Quirima, Angola

De novo no hemisfério sul. O trabalho, idêntico ao da última viagem. Assim como o caminho entre Luanda e Quirima.
Seis horas de estrada asfaltada até Malanje. Seis horas de estradas e condutores angolanos. Velocidades impossíveis e rasantes a buracos no asfalto que despedaçariam qualquer reflexo em falso por parte do condutor. Kizombadas e músicas da terra, em decibéis de discoteca a acompanhar temperaturas gélidas dentro da viatura e calorosas no exterior. Em Angola, vive-se nos extremos.
Uma vez em Malanje, uma pausa para esticar as pernas, descansar os ouvidos e enganar a já dolorosa barriga de fome.
De Malanje a Quirima, uns meros duzentos e muitos quilómetros de puro terror e tédio. Oito horas de mais música e ar condicionado. Oito horas de picadas com a textura e solidez de manteiga. Oito horas de chuva, solavancos e atolamentos. Oito horas de trovoadas constantes, céus ameaçadores, interminável selva e aldeias perdidas no tempo e esquecidas pelo mundo.
Dez dias de escritório, para depois repetir tudo na viagem de regresso a Luanda.
Tudo isto com a pergunta sempre presente e imaginada: Como será pedalar por estas estradas? Se é assim tão horrível de carro, será na mesma medida, tão belo e recompensador de bicicleta?

Sem comentários: