Tarnow

Nós acordámos sem o despertador. Thomasz já laborava algures na cidade e a Yustina, terminava o seu turno da noite juntando-se a nós no pequeno-almoço e no café da manhã. Pelos vistos, na Polónia o café é rei. Algo que suspeitávamos depois dos últimos dias. Nas bombas de gasolina, viam-se chávenas gigantes (para nós) de café.
Outra suspeita nossa, relativamente, aos costumes da Polónia, também ficou resolvida.

Para quem é mais assíduo no blog, lembram-se dos primeiros e únicos polacos encontrados nesta viagem? Ainda estávamos em França, prestes a inicializar a nossa aventura mediterrânica. Nunca mais pensámos neles, até estarmos na Ucrânia e um ritual nosso decorrer. Antes de entrar num novo pais, costumamos conversar enquanto pedalamos, sobre o que sabemos desta terra. Estes nossos amigos de França e os couchsurfers que o Robert da Roménia iria receber a seguir a nós, faziam-nos crer que aqui é normal e banal viajar à boleia. E assim é. Justina é uma hitchiker veterana, com várias incursões pela Europa, incluindo a Ucrânia e duas visitas a Portugal.
Ao passear pela cidade com ela, descobrimos várias das suas estratégias de viagem. Apanhar boleia fora das cidades. Tentar ficar numa gasolineira se estiverem na auto-estrada ou se a noite chegar. Saber dizer não se as vibrações não forem boas ao conhecer o condutor.


Passeamos pela cidade, bebemos café no centro. Fizemos tempo até o Thomasz sair do trabalho e juntar-se a nós.
Tirámos as dúvidas com a Yustina, que nos explicou que os polacos não são muito dados a sorrisos e acenos fáceis. Preferem conhecer primeiro as pessoas antes de se fazerem amigas delas. São reservados em tudo o que fazem. Até ao pedir empréstimos ao banco. Nunca o fizeram muito e talvez por isso, a Polónia seja dos poucos países que anda a escapar à praga da crise. Seja lá o que isso quer dizer...

No regresso a casa, para uma soneca da tarde, o temporal que ameaçava descarregar durante toda a manhã, finalmente, transbordou. Uma chuvada e ventania monumental que por pouco não criaram um tornado no centro da cidade. Mas que belo tempo este que escolhemos para visitar a Polónia.
Na biblioteca da Justina e Thomasz, uns livros escritos por uma polaca que viajara durante quatro anos à boleia com o namorado, à volta do mundo. No regresso, escreveu um livro sobre a sua viagem. Ficou popular e "fugiu" de novo, desta rumo a África. Mas a vida acontece a todos e esta senhora de espírito livre não é imune a uma mortífera malária cerebral, apanhada no seio do continente africano.


Após um belo soninho da tarde, com a chuva lá fora, fomos todos até um antigo castelo no topo da cidade e de lá vimos o pôr do sol enquanto nos divertimos a tirar fotos das muralhas.
Passeamos pela cidade de novo, sempre à conversa e descobrimos um restaurante/café, com um ambiente e decoração à antiga.
Experimentámos umas sopas. Aqui, tal como na Ucrânia, os pieroguis também são populares.


De barriga cheia e quentinha. Um dia cheio e uns novos amigos. Foi assim em Tarnów.

Sem comentários: