Guzelbahçe – Çavuskoy

O despertador tocou às 6 e os três saltámos da cama. Alguns com mais energia outros, outros precisavam de mais um bocadinho. A Asli fez como sempre o almoço e lanche do petiz e preparou-nos os nossos.
Às 7h30m despedimo-nos e os 3 seguimos viagem.


As paisagens sempre iguais. A estrada em obras algures num troço, com bombas de gasolina a cada 5 quilómetros, o alcatrão a aquecer, e as pedrinhas agarradas aos pneus a saltarem por todos o lado. Às vezes lá nos calha uma.
A saída de Guzelbahçe e a entrada em Izmir mal se notou. As casas nunca desapareceram e o aspecto urbano esbateu a passagem.

Com fumos projectados em nossa direcção, carros e buzinas, passeios apinhados de gente, semáforos fomos somando quilómetros. Supermercados, hipermercados, vendedores ambulantes, bicicletas, motoretas a virem em sentido contrário do nosso lado, mini bus que seguem ao nosso ritmo, de tantas vezes que param, cada vez que alguém lhes faz sinal. Camiões a deixar rastros de pó, pedrinhas ou a salpicarem com sumo, conforme o que transportam. A confusão. A meio manhã descobrimos um passeio pela marginal e parados no semáforo para atravessar, a Asli encontra-nos, pára o carro para nos saudar e voltar a seguir.

Mais calmaria, pelo caminho das bicicletas. Muitos pescadores a lançar o isco e a linha. E por todo o lado gente espalhada a dormir na relva, a correr, a anda, a passear.
Olhámos para o relógio e condizia com a conversa da barriga, hora de almoço. Embrenhámo-nos pelas ruas adentro e parámos num parque com equipamentos de ginástica. As testemunhas de Jeová também existem aqui e também vieram tentar falar connosco.
O jardineiro rega o jardim, os estudantes saiem da aulas e namoriscam pelo jardim. Vão ao Bim comprar guloseimas  a preço da chuva. A cada 10 pessoas que passam 7 param para brincar nos aparelhos.
Descobrimos um sítio com sandes de metade de um pão recheadas com carne e salada e almoçamos isso com  morangos. O calor e a barriga cheia, os bancos de jardim e uma sombra e nós a dormitar de boca aberta ou cabeça a tombar.


A meio da tarde o relógio e os quilómetros querem mais para eles. E nós molengas do calor fazemos-lhe a vontade. Não são montanhas, nem vales, nem frio, nem vento. São blocos de cimentos, estradas e vias rápidas de trânsito que nunca pára. Desta vez temos uma cidade para atravessar, a terceira maior da Turquia. Depois de 50 quilómetros de manhã ainda estávamos nos subúrbios da cidade.

O nosso dia foi este, atravessar Izmir de uma ponta a outra.

Final da tarde e a estrada que continua sempre igual. O sítio por onde os carros passam na estrada tem duas linhas paralelas de alcatrão pegajoso, a juntar-se ao cheiro de fumo de escape que é constante nos nossos dias.

Lá decidimos cortar algures à esquerda e avançar pelo caminho de terra até achar que estamos protegidos da estrada.  O solo irregular e as oliveiras escondidas pelas ervas secas altas são o nosso sítio para mais uma noite de camping.

O senhor de tractor que passa e a quem perguntamos se podemos por ali ficar.
Resta fazer o jantar e descansar de um dia na selva urbana.

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