El Payo – Las Cantinas

Dormimos descansados ao som do vento gelado que corria lá fora. Pelo menos não teve acompanhamento de chuva.
A nossa primeira manhã de campismo selvagem em Espanha, fez-se com movimentos céleres para tentar fazer circular o quente sangue para os mãos e pés frios.
Sem grande vontade de fazer pequenos almoços no meio de todo aquele frio e desconforto, lá nos pusemos a pedalar até Fuenteguinaldo. Depois de subidas e descidas gélidas, lá chegámos à localidade que um dos nativos lhe chamou: "...el culo del mundo!" Ainda assim, não nos pareceu tão mau. Entrámos na vila, com o cheiro a pão e bolos acabados de fazer e depressa encontrámos uma pequena praça junto à igreja, onde alguns feirantes tentavam a sua sorte. Comemos um bolo de azeite e anis e aquecemos as mãos e as gargantas com um chá de camomila (manzanilla!), num bar ou café. Aqui os cafés ou têm nome de bar ou nome de pastelaria. Mas a maior parte é tudo bar "qualquer coisa". Lá dentro não diferem assim tanto uns dos outros. Muita gente ao balcão, muita gente a fumar e a pedir cigarrilhas aos empregados (como quem pede um café), muitas cañas logo de manhã, muita sujidade no chão que parece ser o caixote de lixo de estabelecimento. Mas tudo isto com muitas conversas animadas e sorrisos.
De volta à estrada, sempre com a ameaça de chuva à direita da estrada e a esperança de bom tempo à esquerda, tentámos fugir do mau tempo que nos perseguia, rumando para Nordeste, onde as previsões pelo menos não eram de chuva.
Em Ciudad Rodrigo, uma cidade de aspecto medieval, mas restaurada e integrada no dia à dia dos espanhóis, procurámos um cantinho onde fazer o almoço.
Enquanto o fazíamos, algo de muito estranho aconteceu. Com uma rapidez impressionante, todas as lojas fecharam, todos os cadeados foram postos nas portas e toda a gente desapareceu das ruas como de um número de ilusionismo se tratasse. A famosa siesta. Tão rápida que em poucos minutos fomos transportados para uma cidade fantasma.
Como as estradas eram boas, ainda fizemos uns bons quilómetros, antes de encontrar um pequeno parque de campismo, perdido entre a estrada nacional deserta para Salamanca e a auto-estrada cheia de camiões para o mesmo destino.
Adormecemos ao som do portátil a fazer uploads de fotos e textos, e ao som dos monstros da estrada.

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