Brindisi - Igoumenitsa

Antes mesmo que o nosso despertador soltasse o alarme, acordámos sobressaltados com o som da porta atrás de nós a abrir-se. Espreitámos e dois homens saíram. Ainda não eram 6h00.
Em menos de nada desmontámos tudo e arrumámos a casa e as malas nas bicicletas. A espreitar numa janela, da torre bem alta atrás de nós, um dos trabalhadores acompanhava atento o nosso início de dia.


Com pelo menos três horas pela frente antes da hora do nosso barco, fomos até à cidade, fazer compras para a viagem e navegar na Internet, para enviar pedidos de última hora de Couchsurfing. Talvez tenhamos sorte ao chegar a Igoumenitsa.

Ao passar os postos alfandegários, um "adeus Itália" dirigido ao guarda. Talvez ele tenha percebido, talvez não. Seja como for, foi um adeus sentido e a desejar um regresso rápido. As emoções da despedida da bela Itália, que nos tratou tão bem, à flor da pele, mas ao mesmo tempo a excitação do novo país.


O barco tinha hora prevista de partida às 11h00 da manhã, mas só partimos às 12h00. Dentro do barco, no salão comum, além do bar e do restaurante, tínhamos dois plasmas a cuspirem notícias em italiano e numa língua indecifrável: Grego!
Cá dentro os pormenores que nos introduziam à Grécia, saltavam à vista. O menu do restaurante, a escrita. As caras do tripulantes e de muitos passageiros a lembrar-nos a Europa de leste e as conversa mais audíveis que nenhum de nós compreendia. Os sinais de proibido fumar estavam bastante visíveis, mas toda a gente, incluindo a tripulação acendia o seu cigarro, quando lhe apetecia.

O céu estava azul enquanto o sol durou, mas algumas nuvens começaram a juntar-se sobre nós. À medida que navegámos mar adentro, as nuvens tornaram-se maiores, mais escuras e as últimas horas de navegação foram de relâmpagos e muita chuva lá fora.


Já perto de aportar um dos nossos telemóveis surge com a mensagem a perguntar se queríamos actualizar a hora. E assim descobrimos que os italianos não sabiam o que diziam e que na Grécia o fuso horário acrescenta mais uma hora em comparação com a Itália. Fazendo as contas chegámos à Grécia (Ellada) às dez da noite, com muita chuva a receber-nos.
Uma tentiva de ligação à net às portas do porto revelou sinal positivo. A Theofania aceitou receber-nos, mesmo com tão pouco tempo de preparação e depois de nos ligar a dizer para procurarmos pela pizzaria Kone, partimos com destino ao centro da cidade de Igoumenitsa, sempre sob chuva.

Sábado à noite, e cidade de estudantes. As ruas cheias de malta jovem toda impiriquitada, quiosques, bares e restaurantes cheios de pessoal e nós a circular pela berma da estrada mal tratada e a lembrar as estradas portuguesas, perguntando de quando em quando onde era a pizzaria. O que vale é que os gregos arranham melhor o inglês do que nós o grego.
Já estávamos um pouco desanimados e o cansaço estava a apoderar-se de nós. Pizzaria Kone cadê você?
Falámos de novo com a Theofania para esclarecer a localização. Estávamos a meros metros de distância, quando o rapaz da entrega das pizzas veio ao nosso encontro de mota para nos guiar a porto seguro.

Estamos na Grécia, e aqui vive-se até tarde. A Theofania saiu do trabalho à meia-noite e foi connosco até a sua casa, do outro lado da rua. Saltaram bem à vista as suas feições distintas e olhos amendoados azuis enormes a lembrar que estamos num local diferente.
Quando o namorado chegou para se juntar a conversa, as frases em grego misturadas com as palavras em inglês faziam-nos sentir um pouco desnorteados. A frustração de não poder comunicar na totalidade. As lombadas dos livros que queriam ser lidos, com o cérebro sem reconhecer o alfabeto. Valha-nos estarmos com uma licenciada em tradução. Talvez consigamos acabar o dia a saber algumas novas palavras.

Podres e rotos estivemos à conversa até às três da manhã a beber cházinho, até que alguém cedeu e fomos todos dormir, finalmente!

Kalinicta a todos...

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