Bidarray - Saubrigues

Saímos de casa do padre Pierre, pelas oito e pouco.
Veio-se despedir de nós, e fazer-nos prometer que escreveríamos assim que chegássemos a Santiago de Compostela! Isto depois de já por três vezes, em momentos diferentes, lhe termos dito que tínhamos começado o caminho em Burgos em direcção oposta a Santiago, com destino a França. Algum problema de comunicação, provavelmente!
Seguimos caminho por estradas pitorescas, sempre com placas anunciando fromageries, que seduziam o Alexandre para ir ao seu encontro. Eu cá sou imune, porque não senti nada quando passávamos por elas. Mas para o Ulisses Alexandrino eram uma espécie de sereias... Conseguiu resistir aos seus encantos. Por agora...
Com o novo mapa de 1 Kg, não houve dúvidas no caminho a seguir. As estradas eram um pouco estreitas e volta e meia lá apareciam uns camiões ou tractores para nos recordar que a estrada não era só nossa. Pela quantidade de castanhas e ouriços esborrachados no chão, descobrimos que as estradas são ladeadas por castanheiros, e que a fauna local não dá vazão a tamanha produção frutícola.
Para compensar a surpreendente facilidade com que passamos os Pirenéus, e entenda-se por isto as subidas, deparámo-nos com umas subidas e descidas curtas mas inclinadas à brava, nada comparado com os Pirenéus, com subidas longas e quase planas. Em questão de minutos era passar da mudança mais pesada para a mais leve, para logo seguir repetir o ciclo. O que vale é que os ânimos estavam além das nuvens, sabendo que poucos quilómetros à frente encontraríamos família, com casa para descansar, e que esta etapa estava prestes a chegar a bom porto.
Almoçámos num pequeno jardim entre a escola e uma igreja cemitério. Aflitos para usar as toilettes, mais uma vez descobrimos cafés sem este serviço disponível, o que nos levou a crer que os franceses, devido sua elegância natural, não fazem xixi e afins fora de casa! Não é chique! É claro que são tudo suposições, e o mais provável é serem, tal como nós, meros seres humanos com necessidades básicas que precisam de satisfazer. Vamos aguardar para ver!
Eis que Saubrigues surgiu.
A Amélie e a Alice, já tinham andado para a frente e para trás à nossa procura, o que além de ser agradável, por acreditarmos que era porque estavam ansiosos com a nossa chegada, era mais um ponto a favor de Saubrigues que é seguro para as crianças andarem à vontade. Além disto têm de tudo ali. Uma sala de espectáculos, e propostas culturais semanais que abrangem várias áreas, logo ali ao pé de casa, As escolas, a praia a poucos quilómetros, comércio local, e na cidade mais próxima centro comercial para matar o bicho consumista, e no Inverno neva! Que mais se pode pedir?
Além de nós, mais um casal da família, fez ali a sua paragem, antes de continuar caminho para a sua casa em Paris. Foi um jantar de mesa cheia, com comida boa, muitos queijinhos bons, doces e conversas em francês/português e português/francês.
Ça c'est trés bon, n'est pas?

1 comentário:

Anónimo disse...

Cuidado com o frio!!!! Em vez dos postais mandem-me comidinha boa francesa!!!

Abraço e boa viagem!

R.