Rivio - Messolonghi

Despertámos com os patos no lago e limpámos a pouca chuva da noite na nossa tenda.

Ao sair, do campismo selvagem, o pastor e a sua mulher interromperam os seus afazeres matinais e ofereceram-nos leite de ovelha fresco! Por razões até hoje desconhecidas, mas encavacadas, recusámos. Assim como ao seu convite, minutos após, de ir beber café com eles. Talvez fosse a chuva que começava a aumentar de intensidade e o facto de querermos chegar a boas horas ao nosso destino.

Dia cinzento e de chuva. Não estava frio, mas nem por isso estava mais agradável.
Durante todo o dia a Lei de Murphy verificou-se. Se tirávamos a indumentária de astronauta impermeável, a chuva recomeçava ou aumentava. Se os vestíamos, a parava de chover e começavam as subidas. Um dia de encontros e desencontros com a chuva e a roupa.


Descemos as montanhas, por entre um desfiladeiro, até às planícies de Messolonghi. Como a estrada era boa e até não chovia, entusiasmámo-nos e não pusemos mão no travão. Resultado: lá em baixo, depois de passar em cima de buracos "sempre a abrir", a roda dianteira do Alexandre começou a chiar e a fazer barulhos esquisitos!

Parámos num café com ares de padaria, olhámos para a roda que nem uns entendidos e descansámos um pouco, antes de acabar os poucos quilómetros do dia.

Entre chiadeiras de rodas e chuvas em planícies de sal, chegámos a Messolonghi e esperámos pelo nosso anfitrião da zona, Manus.


Manus, fotógrafo nos tempos livres, banqueiro do povo em horas de serviço e nadador longa distância em mares planos. Trocámos falatórios e conversetas, ficámos a saber que era de Creta e que por lá o tempo era um paraíso. Tinha acabado de chegar de umas mini-féria em Istambul com o seu irmão.
A casa era pequena, mas nem por isso suficientemente pequena para nós os três. Não havia problema em dormirmos no chão, mas Manus não pensou duas vezes. Ofereceu-nos o seu quarto, arrumou sacola e rumou até à casa da sua namorada, Cristiana, para passar por lá a noite e deixar-nos à vontade.

A Cristiana veio buscá-lo, jantámos uns crepes, dissemos adeus ao nosso anfitrião e fechámos a porta.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Mais uma vez, fico genuinamente surpreendido (e sensibilizado) com a bondade de (quase) estranhos.