Igoumenitsa

Acordámos para o nosso primeiro dia na Grécia! O gato veio dar os bons dias e nós madrugámos, esperando que os habitantes da casa madrugassem também. Mas não... Tomámos o pequeno-almoço, esperámos um pouco e voltámos para o quarto. Ainda era muito cedo para a Theofania acordar.


Após o café matinal arrebitar os grandes olhos da nossa anfitriã, saímos porta fora em direcção a um novo país!

As sombras gigantes que vimos ao sair do barco na noite anterior, revelaram imensas montanhas em toda a volta de Igoumenitsa. E nada de gradualmente diminuírem de altura até chegar ao nível do mar. Não! Mar e montanhas lado a lado. Como se estas tivessem irrompido das águas por alguma fúria dos deuses.
As vistas da cidade em tudo similares às portuguesas. Nada nos faria espevitar os olhos e notar alguma diferença de uma qualquer rua, numa qualquer cidade de Portugal, se não fosse uma pequena grande diferença. A língua! As pessoas passam por nós e chutam para fora sons ininteligíveis para os nossos ouvidos. Os letreiros e os sinais, todos escritos num alfabeto diferente que o nosso cérebro não consegue interpretar.
Os céus mostravam-se azuis e convidavam para uma passeata pela marginal. Aos poucos fomos descobrindo novos costumes enquanto caminhávamos...

Por exemplo: Aqui bebe-se café! Nada das chávenazitas minorcas que nos habituamos a ver em toda a nossa viagem e que também é costume na Tugalândia. Não. Aqui bebe-se café em canecas gigantes, em doses industriais e sempre muito devagar. Um grupo de amigos a beber café numa esplanada, pode demorar-se horas e horas em pacata contemplação dos arredores. Nós já tínhamos a nossa dose de cafeína nas veias, por isso Theofania e as suas amigas levaram-nos a provar outros líquidos matinais.
Aqui não se come. Vai-se comendo. Pediu-se uma bebida espirituosa quente, com mel e canela, (mas também se bebe pura). Um pequeno jarro, uma mão cheia de copos de taberna, e uns pratos de comida e pão. "Alguém pediu esta comida?" Perguntaram os ingénuos portugueses. "Não. É normal vir algum prato de comida quando se pede  algum tipo de bebida alcoólica."  Pelo vistos o normal de hoje eram batatas no formo, rodelas de tomate e uma carne guisada! Para a segunda rodada, vieram mais batatas, mas de mão dada com almôndegas!


Por ali fomos ficando o resto da manhã\tarde. Nós, a Theofania e as suas amigas, a beber e a petiscar. Ninguém se lembrava do almoço. Lá para as 15h alguém falou de que devíamos ir almoçar. Na Grécia, pelos vistos, os hábitos são todos tardios.
Saímos da esplanada, andámos uns metros e entrámos num restaurante vazio. Ainda era cedo para a clientela habitual!

Umas pitas maravilhosas mais tarde, voltámos para casa. A Theofania foi trabalhar para a sua pizzaria e nós ficámos dentro de paredes, esperando pela próxima Couchsurfer da Theofania que também viria partilhar a casa connosco.

A Sílvia, chegou algum tempo depois, e trouxe consigo as nossas memórias de Itália. Uma verdadeira hippie\hitchhiker, veio para Igoumenitsa esperar o namorado de Itália, para depois seguirem viagem até à Índia.
A conversa prolongou-se, ao sabor de uma pasta adocicada e ao som da tosse crescente da Sílvia. Era alérgica aos gatos. Depois de muitas trocas de quartos, lençóis, almofadas e sacos-camas a única solução foi encontrar outra casa para a Silvia. Nós já não presenciámos isto, pois dormíamos o santo soninho quando a Theofania saiu do trabalho e foi procurar junto das suas amigas um espaço livre de gatos.

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