Deliktas - Oren

O sol acorda a bicharada!
E a nós dá-nos a sensação de já irmos pela manhã dentro de tanto calor que faz quando acordamos.

Voltámos à nossa estrada em obras e foi num abrir e fechar de olhos que chegámos a mais uma cidade grande com marina. Hora de almoço. Pico do calor. Turistada por todo o lado e por ser fim de semana gaiatos e estudantes passeavam despreocupados.
A sensação de não saber onde ir apodera-se de nós com tanta oferta de comida pronta a levar. Preços nem sempre visíveis, à espera da oportunidade de ganhar mais uns trocos com o turista que não fala turco.
Saltitámos a perguntar preços pelos tavuks döner até encontrar um que nos agradasse. A quantidade/preço do que comemos em Izmir tem sido a nossa referência quando vamos à procura.
A barriga estava meio cheia, e a sonolência veio acompanhar o calor. Pedalámos para sair da confusão e fomos pousar-nos nos bancos em frente ao porto para a Grécia. O gelado a 75 escudos, para rematar o desejo de açúcar antes de passar pelas brasas.


Os gregos foram-se sentando ao nosso lado à espera de embarcar e entretanto nós matávamos saudades da língua. Como se entendêssemos alguma coisa escutávamos como esponjas o que conversavam à espera de uma palavra que soubéssemos, para poder dizer com orgulho “eu percebo grego!”. Ficámo-nos apenas com reconhecer a língua quando a escutamos e já estávamos contentes.

A nossa hora de retomar o selim não é certa mas ronda  as três e meia. e sendo assim, voltámos para debaixo do braseiro sol rumo a casa da nossa anfitriã Oya.
A meio de uma descida em que seguia à frente, a muitos quilómetros por hora (para uma bicicleta, claro!) vejo dois ciclistas em sentido contrário no troço de estrada em obras, a quem acenei. Com este cumprimento pararam. “Devem ser vocês os meus hóspedes!” Sem ter visto a fotografia dela não sabia o que esperar, mas aos poucos lá me foi passando a surpresa e quando o Alexandre chegou, minutos depois, sorriu ao reconhecer a nossa Oya.

Encontraram-nos a 18 quilómetros de casa, ela e o Muammer, a quem chama de Mummy! Pedalaram connosco o restante trajecto a uma velocidade mais de passeio do que nas suas habituais saídas.
Não fossem eles turcos, parámos num “café” à beira da estrada para uma ronda de chá. Mais ayran sodas, chocolates, frutos secos, bolachas. Abrimos os sacos e de cada um foi saindo comida de intervalo.


O caminho para a casa da Oya foi feito por estradas secundárias que, se eles não tivessem vindo buscar-nos, nunca conheceríamos. Muitos mais calmas e bonitas!
Descemos até ao nível do mar de novo. Com muita gente a passear, com gelados na mão, pelos passeios feitos de propósitos ao longo da linha do mar.

Ao chegar a casa da Oya, bebemos mais um chá e despedimo-nos do Mummy, que faria mais dez quilómetros para casa. Ao final do dia teria menos dez quilómetros que nós no conta quilómetros. Com idade para ser nosso pai, já estava reformado do exército e desfrutava, agora a tempo inteiro, da sua bicicleta.
A Oya, fez comida para um exército a seguir. E se há vezes em que a qualidade e quantidade não são compatíveis, este não foi o caso, sem dúvida. Umas papas turcas caseiras depois de conhecer apenas o lado fast food fizeram-nos render a estes novos paladares.
A noite já ía alta e tendo um domingo pela frente e alguns quilómetros no corpinho fomos todos ressonar um bocadinho.

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