Estella – Pamplona

Um dia cheio.
Acordámos com desconhecidos ao nosso redor e enfrentámos o frio da manhã ao sair do albergue e de Estella.
Subimos e descemos as habituais colinas do norte de Espanha e o normal frio do Outono. Para chegar a Pamplona, El Pérdon impunha-se com a sua inclinadíssima estrada. Lá em cima, a vista de Pamplona e dos Pirenéus atrás. Mais do mesmo ao chegar a uma grande cidade. É sempre uma carga de trabalhos para atravessar os subúrbios e evitar as vias rápidas.
Uma vez lá dentro, o cansaço e o frio finalmente venceram. Para os combater, nada melhor do que um banco de jardim ao sol e um almoço com todos os restos de pão, queijo, presunto, bolachas, pipas e fruta.
Nós sabíamos a morada da nossa anfitriã, mas não foi necessário perguntar por indicações ou procurar mapas. O nosso querido amigo, El Camino, guiou-nos até à porta da Maite. E logo ao lado, como resposta às nossas preces, uma oficina de bicicletas, com todo o aspecto de ser das boas. E era basca! Nada como uma revisão nas biclas antes de atacar os Pirenéus.
Infelizmente, os simpáticos mecânicos, não foram bem sucedidos em transmitir segurança no que faziam às nossas meninas e o que começou como uma simples revisão e averiguação de inocentes e tímidos ruídos nas bicis, tornou-se num filme de terror e angústia, quando começaram a estropiar as correntes e a (des)regular mudanças! Saímos de lá com o coração nas mãos, com os mesmo barulhos e mais alguns novos e com a sensação de que já devia ser altura de aprendermos nós a cuidar das nossas meninas.
Mas nem tudo foi mau. Alinharam as rodas, trocaram e afinaram os travões e guardaram as biclas durante a noite, evitando assim uma subida até ao terceiro andar da Maite. Como bónus, o destino quis que os Plesant Revolution chegassem à oficina ao mesmo tempo que nós. Ficámos a conhecer esta curiosa e simpática matilha de músicos que iniciaram a sua trip, em São Francisco e depois de atravessar os E.U.A., viajaram para a Europa, para continuar com a sua errática e improvisada digressão musical de bicicleta. Toda a sua vida, assim como a sua arte, é transportada nas pesadas e bonitas biclas.
Depois das emoções fortes na oficina, nada melhor que uma calma e tranquila conversa pela noite dentro com a nossa anfitriã, acompanhada com um vinho tinto e um jantar improvisado. Amanhã é dia de folga. Dia para descansar as pernas e os rabos e para lavar e secar roupa. O nosso primeiro dia fora das biclas desde Salamanca.

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