Korubasi – Dalyan

Fizemo-nos à estrada já o sol ia alto.
Pelo meio de colinas com subidas brutais, seguidas de descidas íngremes, atingimos sem esforço o record da velocidade máxima. Numa bifurcação seguimos pela direita. Andámos para trás e para frente até conseguir sair dali e perceber que eram becos sem saída. Duas aldeias no fim de cada estrada e numa umas senhoras tentaram dizer-nos qualquer coisa enquanto empurravam ao de leve a pequena menina. Sem percebermos nada do que diziam, saímos dali com a sensação de que ou queriam que a levássemos ou que a comprássemos!


De volta à estrada certa, passados os cinco quilómetros de andar a espassarinhar pelo caminho errado, fomos acompanhando a carrinha do leite. Parava numa aldeia para recolher as bilha de leite e nós passávamos-lhe à frente. Quando ela arrancava, já nós íamos a meio do percurso para chegar à aldeia seguinte e quando lá chegávamos lá estava ela de novo parada a apitar, para mais uma recolha.


À hora de almoço estávamos por Gülpinar. Descobrimos um “restaurante” e no nosso parco turco pedimos 3 pides para os dois, ao que o senhor fez três para cada um! Não se estragou nada. Ficámos satisfeitos e no fim o cházinho foi oferecido. Quase no final da nossa refeição surgem mais dois senhores. O tempo de espera para observar, e depois um deles “ataca” com perguntas de onde somos e por aí, num inglês bastante bom. Era professor universitário, de férias e com um barco comprado há pouco tempo. Mais um bocadinho e ficávamos na sua casa.

Um sítio com internet e um gelado seguiram-se como sobremesa. O senhor do café quebrou as barreiras com o dono do espaço da internet e meia hora depois falávamos com o filho do último num inglês monossilábico. Engraçado como quando as pessoas falam menos ou menos bem, nós temos tendência para falar como elas. Damos por nós a dar calinadas e pontapés semi-conscientes imaginando que nos vão entender melhor por isso.
Mais um chá por conta da casa, e a conversa prolonga-se até à hora de voltar à estrada. Olhamos para o relógio digital e a temperatura marca trinta e cinco graus Celsius. São quatro da tarde e estamos em inícios de Junho na costa oeste da Turquia.


Mais uma vez, nos desiludimos por seguir placas de fundo castanho. património cultural. Um templo!  Apolo! Paga-se e nós damos meio volta e seguimos caminho jurando para nós mesmos que seria a última vez que fazíamos quilómetros em vão para mais um sítio chupa-dinheiro-ao-turista.

As plantações dos dois lados da estrada enchiam-nos os olhos de dourado. O amarelo torrado de espigas de trigo a balouçar ao vento, algumas já tortas do peso das sementes maduras. Parámos para apanhar uma e certificar-nos, e um senhor de motorizada, a sair de um caminho secundário, pára junto a nós. Conseguimos entender-no e entre o pão e o bulgur (variedade de trigo, com que fazem pão e também usam na cozinha como se fosse arroz) percebemos que era o dono das terras e já nos estava a convidar para ir ver o resto das plantações.

De sacos e garrafas com água para a noite, andávamos nós a olhar para os lados a ver se víamos um bom sítio e vemos na estrada a vir na nossa direcção dois ciclistas com bicicletas carregadas de malas. Os sorriso abrem de imediato e paramos para conversar. Dois amigos turcos de férias por uma semana que querem fazer a costa até Izmir.
Também eles procuravam um camping, para não selvagem. Dizem que os turcos só são simpáticos para estrangeiros. “Falem inglês!” dissemos nós na brincadeira. No segundo dia da sua viagem, cada um segue o seu ritmo.

Dissemos adeus e acampámos poucos quilómetros mais à frente num pinhal a caminho da praia. As meias e a roupa cheia de carrapitos e ervas secas a picarem as pernas ficaram para o dia seguinte.

Sem comentários: