Çavuskoy – Deliktas

O barulho dos carros fazia-se ouvir ao longe. O despertador toca, mas a vontade é de continuar a dormir com as pedras nas costas, no abafado da tenda, com os bicharocos do campo a escalá-la e a tentar entrar. O sol marca a sua presença e ao longe a buzina de um camião. Mais um dia a viajar na artéria rodoviária do oeste Turco.

Desde Marmaris que pedalamos grandes troços nesta estrada e desde Marmaris que esta estrada está em obras. Mais um dia de camiões, trocas de faixa, barulho e alcatrão derretido. No pico do calor, se pomos os pés no chão, sentimos o calçado a ficar colado. A  Ana costuma pedalar à frente. Consigo ver as marcas dos pneus que ela deixa para sempre assinados na E-87 que se derrete.

Mas hoje é dia para a história dos Nomadiclas. Mais de 6000 km depois, eis o nosso segundo furo! Valeu-nos ter sido numa bomba de gasolina quando parávamos para descansar um pouco.
Tiras as malas, vira a bicla, saca das ferramentas e vai de tirar o pneu. Que eles são duros de roer, não temos dúvidas, mas para conseguir tirá-los é uma carga de trabalho! O que mais nos aborrece não é o furo em si, mas o tirar e pôr um Schwable Marathon XR.


O sol continuava a apertar, por isso virámos para uma aldeola em busca de sombra para o almoço. Sorte nossa, dia de bazaar! Mas desta vez já sabemos o que a casa gasta, por isso passeámos com as biclas, primeiro para dar uma vista de olhos nas bancas, nos preços, nas pessoas. Chegados ao fim do mercado, fomos aos sítios estratégicos em busca de frutas e verduras ao kilo. Se calhar exagerámos um pouco nas quantidades. Kilos de morangos, alperces, pimentos, tomates, pepinos e batatas. Passámos a hora do almoço a cozinhar e lavar aquilo tudo e a orientar o jantar.


Ao longe um cais e uma ilha no horizonte. Pedalar o oeste da Turquia, com as ilhas gregas a assomarem-se de vez em quando. Às vezes, não sentimos que pedalamos na Turquia, mas num qualquer país da Europa, embora desta só conheçamos os países Mediterrânicos. No fundo, ainda é como pedalar em casa.

A viagem continuou depois do almoço, mas ao fim da tarde, fugimos da ruidosa E-87 em busca de secundárias e de montes e mato onde passar a noite. Uns cultivos ali, umas oliveiras aqui, o agricultor curioso, o sol a pôr-se e nós a montar a tenda em mais um campo de oliveiras. De novo com as pedras nas costas, o abafado da tenda, os bicharocos do campo a escalá-la e a tentar entrar.

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