Nizas - Palavas-les-Flots

Recompostos e repousados, estávamos prontos para mais um dia de pedaleio. Céu azul, sem nuvens e com um pouco de calor, o dia prometia.
Bárbara também já estava pronta para mais um dia de azeitonas. Ainda assim, não fosse a nossa anfitriã uma artista e fotógrafa, houve tempo para uma sessão envergonhada de fotografia. Enquanto preparávamos as nossas biclas e compúnhamos os alforges, a máquina da Bárbara não parou de disparar.


Despedidas feitas, começámos mais um dia de pedal em direcção ao mar. Água no horizonte desde que saímos do frio Atlântico.
O dia estava tão bom que pela primeira vez desde algum tempo, tirámos os casacos e sentimos suor e calor nas subidas e descidas dos montes.
Uma vez ultrapassadas as paisagens campestres e a última colina, eis que o Mediterrâneo se apresentou em toda a sua glória. Curiosamente, a imagem fazia lembrar as paisagens cheias de salinas de Tavira.
Quando começámos a entrar nas vilas e cidades, que de certeza se tornam megapopulosas no Verão, a construção era tipicamente turística e repleta de aldeamentos com ruas e ruelas que nunca mais acabavam. Orientavámo-nos  apenas por instinto em direcção ao mar. Ao chegar a um castelo algures perdido no meio das salinas, tentámos fazer corta-mato depois de perguntar aos nativos o melhor caminho para Palavas-les-Flots. Mas depois de alguns minutos e de tremelicos em terra batida, o caminho estava cheio de lama e quase intransitável. Um pescador, que se encontrava por perto, avisou-nos do mau estado do caminho e sugeriu outro em redor do castelo.
Com o sol já a desaparecer, demos meia volta, e no castelo, encontrámos a via pedonal que terminava na praia. Agora para chegar a Palavas, apenas teríamos que empurrar as burriquitas de carga pela praia, até à estrada.
Um casal e o seu cão fizeram-nos companhia neste troço de empurrão. Ainda houve tempo para umas fotos a um desporto que não fazíamos ideia ser possível nas águas plácidas do Mediterrâneo. Surf!
Já em Palavas, encontrámos a casa da nossa anfitriã professora de educação física, Sylvie e esperámos que ela chegasse a casa.
Houve logo empatia com esta professora simpática que parecia nunca parar e conter energia infinita. Ela e o marido, compraram e renovaram  esta casa, quando Palavas apenas era uma pequena vilazita junto à cidade de Montpellier. Durante mais de vinte anos, renovaram, pintaram e remodelaram, enquanto criavam dois filhos e ensinavam desportos náuticos aos jovens locais e criavam associações e clubes em prol da terra onde viviam. Com os filhotes já fora de casa, Sylvie ainda consegue encontrar tempo para viajar e conhecer o mundo sempre que pode e quando não pode, usa o CouchSurfing para que o mundo vá ter com ela.
Com uns tacos mexicanos, sopa (feita de propósito para acalmar o estômago Alexandrino) e fruta na barriga, o sono dos justos e o calor desta casa de família atirou-nos para os nossos aposentos. Com o Mediterrâneo a poucos metros e uma janela para o ver. Uns dormiam ao som das ondas enquanto outros aproveitam para actualizar a vida digital dos Nomadiclas.
Era quase como estar em casa e amanhã o sol decidirá a hora de acordar...

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