesquitas principais da cidade. Finalmente! Vamos visitar uma mesquita antes de sair da Turquia. Entusiasmo e emoção!


No pátio interior, uma fonte, alguém que se lava antes de entrar para rezar. Pés, mãos e cabeça em várias partes, braços devem estar imaculados antes de qualquer reza. Sapatos fora e lá entramos nós.
Para nós foi a primeira, e a imensidão do espaço aberto impressionou-nos. Todo o chão com uma gigantesca carpete, aspirada todos os dias. Enormes pilares espalhados e a segurar as abóbadas pintadas com impressionante detalhe e cor. Sem poderem desenhas figuras, inspiram-se em geometria! Do tecto desciam inúmeros fios que seguravam pequenos copos onde as lâmpadas (ou velas) davam a ilusão de estrelas espalhadas pelo céu. Tudo muito bonito.


O Ali avisou-nos que a próxima mesquita, seria ainda maior. A segunda maior da Turquia. E assim foi. O espaço para as orações era ainda mais amplo, os pilares mais imponentes e as pinturas de se retirar a respiração. Uma pérgola, no centro, com uma fonte de água de onde as pessoas podiam beber. Um mostrador electrónico a indicar as horas das próximas rezas. Cinco por dia e sempre a horas diferentes. Consoante a hora a que o sol nasce. Algumas pessoas estavam a rezar, outras a conversar e uma família sentada  a um canto, parlando descontraidamente, como se num jardim estivesse. Todas as mesquitas estavam iluminadas pelas várias janelas e pelas «estrelas» penduradas.


A terceira mesquita, diferenciava-se pelas várias inscrições nas paredes e pilares. No Islão existem 100 formas de escrever a palavras Deus. Estas eram algumas delas.


Com o sol a pôr-se, atravessámos uma ponte e junto ao rio, bebericámos chá. Nós ficámo-nos por um chá. Ali ia pedindo chás para ele como se não houvesse amanhã. A Grécia ficava a 3 ou 4 quilómetros de nós. A Bulgária a um pouco mais. Segundo o Ali, existem ciclistas que fazem viagens de um dia e atravessam os três países.

O Ali tinha que preparar as mochilas para as suas merecidas férias, por isso voltámos e cada um de nós entreteve-se com os seus afazeres, enquanto fazíamos uma pausa aqui e ali para trocar impressões, histórias e ideias.

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