Arta - Rivio

Despedimo-nos da primeira família grega a acolher-nos, em casa e no café do pai.
Arta voltou à sua rotina habitual de sábado. Dia de compras/mercado com clientes a entrar e a sair da lojas, carregando sacos, saquetas de papel. Nós também, rua acima rua abaixo  à procura da comida para  fim de semana. Perdemo-nos nas compras e acabámos por sair de Arta, muito mais tarde do que o planeado.

A estrada que seguimos ficava junto ao golfo e volta e meia avistávamos água. Sabíamos que pelo caminho que queríamos seguir encontraríamos dois lagos e planeávamos acampar junto do primeiro.
A estrada serpenteava pelo monte acima e começámos a avistar o golfo do nosso lado direito. Pequenas praias, viveiros e muita montanha à nossa esquerda. Foi o nosso dia de pedaleio.


Uma terreola marcava o fim do golfo e da estrada que o seguia. Aproveitámos para meter a carta no correio.


Subimos, voltámos a descer e eis que os lagos se avistam e os vendedores de laranjas dão lugar aos vendedores de morangos.

Cheios de campos verdes e mémés a pastar nas suas margens. Como ainda era cedo, pedalámos mais um pouco.

Virámos à esquerda, em direcção ao lago e à procura de um poiso recatado nas suas margens. O caminho ia dar a um curral de ovelhas, que por enquanto estavam todas debaixo de tecto.
Seguimos caminho e encontrámos um lugarejo, abrigado do vento e escondido do mundo, apenas com o lago e as montanhas como vista para o final do dia.
Entre as arrumações do nosso campismo, reparamos que um dos óculos tinham menos uma lente. Busca rápida entre as ervas ao redor, revelaram a lente. Mas não havia nada a fazer. A armação estava partida

Nisto, começamos a ouvir vozes e sinos. As vozes param, mas o tilintar aproxima-se. Lá vinham as ovelhas na nossa direcção, para a sua ronda de pastagem. Por enquanto não nos viam, mas assim que passassem a cerca de arbustos que escolhemos como esconderijo a história seria outra.
Bem dito, bem feito. A primeira ovelha que nos avistou, para surpreendida e com cara de caso a olhar para nós! "Que estranhos são estes nas minhas pastagens?", exprimia a ovelha nas suas feições!
Aos poucos todas as ovelhas foram parando, o que provocou um engarrafamento nas que vinham atrás, assim como uns gritos do pastor ao longe, para continuarem caminho!
Como os seus animais não se mexiam, lá veio ele, ver o que se passava com os seus próprios olhos.
Virou a sebe de arbustos e foi a vez dele ficar pasmado. Tenda amarela, duas bicicletas, malas espalhadas por todo o lado e dois portugueses a apreciar as vistas!
Fomos ter com ele, e num grego arranhado e gestos internacionais, lá nos fizemos entender. Apenas pretendíamos passar ali a noite e de manhã seguíamos caminho.
O pastor sorriu, disse-nos que não havia problema, encaminhou as ovelhas que continuavam de boca aberta a olhar para nós e voltou aos seus afazeres.

Assim como nós. Pararoca feita, loiça lavada e mais um dia na casa amarela.

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