Loubières - Mérens lès Vals

Somos sempre bem intencionados, no que toca a acordar cedo, mas quando o frio lá fora se vê, não há quem saia da cama.
Não chegámos a dizer adeus ao Jean Marc, à Cloe, à Virginie ou ao Cedric. Aqui todos começam a lavorar cedo. Tomámos o pequeno almoço com a Mariene, despedimo-nos do Theo e montámos nas biclas. A casa fica mesmo no sopé dos Pirinéus. Não podia ser um melhor começar de dia, para nos embrenharmo-nos nas montahas.


A partir de hoje e durante um par de dias, provavelmente, não vai haver muitas hipoteses de escolher rotas alternativas ou caminhos secundários. A não ser que queiramos empurrar as biclas por trilhos pedestres e picos acima. A partr de agora é a Nacional 20 até ao fim de França.

Estamos na região de Áriege, que deve o seu nome ao rio que nos guiará pelas montanhas. Depois de atravessar umas quantas durante a viagem, já percebemos que é a melhor forma de ultrapassar a orogenia terrestre. Seguir um rio até onde der e fazer uma subida vertiginosa, inclinada, mas relativamente "curta".

Foi assim a nossa pedalada de hoje. Com o rio Áriege ora do lado esquerdo ora do lado direito. Umas vezes mais perto dele, outras um pouco mais acima. Aos poucos percebe-se que vai perdendo a sua força e que a nascente deve andar a aproximar-se.


Numa vila, encontrámos um pequeno jardim ao sol, onde almoçar. Encostamos literalmente as biclas a uma montanha e após umas sandocas, houve tempo para uma siesta. O calor ainda é forte a meio do dia.

Chegámos a Ax-les-Thermes. A ultima povoação digna do nome de cidade, antes de sair do pais. Ao deixar para trás uma tabuleta a avisar que esta era a ultima bomba de gasolina até ao topo, começou a subida. Foi para rematar o resto do dia. A estrada fica muito aquém das que pedalamos para atravessar os Cárpatos. Com tráfego sempre ao nosso lado, sem infinitos buracos ucranianos, ou a forte vegetação romanesca, restou-nos deleitar os nossos olhos com as silhuetas das montanhas.


Os gigantes a crescerem cada vez mais, o sol que já se pôs em alguns sítios, criando sombras e troços frios de estrada, onde os seus raios só voltaram amanhã.
Uma aldeia. Vai ter que servir para pernoitar. A Marie já estava fechada, mas uma nativa indicou-nos onde era o campismo municipal. Não estaria lá ninguém para nos receber, mas que podíamos pôr a tenda em qualquer sitio. É assim em França. Mesmo numa vilazita, perdida no meio dos Pirenéus, existe um campismo aberto fora da estação alta, onde podemos esticar a casa amarela e tomar uma banhoca escaldante.


...há um ano atrás: Castelo Branco - Freixial

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