Eyguieres

Era uma vez um americano. Um jovem americano, que por acaso também era hacker E já agora, também tinha um bilhete de avião para a Islândia. Só que, quando procurou por hotéis para ficar, era tudo demasiado caro para o seu humilde porta-moedas. As suas habilidades de hacker vieram ao de cima, e acedeu à base de dados de uma universidade. Enviou então, o mesmo e-mail a todos os estudantes. Explicou que era americano, com bilhete para o país, mas sem dinheiro para um hotel. Quem estaria disposto a recebê-lo durante a sua estadia? Pensou que ninguém lhe responderia, mas surpresa das surpresas, recebeu 10 respostas de alunos dispostos a recebê-lo!
E assim nasceu o Couchsurfing.
Com a ajuda do Romain, completámos a história que já tínhamos ouvido da boca do Fréderic. A sua história com o Couchsurfing, evoluiu também, quando a visitar a Noruega, deu por si sentado a almoçar e a conversar animadamente com mais dois italianos, a namorada francesa e dois noruegueses. Isto é o Couchsurfing, pensou. Mais que permitir ficar num sítio sem gastar dinheiro, é conhecer outras culturas e pessoas. Desde aí o Couchsurfing assumiu um estatuto tal nas suas vidas, que se transborda em tudo o que fazem na vida.
A Sylvaine saiu cedo para trabalhar. Entre o pequeno-almoço e o almoço nada de especial. Cozinhámos as famosas batatas esmigalhadas, e até agora não há quem lhes resista.
Depois do almoço sim, fomos passear. Comprar o famoso azeite da região, conhecido em toda a França. Visitar Les Baux-de-Provence , olhar do topo da colina para todas as direcções e ter uma vista fantástica de dois parques naturais, enquanto o vento frio, nos congelava a cara. Mais um dia a snifar a ranhoca... Com a sensação especial de saber que este sítio não vem nos guias turísticos.
Tivemos tempo para um copo num bar, perto do trabalho da Sylvaine. E o Romain apreciador de cerveja e de pubs, explicou-nos, com um orgulho de quem sabe porque já experimentou, as diferenças entre um pub e um bar, e um verdadeiro pub irlandês e as tentativas frustradas dos demais pubs espalhados por tantos outros países. Se é um pub, tens de ir ao balcão. A música é tradicional da Irlanda, que pode ser ao vivo ou alguém que passa. A decoração é toda em madeira. A televisão existe, e só está ligada quando há grandes jogos! A comida é simples, nada de elaboradices, não deixando por isso, de ser apetitosa. O ambiente é descontraído, o que faz com que, quando entre alguém, mesmo que seja uma boazuda de mini-saia, não haja os típicos olhares que miram de cima a baixo e a cara de quem pensa: mas quem é este(a) tipo(a)?
Quando a Sylvaine saiu, fomos todos ao Géant Casino às compras de comida. Um dos mais populares e que mais vemos aqui em França.
E quero aproveitar, já falamos neste assunto dos supermercados, para dizer que aqui em França, existem muitos dos que temos em Portugal. Passo a enumerar: E'Leclerc, Lidl, Intermarché, Aldi, Dia (aqui chama-se Ed), Carrefour. Nós usamos muito o Lidl e o Casino. Há muitos Petits Casinos no centro de quase todas as terras. O mais caro deles todos é o Intermarché, e como se não bastasse, diz que se encontram produtos fora da data de validade à venda nas prateleiras. Foi o que o Romain disse. Dois anos depois de expirar a data de validade, o molho típico da região ainda estava na prateleira.
Fizeram um jantar à grande e a francesa. Verdadeiramente rico em calorias para quem pedala por aí, como nós. Pareceu-nos uma versão alemã do cozido à Portuguesa. Ou será o nosso uma versão do deles. Não sei. Só sei que estava bom de lamber os beiços. Muita carninha de porco, salsichas de não sei de quantas variedades, lombo, e mais por aí. Chama-se choucroud, e é típico de Alsace. Temos fotos. Mesmo com as calças a rebentar pelas costuras, ninguém disse que não a uns crepes portugueses com banana e chocolate. Para acompanhar tivemos direito ao vinho que comprámos em Les Baux-de-Provence. Com uma dezena de especiarias todas à mistura. É claro que quando acabámos estava tudo mais para lá do que para cá. Terminámos de comer eram umas 23h, a Sylvaine trabalhava no dia seguinte e nós pedalávamos. Nem sequer fizemos a nossa omelete para o dia seguinte.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Parece que, mesmo em Portugal, essa cadeia de supermercados mantém a tradição de tentar comercializar produtos fora de prazo...