Villalba de Duero - Dueñas

TRIIIIIMMMM!!!!!!!!!!! Toca o despertador um pouco mais tarde que o habitual. A razão?! O frio. Pura e simplesmente, o frio. A manhã de ontem chegou!


A  manhã fez-se. Devagar e preguiçosa! Poucos quilómetros com um pequeno pequeno-almoço tardio. Começámos tarde a nossa rotina de campismo (à) selvagem, com casacos, luvas (muito fraquitas) e a cabeça a começar a estar mais protegida. O sol a aquecer partilhava vezes com a brisa fresquinha, a competir quem é que conseguia vestir ou despir mais peças de roupa aos Nomadiclas.

 Pela hora do calor, era para aí uma, parámos à sombra de uma árvore, junto à fonte e de frente para o bar. Uns tipos bebiam e conversavam e um ou dois veio beber à fonte e dizer-nos: Hola!
Como achámos que ali era muito movimentado, procurámos a outra fonte (que o mapa mesmo em frente indicava) e seguimos. Já não tivemos vontade de voltar para trás e assim ficámos nos bancos entre a outra fonte e a junta de freguesia que estava cerrada, mas com mais dezenas de gente que saíam da igreja. Uma praça cheia de vida. Um bar mais acima, e mesmo depois da igreja fechar as portas, continuava a haver gente, que ía do bar para casa, e vice versa.


Alguns olhavam, ou espreitavam pelo canto do olho, muitos buen provecho, que os espanhóis lá nisto são muito simpáticos e dizem sempre a toda a gente. Gracias e continuávamos a fazer a nossa pasta com legumes. Mais um hombre que passa e que vem direito a nós: "puedo regalar-vos con essos dulces?" Oh meu amigo, estás à vontade. E se ele oferecia era porque queria, e nós também queríamos, dissemos sim, sem mais demoras e cerimónias. Não há cá, as trapalhices de:"oh... não era preciso!" ou "não podemos aceitar".
Assim comemos uma pratada de massa, lavámos a loiça e a dentuça e fizemo-nos à estrada. À subida que tínhamos visto quando nos aproximámos da cidade, mas que esquecemos deleitados nos belos prazeres de uma paragem para manjar. Isso e porque as casas eram altas!

Voltámos ao solinho e a subir. Levámos logo com um planalto, para abrir a pestana e a memória. Há um ano atrás e cinco dias estávamos a fazer planaltos destes em Castilla e Léon, também.  Uma estrada plantada no meio do campo e não se vê mais nada, a não ser terra e uma árvore ou outra para o xixi!

Chegámos à vila onde teríamos de decidir. Tínhamos duas estradas possíveis e boas até Dueñas. Ainda que tivesse o sombreado verde de estrada natural, ganhou a mais curta, que seguia lado a lado com o rio. O que já adiantava muito em relação a relevo no terreno. Faltavam poucos quilómetros para Dueñas, uns quarenta e pouco.
Deslizámos, escorregámos, saboreámos. A estrada era fácil, desértica (factor domingo a ter em conta) e com uma paisagem...ui, ui! Se pedíssemos algo mais era gula, luxúria, pecado! Estava tudo seco, os campos lavrados, os montes de pedras, as colinas, as árvores e as cores, um tractor e o pó. Um perfeito final de tarde. Os dois de headphones nos ouvidos a cantarolar e a assobiar. Não havia mais nada, não precisávamos de mais nada para ser felizes.


Em Cevico della Torre parámos para comer uma fruta. A fonte estava mesmo ali. Apercebemo-nos da sua beleza à medida que nos embrenhávamos mais. As casitas coladas e pitorescas. A torre do castelo por detrás a compor o cenário para a foto postal. Andava por ali muita gente na rua. Um miúdo de bicicleta, um trio de reformados a conversar e a meter conversa com toda a gente, nós incluídos, famílias, e os avós do lar a sair acompanhados para um passeio com o sol do fim da tarde.

Dali seguimos direitos para Dueñas. Treze quilómetros e um sorriso! Estamos quase lá! Não sei se por causa da música, se por causa dos mosquitos que me entravam para o olho, comecei a chorar...Foi como se estivesse a voltar a casa! Episódios, pessoas e momentos da nossa viagem vieram-me em flashes à memória e não consegui contar a emoção, o reconhecimento, a bondade de tanta gente...e o estar quase a acabar...


Entrámos em Dueñas e quando paramos em frente à porta da Academia Arquimedes, o Albierto abre a porta!! "Hombre!!!" disse ele. Entrámos no pátio deixámos as bicicletas e fomos para casa. Tomámos café com as rosquillas que a Maria aprendeu a fazer de propósito para os couchsufers e falámos, falámos... Jantámos, bebemos e talvez pela nossa cara a acusar a necessidade de ir para a caminha mais cedo, trouxeram-nos de novo à "nossa casa", como brincavam. "Dejamo-la a vuestra espera".

Antes de ir dormir, os deveres. Fizemos a nossa lista de tarefas, escrevemos e já passa muito depois da meia noite quando nos enfiamos debaixo do endredon, entre os lençóis a cheirar a lavado.


...há um ano atrás: Redecilla del Camino - Logroño

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