Cagliari - Cagliari

A mãe Maria deixou tudo preparado para o nosso pequeno-almoço e partiu para mais um dia de trabalho.
A Cristina quis ajudar-nos e levou-nos de volta às bilheteiras para comprar os bilhetes e esclarecer com a senhora o porquê de termos de ir separados e sermos obrigados a comprar bilhete com cama. Chamem-nos forretas, mas este bilhete estava a ultrapassar em muito os nossos planos financeiros. E para melhorar aquela notícia, teríamos de fazer a viagem de 10 horas separados. Nós, que já planeávamos pôr a videoteca em dia.
Devido a um tiro certeiro da sorte, calhou-nos a mesma senhora aperaltada do dia anterior. Reconheceu-nos. A Cristina iniciou as negociações e a senhora dos bilhetes, respondia, mas no fim dizia sempre: "Eu já lhes tido dito isto ontem!" com aquela expressão de aborrecimentos. Comprámos os bilhetes, resignados com o preço e já pensando em estratégias para, depois de estarmos no barco, darmos a volta à situação das camas em camarotes separados por género.
Regressámos a casa da Cristina, comemos um segundo pequeno almoço de crepes doces. E enquanto ela praticava flauta, para deleite dos nossos sentidos, nós íamos fazendo as nossas limpezas e arrumações evitando fazer barulho. Uma delícia para manter o espírito aconchegado.
Depois de mais uma pasta fabulosa, agarrámos nas nossas coisas todas, nas bicicletas e saímos todos. A Cristina e o namorado Luca, il Dio dell'autobus, saíram para os ensaios e nós para viajar até à parte histórica da cidade, para passar a noite com a Francesca.
Estava uma ventania gelada , mas mesmo assim, quisemos passear pela marina e espreitar os barcos. Quando estávamos a dirigir-nos para a passadeira para atravessar, uma rapariga começa a acenar à saída do barco e começou a dirigir-se a nós. Esperámos para ver. Tratava-se da Julia, uma couchsurfer que tínhamos contacto para ficar ali em Cagliari e que vivia num barco. Reconheceu-nos e muito simpática fez-nos logo o convite para ficarmos com ela e o marido no barco. Em menos de 10 minutos, falámos de muita coisa, mas o que nos deixou mais curiosos, além do factor barco, foi o facto de tanto ela como o marido estarem a preparar-se para o 2012. Aprendendo algumas competências de sobrevivência, um pouco de  tudo, desde montar uma bicicleta com madeira, pescar, velejar. Como ela disse: "Let's prepare for the worst, and hope for the best". Despedimo-nos, esperando ter oportunidade de durante a nossa estadia por Cagliari ter tempo para encaixar um café, chá, almoço com esta dupla enigmática. Quero só acrescentar, que além de tudo isto, que já é suficiente, ela é russa, foi modelo de capa de revistas, e fala umas 10 línguas diferentes, incluindo português! Nada mais a acrescentar.
A casa da Francesca foi fácil de encontrar, e depois do Luca nos ter oferecido, um cabaz de Natal, quase, decidimos partilhar os nosso recentes oferecidos biscoitos sardos com a nossa anfitriã.
A casa dela parece saída de um catalogo do IKEA. Mas não tem uma única caneca que seja desta loja. O seu amigo arquitecto fez-lhe o favor de decorar a casa e aproveitar todos os cantinhos e lugarejos. Ficámos encantados com o espaço e com tamanha funcionalidade espacial.
Bebemos um chá das 5 enquanto partilhávamos experiências festivaleiras. O seu trabalho como organizadora de eventos relacionados com arte, dá-lhe a oportunidade de viajar, conhecer artistas fantásticos e assistir às mais diversas expressões artísticas.
Para o jantar, tivemos a companhia de dois dos seus amigos. Mais gente sarda com quem sentimos empatia imediata.
O jantar pasta foi. Pasta à carbanora (versão bacon, ovos e queijo)! A sobremesa trouxe a amiga, uma espécie de fritos, muito parecidos em sabor com as farturas, mas sem a canela.
O serão foi divertido. Passado a bebericar licores e vinhos enquanto conversávamos, aquecidos pela salamandra. Alguns dormitavam pelo sofá.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

"A preparar-se para 2012..." Mas que raio?!?