Palavas-les-Flots - Générac

Assim que acordámos, abrimos logo as janelas e deixámos a cheiro a mar entrar.
Pequeno-almoço despreocupado e nas calmas. Sylvie sugere pedalar connosco durante a manhã e mostrar-nos os atalhos e peculiaridades da sua terra. Muito bom! Pela primeira vez alguém que quer vir pedalar connosco e vêm mesmo!
Rapidamente, nos despachamos, montámos as burriquitas e nos fizemos à estrada. Sylvie encaminha-nos logo para o passeio turístico e junto ao mar e marinas da cidade e arredores.  Há cavalos brancos com longas crinas, touros e flamingos a completarem a paisagem, um pouco por todo o lado. De forma alguma teríamos encontrado este caminho, se não fosse ela. Sempre na converseta, eis que chegamos a um local em construção. Entre os três temos que carregar as biclas escadas acima e escadas abaixo, numa via de acesso provisória sobre o canal. Pelo caminho paramos numa pequena igreja com vitrais e decorações alusivas ao mar e aos homens ligados a ele.
Seguindo viagem, chegamos ao máximo que a Sylvie alguma vez pedalou. Mas o convívio estava tão animado e o vento nem por isso tão forte, e não fosse ela determinada em pedalar mais um pouco conosco, eis que começámos a perguntar por ecovias para a próxima vilazita junto às salinas.
Sempre junto ao mar, tanto quanto possível, lá tivemos que entrar por estradas que mais pareciam auto-estradas. Algures pelo caminho, dois ciclistas em sentido contrário e carregados com peculiares malas de viagem. Parámos todos e iniciámos uma converseta com os dois colegas ciclistas. Casal dos países do leste, palradores de Esperanto e casados à pouco tempo, vão viajando em direcção a sul e fugindo ao Inverno em duas biclas de viagem desenrascadas e mochilas a fazer a vez dos alforges. Ainda assim, já pedalaram e acamparam em condições muito piores que as nossas. Não sei do que nos queixamos às vezes.
Após 1001 perguntas de curiosidade entre nós e as despedidas feitas, pedalámos mais um pouco contra o crescente vento até chegar a uma vila que por ser Inverno estava às moscas, mas no Verão mais parece uma lata de sardinhas humana, disse-nos a Sylvie.
Procurámos um sítio que nos vendesse umas sandocas para matar-bicho e com algum pesar tivemos que dizer adeus à Sylvie, com três beijos na cara como é tipíco da região. Foi muito bom ter mais uma companheira de viagem, ainda que durante pouco tempo. Obrigado Sylvie.
De volta à estrada, em modo pedalar para queimar quilómetros, e contra um vento de frente cada vez mais forte.
Cansados do vento e estoirados, chegámos a Générac e a casa dos nossos anfitriões para esta noite. A nossa primeira família francesa, com filhos para compor, Eric e Pascale experimentaram também como é receber pela primeira vez dois surfistas do sofá. Não queriam que nos faltasse nada, mas nós mais não precisamos do que uma caneca de chá que nos aqueça.
Família de viajantes, em parte devido ao trabalho do Eric, partilhámos muitas histórias, dicas e opiniões sobre possíveis trajectos e logística de viagem, enquanto víamos um vídeo feito por eles e tomávamos um aperitivo antes do manjar. Eles preparam-se para o dia em que iram dar a volta ao mundo na sua moto BMW que estava na garagem. Talvez nos voltemos a encontrar por aí...
Com prenúncio de rajadas titânicas para o próximo dia, avisámos o Couchsurfer do dia seguinte que talvez não conseguissemos lá chegar.
Tentámos descansar o mais possível para o dia de vento que nos esperava...

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Finalmente um colega motociclista! E escreveram "mOto" e não "motA"! Estão uns verdadeiros "connoseurs"!!