Zitsa - Vasaiika

Quatro e meia e o despertador toca. O Alexandre e o Kostas, cada um em sua casa, preparam-se para amanhecer no meio da farinha.

Às cinco da manhã começam pela cave a preparar as misturas de farinha, depois a ligar as amassadeiras e a aquecer os fornos. Quando a Anna, a mãe Vassiliki e a Ana chegam cada uma à sua hora já os homens têm quase tudo orientado. Mesmo assim há sempre trabalho a fazer. Enrolar os pães nas sementes de sésamo, pincelar os pãezinhos com ovo, ralar o queijo, encher os pães com queijos, dispô-los nos tabuleiros, atender os clientes que já sabem os horários das fornadas, e se sentam à espera não importa o tempo. O padaria da aldeia nunca pára.

Mesmo quando estão nas suas supostas horas de folga, ou dias de folga, todos os clientes sabem onde moram e não é isso que os impede de tocar à campainha da casa, ou bater à porta da padaria do Kostas a quererem comprar pão.
Por volta das nove a boleia do Kosta e da Anna para a Albânia apressa-os a sair sem tomarem o pequeno-almoço. Nós ficamos sozinhos com a mãe grega, que às vezes nos surpreende com umas palavras em inglês.


Comemos o nosso pequeno almoço, enchemos dois sacos de pão, biscoitos e folhados de queijo e procurámos pelo gorro do Alexandre por todo o lado. Arrumámos tudo e voltámos a desarrumar. Voltámos a casa, subimos as escadas, voltámos a descer, fomos até ao topo da montanha à procura do carro onde estivemos no dia anterior e nada de gorro.
Partimos cabisbaixos sem o gorro especial.

Percorremos a estrada que já conhecíamos em sentido contrário em direcção a Ioannina.

Embalados ao sabor da brisa primaveril, avistámos ao longe duas pessoas na berma da estrada. À medida que nos aproximámos conseguimos distinguir as mochilas, os contornos de guitarras e os perfis. Ainda longe começamos a sorrir, a esticar os braços e atirar olás uns aos outros. Eram a Sílvia e Emílio em plena acção. Um terceiro encontro fortuito pela Grécia. Se nos voltarmos a encontrar, que todos cremos que sim, há-de ser assim, novamente.
De polegar esticado lá estavam a pedir boleia a quem passava. Parámos para dizer olá, a boleia nas nossas bicicletas fica para uma outra vez com menos malas. Prometeram apitar-nos quando voltassem a passar por nós já de boleia apanhada e cumpriram.

Pouco depois, os nossos conta quilómetros diziam que estávamos algures onde queríamos ficar para o dia de pedaleio. Com os cantis cheios de água, andámos por ali à volta da estação de gasolina a averiguar por um bom local para passar a noite. Descobrimos um sítio escondido junto a um galinheiro abandonado e montámos a nossa casa.

Ainda era cedo, por isso tivemos muito tempo de luz para calmamente preparar o nosso jantar e organizarmo-nos em outras tarefas antes de ir dormir.

O sono veio cedo, depois da noitada do dia anterior, e da alvorada prematura.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ai esses paezinhos.......

Quero saber se o queijo feta grego é diferente do queijo feta que comemos por cá!

Beijinhos,

R.

Nuno Vieira disse...

Eu e a Silvia somos responsáveis por 50% das exportações gregas, com a quantidade de feta Dodoni que adquirimos no Pingo Doce...