Borgata Marina – Marina di Ginosa

Que temporal! Toda a noite com o vento a uivar, as ondas a rebentar e as árvores a dançar! Que festarola! E nós no meio dela, encolhidos num canto apenas com um ténue tecido a a separar-nos das intempéries.
Claro que nenhum de nós tinha muita vontade de sair do conforto do saco-cama e do ambiente quente que demorámos toda a noite a criar. Ainda ponderámos a hipótese de não pedalar neste dia, mas engolimos em seco, abrimos a tenda e enfrentámos o frio!


Foi um dia de tão interessante como de cinzento. Sempre contra o vento e sempre com frio se parávamos por mais de cinco minutos. Pelo menos nunca choveu.

Quando chegámos a uma vilazita depois de 30 km non stop, lá procurámos outro canto onde comer as pizzas de Civita. Junto à igreja e de pé. Se nos sentávamos, congelávamos. Um nativo da raça canídea, decidiu tentar a sua sorte atrás das grades do portão da igreja. Com um pedaço de pizza aqui e outro de bolacha ali, safou-se melhor que nós. Ele pelo menos tinha um tufo de pêlo a protege-lo do frio.
Não se via ninguém nas ruas. Será isto o Sul de Itália no Inverno? Povoações ao abandono, frio, chuva e vento? Foi a primeira vez que de facto me pareceu ser uma região pobre, como todos a pintavam. Pelo menos pobre em pessoas.

Depois de um pomeriggio a pedalar, virámos para a costa à procura de outro poiso para a noite. Ao entrar na cidade, aparece um carro da policia, junto a nós, com duas caras de mau, a avisarem/refilarem que devíamos ir para a ciclovia. Que era perigoso andar na estrada. Perigoso andar na estrada? Contrariados, lá virámos para a zona esburacada e cheia de lombas a que chamam ciclovia. Desculpa rodinha torta.

Depois de 200m de buracos, acabou-se a via pedaleira e virámos até à praia e às suas estações balneares às moscas e em estado pós-apocalíptico. Procurámos ali, procurámos acolá. Espreitávamos pelas ruas e atrás das casas. Um sítio promissor parecia, quando nos decidimos por ele. Mas como ainda era cedo, esperámos até às 17h para ir ao supermercado e só depois montar o estaminé.

Pelo menos era abrigado do vento a da potencial chuva. Mas o frio estava por todo o lado.

Tiritávamos a ver o Seinfeld e ao adormecer.

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