Burgos - Redecilla del Camino

O Alfredo deixou-nos estar à vontade para sairmos quando quiséssemos, enquanto ele se despedia, de caminho para o seu trabalho. Assim o fizemos. Não havia muita vontade de pedalar no frio matinal, depois do dia anterior, por isso demorámo-nos com umas, muitas, torradas e café com leite, a ouvir a rádio espanhola e com vista para esta cidade histórica.
Já de saída da cidade, tomámos conhecimento que nos próximos dois dias, iríamos percorrer um património da Humanidade. A estrada nacional 120! Sim, porque é nesta altura da nossa viagem que o nosso caminho e o Caminho de Santiago se cruzam e entrelaçam. Não foi preciso esperar muito para começar a ver e cumprimentar os caminheiros e ciclistas que vinham em sentido contrário com a tradicional expressão: "Buen camino!".
A estrada em si, não era de facto o caminho. Este corria ao lado da nacional, que embora estivesse em muito bom estado e com uma boa faixa para os ciclistas, estava povoada com imensos camiões que nos atiravam para a berma.
Fomos lentos mas seguros pelo caminho, mas em sentido contrário. Sempre que o trilho se tornava penoso ou a nacional acalmava, íamos para o asfalto.
Foi um bom dia. Tomámos café no quentinho de quatro paredes a ouvir rádio. Percorremos o Caminho de Santiago. Mesmo com vento contra, fizemos muitos quilómetros e conseguimos subir a serra aos 1150 metros. Já na descida e ao fim da tarde, encontrámos uma aldeola com albergue para caminheiros. Apenas cá estão duas raparigas húngaras, com as suas bolhas nos pés, e um francês com quem travámos conversa corriqueira de viajante para viajante.
Conseguimos voltar a fugir ao frio. Cozinhámos numa cozinha e comemos numa mesa com a companhia do gato do albergue.
Na nossa última noite em Castilla e Leon, deitados em beliches, podemos voltar a sonhar com um quente pequeno-almoço...

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