Castromonte - Zamora

Saímos cedo do albergue, como manda a tradição peregrina. O dia acabado de começar e nós a pedalar pelos planaltos e extensas superfícies de cultivo. Por aqui, as distâncias são maiores de aldeia para aldeia. Como seria fazer realmente o Caminho nestas bandas?


Com as luvas de Inverno, as ceroulas e as três blusas, mais um casaco, enfrentámos aquele que seria um primeiro dia completo de viagem pelo Inverno espanhol. Também tínhamos gorro...
O frio ficou à porta por hoje. Mas mesmo à rasquinha. Se estivesse a chover ou um pouco de vento, teria sido bem diferente. Mas não foi, e sentíamo-nos bem por voltar a estar em cima do selim, mesmo que o rabinho o estranhasse. Bem, por voltar a ver as paisagens a decorrer à nossa frente, com o som do asfalto por debaixo. Bem, por voltar a ver o mapa, escolher as estradas mais secundárias e mudar de planos consoante os percalços do dia.


Talvez pelo frio ou pelas saudades de pedalar, mas as sessões de cadência são agora mais longas. Sem sequer cansar, chegámos a Toro à hora do almoço, envolto numa fria neblina, com quase cinquenta quilómetros no papo.

Até Zamora, foram mais trinta, seguindo as margens do rio Douro de novo. Sentimos que nos estávamos a aproximar de casa. Como será que está depois de um ano?
E como que para acentuar mais a sensação de proximidade tuga, eis que as placas no centro de Zamora, já indicam Portugal! Com Miranda do Douro a vinte e poucos quilómetros daqui, a vontade de continuar é muita... Mas ainda não. Temos outros sítios para visitar primeiro.


Chegámos ao albergue às quinze e trinta. E que albergue... A hospitaleira, Belén, ofereceu-nos logo um chá de frutas ao chegarmos para bebermos enquanto preenchíamos a papelada. A Belém, adora o Algarve, em especial a zona da Ria Formosa. Foi fácil a conversa com tanto em comum. E ela contou-nos que já viu umas setas amarelas na zona de Tavira. Deve haver por ali um caminho....
O albergue, que estaria mais uma vez por nossa conta, equipado com cozinha e casas de banho nos quartos, que por sinal, têm vista para o rio e a cidade de Zamora. Nada mau para um albergue de donativo. Reyn, onde estás tu quando encontramos sítios destes para pernoitar?

Fomos devolver os ponchos à Decatlhon, comprar paparoca e passar o resto da noite a cozinhar para o jantar e almoço de amanhã. Este será o nosso adeus aos albergues e durante algum tempo ao Caminho de Santiago. Um dia voltaremos a ele, é certo.

Gostamos de Zamora. Não vimos muito, mas o pouco que vimos, vez-nos crer que esta poderia ser uma cidade interessante onde morar uns tempo. Talvez por isso, Belén esteja pela terceira vez a fazer de hospitaleira neste albergue.


...há um ano atrás: Saubrigues – Castétarbe

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