Arfa - Ponts

O problema, foi o sítio onde se partiu. Cansados, cheios de sono e às escuras, pusémo-nos a tentar decifrar o enigma da vareta partida e a solução que nos levaria a um repouso. Foi o cabo dos trabalhos é o que foi. Sem instruções ou guias, restou-nos o senso comum para "desmontar" as varetas, desenlaçando o nó de um elástico, enfiar a peça de substituição de emergência e voltar e compor o nó, num elástico já por si a desfazer-se. Deu uma trabalheira e foi um exercício de paciência, mas conseguimos...

Mas a noite foi longa, com a barulheira dos camiões a irem e virem de Andorra, e connosco a pensar que qualquer barulhinho seria o dono do armazém que serviu como nosso abrigo. Quando o despertador tocou e os trabalhadores chegaram, sentimos que não dormimos nada. E como recompensa, um frio de fazer tremer as pernas! Eram oito horas quando nos montámos nas biclas. Cheios de frio e sem querer ficar naquele sitio à espera do sol, a solução foi pedalar para aquecer. Pena que fosse uma descida...


Começámos a entrar noutra serra. Mais pequena que os Pirenéus, mas muito mais imponente. A rocha desprovida de vegetação, parecia ter irrompido das profundezas da terra, criando paredes quase verticais de rocha avermelhada. Cheios de frio, mas completamente maravilhados com este espetáculo da Natureza. Não esperávamos nada disto, ao entrar na Catalunha. E como era sempre a descer, só tínhamos que aproveitar a paisagem ao máximo e desviar-nos da eventual lomba.
Até tivemos direito a uma série de túneis, amplos e com faixa de segurança. Parecia um carrossel de coisas boas e divertidas, para esquecer o frio a noite mal passada. Túneis, esculturas da natureza, estrada impecável, aves de rapina à nossa volta e o rio El Serge, a acompanhar-nos pelas maravilhas que criou ao longo de milénios.


Em Espanha, a siesta começa por volta das 13:30 ou 14h. A partir desta hora todas as terreolas tornam-se cidades fantasma. Nós, fizemos as compras do dia, de sorriso na boca ao ver os preços baixos. Já não nos lembrávamos o que era fruta e legumes a menos de 1€/kg. Junto a um chafariz, uma mesa e como vista durante o almoço, um edifício que lembrava uma igreja, mas sem o ser.


Inspirados pelas boas experiências, decidimos comprar um mapa detalhado de Portugal e Espanha. Estava em promoção (era de 2010) e com ele esperamos trocar as nacionais pelas secundárias e assim enfiarmo-nos de boca na "outra" Espanha.
Mas ainda estamos no meio das serras e dos parques naturais. Só existe uma estrada. Por enquanto, não temos muita escolha. Atravessamos o deserto de mato e colinas que separa as duas cidades. A do almoço e a que decidimos parar para pernoitar. Não havia mais nada entre elas. Em França, uma aldeola aparecia de poucos em poucos quilómetros. Pelo menos aqui, ainda não é assim.


Quando chegou a hora, saímos da estrada e fomos descansar para um monte com cheiro a oregãos selvagens.


...há um ano atrás: El Payo - Las Cantinas

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Finalmente uma foto de (varios) motociclistas. Eu, que sou completamente imparcial, gosto muito...