Messolonghi - Astakos

As despedidas tinham ficado para a noite anterior. Pela primeira vez dissemos adeus a um anfitrião e nós é que ficámos em casa para fechar a porta e passar a noite.

Malas montadas, bicicletas prontas e lá vai a chave para debaixo da porta.

Não sei se alguma vez fizemos isto na nossa viagem, mas acho que não. Pela primeira vez, estávamos a voltar para trás! Não pela mesma estrada, mas para Norte em vez de Sul. E porquê?
O gorro que ficou perdido nas montanhas de Zitsa foi encontrado dias depois por Kostas na traseira do carro. Enquanto nós pedalávamos sem o gorro para sul, durante o fim-de-semana  o Kostas e a Anna recebiam em sua casa uns amigos que conheceram à anos através do Couchsurfing. Por acaso esses mesmo amigos não nos podiam receber nas datas que prevíamos passar na sua terra, visto estarem com o Kostas. Combinou-se a coisa por sms's e email's. Atrasámos os nossos planos efémeros mais um dia, pois os amigos do Kostas traziam o gorro de volta para o sul, no seu regresso a casa, e nós sempre acabávamos por "surfar" no sofá deles. Fácil! Por sinal, este nosso anfitrião de Astakos também se chama Kostas. vive com a sua mulher Chryssi e o seu rebento de seis meses.


Astakos, vila piscatória em tempos, esconde-se por entre montanhas, enseadas e ilhas na costa ocidental da Grécia. Desde Messolonghi a estrada era pacata, rodeada de plantações e matagal deixado à natureza.

Como a distância não era assim tanta, fizemos um pequeno desvio e fomos visitar Manus ao local de trabalho, num vilarejo de que já não nos lembramos o nome.
Para entrar no banco, um elaborado e minúsculo sistema anti-ladrão, com uma cabine que deixa entrar apenas um de cada vez e faz um exame anti-metais. O banco já foi roubado três vezes, daí o porquê do mecanismo.
Trocámos mais uns adeuses e abraços a este natural de Creta, montámos a bucha do almoço e seguimos caminho.


O Manus avisou-nos para termos cuidado na estrada com os porcos e as vacas. E assim foi. Pelo caminho lá aconteceram umas rasantes aos animais!

Ao chegar a Astakos, comunicamos a nossa presença por sms à Chryssi e recebemos as direcções logo a seguir. Ainda nem 50 metros pedalados e uma lambreta com um barbudo sorridente mete-se ao nosso lado, a dizer que a Ana parece uma grega a comer pão enquanto pedala, ao mesmo tempo que guiava e cumprimentava quem passava. É assim o Kostas de Astakos! Conhece toda a gente da terrra, mas trabalha debaixo de água. É mergulhador profissional e o seu dia a dia é com os viveiros de atum, que a companhia traz da Líbia para os fazer crescer na Grécia e exportar para o Japão! É assim a globalização...
Chryssi, psicóloga de profissão há já dez anos, dá conta dos adolescentes e dos problemas familiares desta pequena vila, assim como dos prisioneiros jet set's da prisão de Patras e ainda tem tempo para ser mãe a tempo inteiro.
Kostas e Chryssi tentam viver da terra tanto quanto possível, plantando a pouca terra que o senhorio lhes dá e com uns animais emprestados e partilhados por amigos.

Um serão em conversa, com os vinhos, os legumes da terra, um peixinho no forno, os queijos, a música e com o respirar suave do bebé de seis meses.
Pela primeira vez nas nossas vidas temos o prazer de conhecer... Hércules!

2 comentários:

Anónimo disse...

grande foto das ilhotas!!

Grécia...duas palavras..queijo feta!!!!

Abraçao,

R.

Anónimo disse...

Boa Páscoa meus amigos, guardo-vos uns caracois precoces e um folar!

R.