Guzelbahçe

O despertar a tempo da despedida do filho da Asli e um pequeno almoço turco. Com ovos cozidos, fruta cristalizada em calda, pão, azeitonas, tomates, pepinos e chá.


O nosso dia sem planos, foi passando entre as paredes desta mansão grande demais para dois. Os rabos assados da mistura do selim e do calor inibiam o desejo de pedalar pelas redondezas.
Corpos estendidos pelos tapetes turcos a divertir-nos com os comentários dos amigos. Sabem bem como um bolinho com chá em dia de frio.

O almoço foi uma mistura de receitas e de chefs. Muito descontraído.

Lá mais pela tarde saímos para uma passeata, cheios de ingenuidade em relação ao bafo de calor que fazia.
Espassarinhámos pela marginal a ver vendedores, cada um com seus produtos, a dormitar em sofás e cadeiras. Um homem parou para nos perguntar direcções. Desculpa amigo, a nossa mão cheia de palavras turcas não chega...
As bandeirolas coloridas esticadas entre postes a propagandear diferentes partidos e líderes.
Inventámos metas para  andar. Até às x horas, até aquela paragem. No fundo queríamos era estar sossegados e protegidos do calor. Não vimos nenhum sítio para chá e uma jogatana de gamão, e prosseguimos em frente com o gelado na mente.


À berma da estrada a lembrança da melancia aberta que víramos no dia anterior, alterou os planos. 5 kilos de melancia no saco e a mesma subida do dia antes. Parámos à sombra, ao lado de um canito de brinco azul de plástico na orelha, a comer metade e seguimos caminho de pança cheia. Era sumarenta, mas pouca doce. Talvez fresquinha soubesse melhor.

Parados na entrada a falar com o guarda a dizer que estávamos com a Asli. Os nossos nomes, telefone, telemóvel, ok podem passar. Pelas ruas de mosaicos de cimento colorido, parques infantis e casas todas iguais. Tirando o parque e a moto extra large de pintura de guerra eram poucos os pontos de referência. Fomos dar às traseiras da casa que reconhecemos por causa das nossas meninas estacionadas.

Petiscamos fruta. A espécie de ameixas pequenas e verdes a que chama erik, e a delícia de bebida que a Asli fez para nós. Trouxe das suas viagens pela parte este do país e por acaso reencontrou a bebida da sua infância. Partilhou-a connosco e ficámos fãs. Chamam-lhe café, mas só porque o resultado se parece com café.

O jantar foi por nossa conta. Porque a nossa fama na cozinha está espalhada pelo Couchsurfing. E se alguns não sabem nada, outros lêem tudo o que nos diz respeito e querem comprovar o que se diz..

O fim de noite à conversa no jardim, com chá e uma brisa a soprar. O camião do fumo para mosquitos passa e deixa nevoeiro atrás dele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com tanta fama de cozinheiros, já se pensava em fazer um livro de receitas sobre rodas....Receiticlas!

Beijinhos,

R.