tag:blogger.com,1999:blog-47446840329701618162023-11-15T16:02:16.781+00:00Nomadiclas...14463km pedalados e 781km caminhados...nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.comBlogger344125tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-76153418783682600902012-12-19T08:55:00.000+00:002012-12-19T08:55:00.558+00:00...um ano depois<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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Alguém nos disse um dia, bem antes da primeira pedalada, que a nossa viagem tinha começado, no momento em que decidimos fazê-la. E com razão.<br />Todo o processo, desde a ideia até ao dia da partida, foi uma aventura em si. Se vamos de bicicleta ou não. Se os alforges são assim ou assado. Se tentamos o couchsurfing ou não. Qual a rota? Foram decisões atrás de decisões, sempre com dúvidas e sempre com a boa ansiedade associada à descoberta. O fascínio de olhar para objetos e situações normais, sobre o ponto de vista das necessidades de uma viagem de bicicleta.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286169454/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8351/8286169454_3395645450.jpg" /></a></div>
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<br />Mas se uma viagem não começa no dia da partida, dificilmente acaba no dia da chegada. Longe disso.<br />É difícil recordar um dia que seja, deste ano que passou, em que a experiência que vivemos nos 500 dias anteriores, não influenciasse ou nos viesse à memória. Logo ao início, ainda frescos das experiências, tudo nos alienava e todas as ações "normais" nos eram estranhas. Foi só no fim do Verão, quando o reboliço de visitas cá em casa começou a amainar, que nós começamos a amainar também e a viagem começou a ganhar contornos de sonho distante. Mas, vamos por partes....<br /><br />Algumas semanas após o regresso, fixámo-nos em Tavira, na antiga casa da avó Teresa. A casa, por habitar há alguns anos, estava a precisar, no mínimo, de uma arrumo e limpeza geral, em todos os recantos. De mangas arregaçadas, fizemos uma triagem rigorosa a tudo o que se encontrava na casa. Móveis, loiças, eletrodomésticos vintage, bibelôts do tempo da Angola colonial, ferramentas dos tetrâ-avós da Corte do Pinto...</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285116885/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8083/8285116885_53fac942e5.jpg" /></a></div>
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Todos os dias, durante semanas, a decidir o que se podia aproveitar, o que se podia vender, o que se podia dar, o que se tinha que guardar. Uma trabalheira física e emocional. Ainda para mais, logo depois de termos terminado o inventário das nossas "coisas" espalhadas por aí. De um dia para o outro ficámos responsáveis pelas "coisas" acumuladas ao longo de pelo menos uma vida. A da avó Teresa.<br />Mas aos poucos, a casa foi ganhando forma e disposição. Aos poucos, as energias gastas na arrumação, começaram a ser substituídas pelo tempo em novos projetos e ideias que enchiam as nossas cabeças. Se é algo que não falta numa viagem de bicicleta é tempo para pensar. Tempo para criar novos sonhos e pensar na melhor forma de concretizá-los.<br /><br />Começámos a recolher velhas paletes abandonadas na cidade e a desmontá-las, aproveitado as madeiras para alimentar a nossa imaginação. Usámos as ferramentas do tetra-avó para o efeito, provando que já não se fazem ferramentas como antigamente! Por agora, temos uma mesa "restaurada" com paletes, e uma dezena de projetos em papel na calha de lançamento.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285124639/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8483/8285124639_ba79261aa3.jpg" /></a></div>
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<br />A terra, as sementes e os vasos improvisados, foram enchendo a marquise e transbordando para as outras janelas da casa. Alfaces, pepinos, tomateiros, pimenteiros, salsa, coentros, girassol, salva, calendula, tomilho, feijão, manjericão, poejo, hortelãs, plantas carnudas. A ideia era criar um mini estufa de plantas comestíveis e encher a marquise de verde!<br />Com o tempo, a ideia ficou-se pelas alfaces atacadas por uma praga, por um único pepino, meia dúzia de pimentos e muitas pequenas moscas e mosquitos. Ainda tentámos vários remédios e mezinhas orgânicas, para salvar a horta cá de casa, mas com pouco sucesso.<br />Da marquise virada para Norte, mudámo-nos para um pequeno pedaço de terra a oito quilómetros de Tavira, no terreno dos pais do Lino, um amigalhaço nosso. Entre os três, lá tentamos que a horta vá para a frente, com favas e brócolos., guardadas por uma colmeia. Mas ainda estamos todos a aprender...</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285130125/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8221/8285130125_a8303d4553.jpg" /></a></div>
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<br />Fixados em Tavira, retomámos também as antigas amizades. Sempre que possível, fomos tentando partilhar o tempo com os amigos da tugalândia. Uns mais perto, outros mais longe. Ora íamos nós visita-los, ora vinham eles aos Algarves. Uns portugueses, outros não. Por vezes, até vinham de bem longe. André, Catarina e Mariana, os nossa razão para visitar a Inglaterra, passaram cá para uma almoçarada na marquise, e uma passeata pela cidade ao sabor de uma Primavera a aquecer.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286192384/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8359/8286192384_4f79bd7f38.jpg" /></a></div>
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<br />A nossa família de Dueñas, também cá veio. Foi a nossa vez e lhes mostrar os cantos à casa e as iguarias cá da terra. Foi como se um pedaço da nossa viagem nos viesse visitar.<br /><span id="goog_1139542615"></span><span id="goog_1139542616"></span><br />O Pablo, de Granada, partilhou a praia connosco durante a sua estadia em Santa Luzia. E durante estes encontros com "nuestros hermanos", recordámos como durante algum tempo, a língua portuguesa foi estranha para nós. Mas já não... Agora voltámos aos gagejos do espanhol, às distantes palavras italianas mal lembradas e ao inglês que por vezes sai mal, quando dantes saía tão facilmente.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286205542/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8083/8286205542_c9c4174a2f.jpg" /></a></div>
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<br />A Christiane de Leipzig, e o seu amigo Christian, fizeram um esticanço de boleia, desde a Alemanha até Tavira, para aproveitar os últimos raios de sol do Verão e a tempo de ajudar a Ana com a maquilhagem e o nó da gravata do Alexandre, para o casamento da Fátima e do Joel. Dois anos depois de os visitarmos em Lagos, logo ao início da nossa demanda.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285149251/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8362/8285149251_600c99b605.jpg" /></a></div>
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<br />Amigos do tempo da escola do ciclo, a Sílvia e o Nuno, que vieram ter connosco passar uns dias de papo ao sol. Amigos da faculdade, a Sofia e o Gonçalo, que vieram partilhar a pequena Jasmim que estava a crescer na barriga da mãe.</div>
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E durante tudo isto, enquanto o Alexandre tele-trabalhava para a antiga empresa sediada em Lisboa, a Ana tentava a sua sorte com os jardins de infância do Sul (ou qualquer outro que lhe desse trabalho, em qualquer lado!), e com biscates de época balnear algarvio. Foi já no fim do ano, quando a coisa parecia cada vez mais negra, que lá apareceu uma sala cheia de meninos e meninas a precisar de educadora. Agora, todos os dias, a Ana vai de bicicleta para o trabalho, nos arredores de Tavira. O Alexandre também vai dando uso à bicicleta. Mas mais nos afazeres da urbe. Em vez de alforges com roupa térmica, estacas de tenda e sacos cama, enche-os com batatas, couves, laranjas e tremoços. E de vez em quando lá vem um saco de peixe fresco pendurado no guiador, ou umas conquilhas no cantil. Se dantes não faziam parte da nossa vida, agora é impensável viver sem elas. As bicicletas...<br />Correm estradas e caminhos, e continuam a partilhar e encher a nossa vida. Mas de vez em quando, lá foram aparecendo outras biclas cá em casa...</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286213238/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8223/8286213238_5b8a7dcd20.jpg" /></a></div>
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Pouco depois de já nos termos mudado para a casa do bairro da Atalaia, eis que o primeiro viajante a pedal nos apareceu. Amigo de um amigo, que por sua vez tem uma amiga de quem nós somos amigos! Confuso?! O Bruno de Portimão tirou uns dias de férias e foi ver até onde conseguia chegar com a bicicleta. Jantou connosco, fomos ao cinema e por cá pernoitou. Poucos dias depois de partir, já tinha chegado a Espanha, com uma mão cheia de histórias para contar.<br /><br />Umas semanas mais tarde, nos desvios normais de uma consulta às páginas da web, descobrimos um casal de viajantes de bicicleta prestes a iniciar a sua viagem desde o Cabo da Roca até aos ao Oceano Pacifico. Sedentos de devolver a generosidade que encontrámos por essa estrada fora, convidámos a Amie e o Olli a passar por Tavira e descansarem um pouco. Calhou bem, porque eles estavam em plena campanha de marketing do seu projeto digital. Por cá ficaram uma semana, a trabalhar na biblioteca, a descansar as pernas e a refazer joelhos doridos, a partilhar histórias à mesa. Nós enchemo-lhes a barriga com sabores e recantos de Tavira sempre que podíamos. Foi a primeira vez, desde que chegámos, que pudemos conversar com alguém sobre este interesse comum. Poucos dias depois da partida deles, a nossa história foi parar ao seu blogue... (<a href="http://internationalsupperclub.org/post/27341835647/alex-ana">link</a>). Continuamos a acompanhar e a viajar com eles. O mundo que deixámos para trás continua a mostrar-se generoso e cheio de surpresas...</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286215192/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8061/8286215192_13b39b21a6.jpg" /></a></div>
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<br />As ideias de continuar a fazer algumas pedaladas de fim-de-semana com campismo selvagem à mistura, ficaram-se pelas ideias... </div>
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<br />Apenas uma vez nos últimos 365 dias é que a nossa casa amarela voltou a ser montada sob uma oliveira. O Lino, veio ter connosco, para nos pedir dicas e sugestões para a sua ideia de pedalar até Santiago de Compostela, seguindo o quase obscuro Caminho do Leste Português, que começa em Tavira. Nós, cheios de entusiasmo, não deixámos que o dele esmorecesse e armado com as nossas teorias e os nossos alforges, lá fomos nós com ele no primeiro dia da sua viagem para Santiago, de bicicleta. Tentámos passar-lhe as nossas estratégias. Como se desenrascar com as refeições pelo caminho, quais os melhores spots para campismo selvagem, como couchsurfar a partir de um iPad! Safou-se bem e foi com orgulho que seguimos as suas aventuras pelo Facebook até chegar a Santiago, duas semanas mais tarde. Força Lino! Marrocos espera por ti!</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285159681/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8477/8285159681_25fc8c3546.jpg" /></a></div>
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<br />Mas foi à pouco tempo, já em pleno Outono, que a vida nos presenteou com uma inesperada surpresa.<br />Esta coisa de viajar de bicicleta, acaba por criar, tal como tudo talvez, uma sub-cultura de aficionados sobre o tema. Se há uns anos atrás, procuraríamos informação sobre o tema em livros, hoje em dia com a Internet, tudo é mais acessível. Em pouco tempo, alguns nomes acabam por repetir-se. Alguns links acabam por ir dar ao mesmo sitio, e algumas viagens acabam por ser acompanhadas por várias pessoas em várias partes do mundo, ligadas por fios muito ténues.<br /><br />Alguns meses depois de termos acabado a nossa viagem, o <a href="http://petergostelow.com/">Peter Gostelow</a> acabou a sua aventura africana de quase 3 anos. Na altura, ficámos com a ideia que a próxima aventura do Peter, seria escrever um livro. Nunca pensámos que Tavira faria parte desse processo!<br />Durante semanas ouvimos o Peter a contar histórias e desventuras dos últimos dez anos da sua vida. Contos de terras e costumes estranhos misturam-se com os nossos ensinamentos na bela arte de apanhar conquilhas ou como assar chouriços em álcool. Corridas pela manhã nas salinas ou subidas de bicla à Serra do Caldeirão, acabavam em petiscadas, almoçaradas e jantaradas que se prolongavam pela noite fora a discutir os prós e os contras do campismo selvagem urbano, dos subornos aos policias africanos, das diferenças de viajar a solo ou a dois, ou o que fazer quando um alforge rebola por uma ribanceira abaixo, no Paquistão. O Peter é fixe e já temos saudades dele!</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286222228/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8060/8286222228_af5249b0ba.jpg" /></a></div>
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<br />E nós? E agora? Tal como dissemos no início, é difícil não pensar na viagem que fizemos ou no que deverá vir a seguir nas nossas vidas. As lembranças vão-se esfumando, mas há coisas que ficam...como nos repetia o Santi no Caminho de Santiago "o Caminho vai dar-te coisas até ao fim da vida". Muitos nos perguntaram se vamos fazer outra viagem. Para onde vamos a seguir. Estamos a descobrir. Quando soubermos mais dizemos. Um dia de cada vez, de sonho em sonho.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8286223056/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8341/8286223056_33e7cd1241.jpg" /></a></div>
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<br />Quer seja na bicicleta onde nos montamos todos os dias, ou nas chuvadas que apanhamos a ir para o trabalho...<br />Na tenda que é montada na marquise para matar saudades, ou no saco-cama que é aberto quando visitamos a capital...<br />Nos desenhos de henna, que nos lembram de outras paragens, ou nas receitas sicilianas que ficaram a fazer parte da nossa ementa cá de casa.<br />Nos emails que trocámos com a Reyn ou nas fotos que espalhámos em molduras ou em screensavers...<br />É difícil matar saudades da estrada. Resistir à tentação de fazer outra "loucura", deixando para trás esta outra "loucura" rotineira. Digam o que disserem, viajar de bicicleta é fácil. Ter uma vida sedentária, sim é difícil! Conseguir olhar para os dias e semanas a passar tão rápido e tentar encontrar sinais de que estamos a evoluir e seguir em frente, é difícil! <br /><br />Seriamos tontos em pensar que mais tarde ou mais cedo, não voltaremos a soltar amarras e partir à aventura. Até já temos alguns destinos em vista! A não ser que o mundo acabe daqui a dois dias, ou que a vida nos pregue uma partida, é mais do que certo que, talvez para o ano, daqui a dez anos ou com sessentas e muitos aniversários soprados. Sozinhos ou acompanhados...</div>
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<br /><span id="goog_1139542666"></span><span id="goog_1139542667"></span></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/8285169611/in/set-72157632277600079"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8219/8285169611_839fd4e64d.jpg" /></a></div>
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<br />Um dia, voltaremos a essa vida de nómada. Um dia voltaremos a ser Nomadiclas!</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157632277600079/show/">Mais fotos...</a></div>
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<br /></div>
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...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.pt/2012/01/mertola-tavira.html">Mértola - Tavira</a></div>
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nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-22571003421593290472012-04-30T13:09:00.003+01:002012-04-30T13:10:06.191+01:00...um mês mais tarde<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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Deixámo-nos estar por Tomar para o Ano Novo.<br />
Foi pouco mais do que um esforço para passar a meia noite todos juntos, cada um no seu combate privado com o João Pestana, enquanto víamos quem ganhava o concurso da televisão. Comemos passas, bebemos champanhe e fomos ao sono que os lençóis guardavam.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/7127878743/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7242/7127878743_0c91fdf914.jpg" /></a></div>
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<br />
Voltámos à capital poucos dias depois, aproveitando a boleia, e tratámos das nossas paperocracias de regresso à sociedade. Também as temos. A casa amarela foi entregue na loja para ver se a concertavam da vareta partida de que se queixava. Afinal a marca tem reputação de garantia vitalícia. A ver vamos, o que nos esperava essa viditerna garantia. Custou deixá-la assim, sem garantias para o coração.<br />
O Alexandre foi ao escritório, antigo local de trabalho, e regressou com um tele-trabalho.<br />
<br />
As visitas à bela e agitada Lisboa mais não deixavam que uma vontade de escapar para ambiências mais pacatas. Muito fumo, muita gente, pouco espaço, muitos carros, muito barulho, muito muito, e nós com tanto cá dentro, a conseguir espaço para mais estes muitos.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6981819612/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7140/6981819612_9f55271644.jpg" /></a></div>
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<br />
Começámos a rever as amizades deixadas para trás.<br />
A Sílvia e o Nuno, que nos desarmou com reviveres de dias da nossa viagem que provaram que se não era o mais assíduo leitor, é o com melhor memória. Fantástico, como guardou perguntas muito específicas sobre o que lia no nosso blogue, desde o início, e depois conseguiu lembrar-se de tudo para nos perguntar. Um chocolate para o coração, estes amigos.<br />
A super-unida família Durães, em Setúbal e na Quinta Piri, no Lau!. As sorridentes brincadeiras com os manos Duarte e Diogo não deixam ninguém indiferente, enquanto ajudam o avô a construir um canil e o pai a tratar dos cavalos.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6981844276/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7053/6981844276_8d6087df55.jpg" /></a></div>
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<br />
No meio de tudo isto, em Lisboa e antes, em Tomar, aproveitámos e começámos a inventariar as nossas posses, acumuladas ao longo de anos e espalhadas pelos quatro cantos das nossas famílias.<br />
Quem diz o inventário, diz mesmo tudo o que temos. Tudo o que ficou guardado e espalhado pelas casas reuniu-se aos poucos numa folha de Excel nos nossos portáteis. Assim sabíamos onde tínhamos aquela máquina de fazer sumo que precisávamos (e que não vendemos antes da viagem) ou aqueles vinte dossiers com fotocópias do tempo da secundária, que se calhar estavam melhor no ecoponto azul. Fomos esvaziando, limpando, reciclando, oferecendo, relembrando a quantidade de coisas que "temos". Uma enormidade, para quem passou ano e meio a viver feliz com o conteúdos dos alforges de uma bicicleta.<br />
Mais tarde logo se veria o que fazer com tanta tralha. Soava a demasia e futilidade, mas o principal era escrever tudo. É necessário para o que pretendemos fazer a seguir. A nossa próxima "aventura"...<br />
<br />
Sem casa certa, o plano nas nossas cabeças parecia fazer sentido. Todas as semanas vagueámos ao sabor da corrente, até que a Ana arranjasse um trabalho que nos fizesse lançar âncora, enquanto o Alexandre tele-trabalhava.<br />
E assim, mudámos de poiso durante este primeiro mês de regresso, com a bagagem às costas, de casa em casa, entre as "nossas" quatro casas. <br />
Espalhávamos a casa pelas aldeias, como se diz, e matávamos saudades enquanto inventariávamos, recolhíamos as nossas informações e esperávamos de braços abertos que o sentimento (e o trabalhinho) nos murmurasse ao ouvido, "aqui vou ser feliz!".</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/7127940675/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7250/7127940675_84a0957ed0.jpg" /></a></div>
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<br />
Não aconteceu. Pelo menos, desta maneira! Estávamos à descoberta de Peniche e das possibilidades internéticas, quando nos apercebemos que a estratégia de regresso à normalidade, não estava a funcionar. Num banco de jardim, deitámos cá para fora as ideias, aqui, ali ou acolá. Internet, bicicleta, supermercado, sossego, casa de família, aluguer, dinheiro, vieram à baila. Eram importantes. Tomar, Atouguia da Baleia, Lisboa ou Tavira?<br />
Foi nesta altura que ligámos à mãe do Alexandre a pedir-lhe albergue, até conseguirmos alugar uma casa. A resposta foi contente pela proximidade do filhote, mas com a surpresa acrescida da possibilidade de aproveitar a casa vazia da avó.<br />
Partimos nessa noite, rumo ao sul, sem certezas, mas com esperança e com o conhecimento de que voltávamos para junto das nossas meninas de duas rodas.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/7127961863/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8014/7127961863_f5945607ed.jpg" /></a></div>
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<br />
Tavira é, relativamente, pequena para nos podermos deslocar a pé ou de bicicleta para todo o lado. A biblioteca é a nossa preferida, e tem Internet para dar e oferecer. É uma calmaria, quando não é Verão e temos praia e serra ali ao lado e com alguma sorte um trabalho escondido algures para a Ana.<br />
Timidamente, voltávamos à realidade e a vida retomou estranhamente uma rotina caseira. Bem nos dizia a Catherine, no Caminho de Santiago, que é assustadora a velocidade com que retomamos a nossa rotina, depois de regressarmos....</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6981885300/in/set-72157629567558132"><img border="0" src="http://farm9.staticflickr.com/8154/6981885300_ed4873aa40.jpg" /></a></div>
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<br />
Para saberem se continuamos por Tavira, se sempre fomos morar para a ex-casa da avó do Alexandre, se a Ana arranjou um trabalhalhito bom com meninos, se continuamos a pedalar e a fazer as nossas saídas de fim de semana com as bicicletas. Têm que esperar para ler o que se passou este ano.</div>
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<a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157629567558132/show/">Mais fotos...</a></div>
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...há um ano atrás: <a href="http://www.nomadiclas.blogspot.pt/2011/01/sanluri.html">Sanluri</a></div>
</div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-47380100990933121312012-02-09T17:07:00.000+00:002012-02-09T17:07:23.361+00:00...a semana que passou<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Ainda conseguimos tomar um chá num café francês à beira rio, com a Ana Alves, antes de sair de Tavira. Receber mais novidades e rever a silhueta natalícia do centro histórico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847075819/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7063/6847075819_bfa0429304.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Nós tentámos. A sério que tentámos.<br />
Até desenrascamos umas caixas e já pensávamos em desmontar as bicicletas, para que elas viajassem connosco de um lado para o outro. Mas não nos parecia correto. Sempre que nos enfiássemos num autocarro ou comboio, sem quebrar a lei, teríamos que as montar-desmontar, carregar com caixas ou desencantar umas novas. Para quê? Saímos de Tavira, rumo ao Natal, sem as nossas meninas. Foi um desalento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847093741/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7201/6847093741_0516e223ec.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
E tal como nos autocarros que tivemos que tomar, antes e depois do Caminho de Santiago, também este pequeno trajeto Tavira-Lisboa, nos soava a batota. Com uma neblina a dominar a manhã alentejana e um frio imaginário lá fora, desejávamos poder saltar deste autocarro condicionado a temperatura tropical e respirar ar puro...<br />
Se antes desta nossa viagem pela Europa, este desconforto era inexistente, não vai ser agora que nos vamos tornar em esquisitos. Adaptamo-nos. Ao que nos rodeia e a nós próprios. Que outra solução existe, além de tudo largar e voltar ao rotineiro e familiar selim, com todas as surpresas conhecidas e medos compinchas que nele carregamos?<br />
<br />
Cada um foi passar o Natal, com as respetivas famílias do centro e oeste. Se nos pudéssemos clonar, assim teria de ser, para dar resposta às diárias perguntas: "onde vão passar o Natal?".<br />
<br />
De volta à Atouguia da Baleia, a consoada, foi à mesa, com a numerosa família quase toda reunida, de volta do bacalhau cozido, da canja, do bolo rei do Ricardo, dos camarões, vinhos, dos queijos, dos chás e dos cafés. Foi uma noite pacifica, de conversa animada que cruzava a mesa de uma lado para o outro...<br />
A certa altura, recordei-me do Natal do ano anterior, do Jill e do Jonh, da Camille e da Celeste, do Billy e da Jamie, e imaginei onde poderiam estar eles agora....</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847142863/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7186/6847142863_510c05f678.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Passeou-se pelas redondezas da vila. Apreciou-se as paisagens, as praias desertas e o mar selvagem, deste canto de Portugal. Mas ainda não me habituei a isto. A andar de carro e ver o mundo a correr do outro lado da janela, dentro da insegurança metálica do automóvel...<br />
Ainda não me habituei a dormir na minha antiga e familiar cama, a acordar em locais que foram em tempos, sinónimo de segurança imutável.<br />
Tento sempre que posso, fugir da TV e do mudo horrível que ela pinta. Será o mesmo mundo que pedalamos? Não me parece e por isso escolho não corromper as memórias com as imagens de um ecrã.<br />
Mas não posso viver nas memórias e é altura de criar novas e seguir em frente. Foi por isso que os Nomadiclas se reencontraram na Bairrada, prontos para descomprimir destas novas sensações. Fazer a barba de 3 meses e 2000km atrás, também ajuda a voltar à normalidade....<br />
<br />
...<br />
<br />
Enquanto o Alexius se promenadeava por terras mais a ocidente, eu aproveitei a boleia para Tomar e por lá fiquei a passear o Natal. Jantar em casa da tia, almoço em nossa casa, jantar na casa da avó. Que mais se pode acrescentar, ou pedir, desta semana natalo-familiar? Uma corrida e estava com os avós, um passeio de meia hora e estava com tios e primos. Em casa tinha irmã e cunhado e sobrinha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847157443/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7145/6847157443_f7c4c4e2da.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Entre os três crescidos, resolvemos aquecer o corpo na rua, em vez de ficar a tiritar no sofá. Toca de apanhar lixo, cortar lenha, ceifar silvas , fazer borralheiras ou queimadas, como gostarem mais! ...Essas coisas que as famílias fazem, quando se juntam pelo Natal!<br />
À tarde, escolhíamos passar os últimos aconchegos do sol, na rua, antes de nos retirarmos para a frente da lareira.<br />
Enchi a barriga de brincadeiras com a minha sobrinha, depois de achar que passado tanto tempo já não me conheceria. Nada disso! Lembrando-se ou não, oferece-se a quem fizer palhaçadas: corridas de carro-mão, cavalitas, cangurus, histórias à lareira, foram alguns hits! Alcançaram platina, num dia só!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847173265/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7145/6847173265_a1f8981447.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
O Zuco, qual prenda de Natal, deixava os "maus dias" a quem se levantasse primeiro: um belo presente com cheiro! Bébézuco, como era, ainda não percebia o limite rua/casa. Para dizer a verdade, não havia limites para ele.O mundo era um grande brinquedo para ele brincar. Olhar para ele era como ver uma explosão de alegria de viver:<br />
Vivam as pedras!!!! (e zás, lá passava ele a roer uma na boca!)<br />
Vivam as ervas!!! (e deitava-se a rebolar na erva, enquanto mastigava uma bocarra que tinha apanhado!)<br />
Vivam as azeitonas (e engolia umas quantas, caroço e tudo!)<br />
Viva a parede ( e lambia a parede)<br />
Viva o chão!! ( e lambia o chão!)<br />
Viva os donos!! (e lambia os donos)<br />
Viva o caixote do lixo!! (e deitava-o ao chão e desaparecia metade lá dentro!, criando o cãoixo).<br />
A minha sobrinha ralhava com ele "NÃO, Zuco maluco!!, não!"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6847178235/in/set-72157629245902903"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7199/6847178235_80d49de5fe.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
E por fim, o Alexandre chegou antes da semana voltar ao início e juntou-se à brincadeira. Éramos seis, os reis!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157629245902903/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2011/01/gonfaron-second-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-48897553464143458612012-01-27T10:01:00.001+00:002012-01-27T10:01:00.614+00:00...o dia a seguir.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">As bicicletas estão arrumadas sob a janela, dentro de casa, a descansar.<br />
E nós também. ...continua a sensação de deslocado. A viagem já acabou, mas as nossas mentes e corpo ainda não se acomodaram ao sedentarismo. Não queremos acreditar que já tudo acabou, e tentamos não nos focar nisso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6769990861/in/set-72157629051781637"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7169/6769990861_926f8d91bd.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
São as férias de Natal para o Miguel. É ele que toma conta e vigia as nossas meninas no escritório, enquanto divide a sua atenção entre as batalhas míticas e fantásticas contra dragões, anões, duendes, fantasmas e outras criaturas cósmicas, e olha para a TV, que cospe qualquer programa. Dois olhos, dois ecrãs.<br />
Nós apenas tivemos olhos para um ecrã. O ecrã do portátil, onde atualizamos e escrevemos no atrasado blogue. O nosso "eu" digital, ainda está a labutar de mochila às costas, em La Rioja, acabou de conhecer a Reyn, e a tendinite é uma palavra que pouco ouvimos ainda. Temos que trazer a história ao nosso encontro.<br />
<br />
Com tudo espalhado na bancada do quarto, deixámos as arrumações para mais tarde e fomos para a rua. Fomos dar uma volta. Caminhar pela cidade como se fosse a primeira vez. Como se fosse uma cidade que estivéssemos a visitar e que amanhã disséssemos adeus. São as mesmas silhuetas de sempre, o mesmo "ambiente", mas a maneira de olhar é outra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6769996259/in/set-72157629051781637"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7151/6769996259_428a53ac61.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Na estação dos caminhos de ferro, colocamos questões sobre as facilidades de transportar as bicicletas no comboio, nas viagens para Lisboa. Facilidades? Não existem. Se quisermos entrar no "pouca-terra", temos que desmontar e empacotar as bicicletas. Pelo menos, é grátis, todo este aparatoso trabalho de desmonta-monta, empacota, desempacota. Nos autocarros, não temos tanta sorte. Para colocar o velocípede na bagageira, temos que o enquadrar na categoria das encomendas e aí, pagamos ao quilo! Depois de desmontar e montar tudo, claro. Isto, para fazer tudo dentro dos trâmites.<br />
Se não "declararmos" que é uma bicicleta e a caixa onde ela se aperta, não der insinuações do que está lá dentro, talvez toda a gente desvie o olhar e não nos cobre uma multa. É assim, levar as bicicletas nos transportes públicos de Portugal. Pelo menos, se as quisermos tirar de Tavira. Um enredo...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6770011879/in/set-72157629051781637"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7141/6770011879_33ed4095cd.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Ao caminhar pela rua principal da cidade, uma velha conhecida escondia-se dos olhares de rotina dos transeuntes, assomando-se e deixando-se ver apenas por quem a conhece. A seta amarela! O Caminho de Santiago, também começa aqui e sítios que passámos vezes sem conta, durante uma vida inteira, ganham outro significado quando pensamos que está aqui um trilho que nos levará a Santiago, com outros peregrinos e experiências novas à mistura. Traz-nos uma sensação reconfortante, uma vez que os nossos corações ainda não chegaram aqui por completo. Vagueiam algures pelo que passou, entrando acanhados e cautelosos no que é e será a nossa vida até uma próxima aventura.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6770009307/in/set-72157629051781637"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7008/6770009307_5410f26fe3.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Fomos, timidamente, dizer olá aos nossos amigos que aqui vivem. Todos ao mesmo tempo, não, pois já percebemos que quando estamos entre muita familiaridade e caras conhecidas, o sentimento de deslocação sai reforçado e ficamos assustados. Deve ser assim, o bicho do mato das viagens...<br />
Mas nem todos estão cá. Uns já se foram embora, outros para lá caminham, outros são mais difíceis de encontrar. Foi bom dizer olá, mas foi suficiente. Voltámos para casa, cabisbaixos, com a sensação de que nós voltamos e todos se estão a ir embora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157629051781637/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-43832963998632577892012-01-26T10:01:00.040+00:002012-01-26T10:01:00.903+00:00Mértola - Tavira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">As primeiras luzes a entrar no salão de festas, pelas pequenas janelas, a imensidão do espaço onde passámos a noite. Ficámos alguns minutos deitados, no conforto do saco-cama, a saborear o nossa última manhã de viagem.<br />
Ficámos com o nervosismo pré-partida. Encafuamos tudo dentro do alforges e encaixámo-los na bicicleta mais uma vez. Só mais esta vez...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550295127/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7021/6550295127_21c2cc22c4.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Dissemos adeus ao pessoal que estava de serviço no quartel e agradecemos. Eles contaram-nos que de vez em quando um peregrino passava por ali e pedia pernoita. O pessoal encarregue de tomar conta do Caminho Português, veio há coisa de três ou quatro anos, pedir-lhes para ajudar os peregrinos que ali passassem. Talvez um dia voltemos aqui de mochila.<br />
O dia mal começara e o frio apertava durante as primeiras pedaladas. Não demorou muito até pararmos para tomar o pequeno-almoço, com o nascer do sol sobre a cidade de Mértola.<br />
<br />
Duas hipóteses para os últimos quilómetros.<br />
Seguirmos a estrada principal, que nos levaria até uma IP, que rapidamente nos poria em Castro Marim e Vila Real de Santo António, onde a N125 nos esperava com o seu habitual tráfego. São pelo menos noventa quilómetros de estrada recta, sem grandes declives e sem muito para ver, além dos camiões de segunda-feira a razarem-nos as orelhas.<br />
A segunda alternativa, seria virar daqui a sete quilómetros nesta estrada, após Mértola, e enfrentar a Serra do Caldeirão de cabeça e peito erguido, pela estraditas secundárias, as longas e impossíveis subidas, os buracos e a pouca sinalização, na esperança de encontrar o caminho mais directo e curto até Tavira. E também o mais bonito.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550306183/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7141/6550306183_884b43ff26.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Virámos à direita, e deixámos para trás o crescente tráfego. Deixámos para trás os dias de barulho, buzinadelas e razantes bamboleantes. Deixámos para trás a certeza, e encarámos de frente a incerteza que apenas uma estrada nova consegue proporcionar. A partir de hoje, vamos ter que reaprender tudo de novo.<br />
<br />
A bicicleta tremelica mais, quando em estradas esburacadas e mal remendadas. Mas os sorrisos que ganhámos, valem mais do que uns braços dormentes. Foi sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce. Todo o dia nisto.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550330729/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7157/6550330729_bb56666368.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Quase sem darmos por isso, atravessámos do Alentejo para o Algarve ao passar sobre a ponte de mais um rio, que por esta serra corre. Não vimos placas a sinalizar nada, mas o mapa indicava a mudança de região.<br />
Quando chegámos a Martim Longo, procurámos o caminho que se embrenhava ainda mais para dentro da serra e em Vaqueiros, saímos dos selins para almoçar. Ainda não tínhamos parado por um momento que fosse. Como se sentíssemos que durante muito tempo não voltássemos a ter umas sessões de serra acima de malas carregadas e quiséssemos por isso estender a sensação.<br />
A aldeia parecia deserta, embora fosse segunda-feira. Mas não nos aborrecemos e comemos o arroz de pato que a mãe Mónica nos trouxe ontem, ao solinho da paragem das camionetas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550345359/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7161/6550345359_78f702e07f.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
As subidas silenciosas, por entre o mato da serra. A ave de rapina a caçar nas encostas. A aldeia de casas brancas que espreita por entre os vales. O desenho das estradas e caminhos a meandrar pelas colinas. O suor que escorre quando estamos ao sol e se torna um fio gelado pelas costas ao cruzarmos sombras. As paragens para tudo isto apreciar enquanto se bebe do amigo cantil... </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550362253/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7169/6550362253_2e61a5367e.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Quando demos por nós, o azul do céu encontrou o azul do oceano. Aproximava-se o fim.<br />
Parámos no topo mais alto do dia e sentámo-nos a observar e a reflectir...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550371669/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7168/6550371669_0d5de9006a.jpg" /></a><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sobre este estilo de vida que não esperávamos gostar tanto, e sentir, já, tanto a falta. Os 505 dias em cima do selim, que nos obrigaram a mudar de maneira de pensar, de modo a pedalar dia após dia, apesar das adversidades e dos momentos mais em baixo. Desde as pequenas coisas do dia a dia, à consciência do nosso lugar no mundo e o que andamos aqui a fazer.<br />
Ainda ficámos ali sentados bastante tempo. Acho que queríamos que a viagem perdurasse mais um pouco.<br />
<br />
Mas o sol não espera, e antes que ele se escondesse atrás dos montes, puxámos os descansos para trás, levantámos a perna, ajeitámos o casaco e a badana, pusemos um pé no pedal e deixámo-nos levar pela descida da Serra de Mu até Tavira.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550385125/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7033/6550385125_9464961405.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Tocámos à campainha, enquanto desmontávamos o estaminé. O meu irmão assoma-se à varanda, como se o primeiro dia da viagem se tratasse.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550393027/in/set-72157628514846069"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7160/6550393027_ab81464307.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628514846069/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div><div style="text-align: left;"><a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/08/tavira-falfosa.html">O 1º dia...</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-6754800630876788832012-01-25T10:01:00.028+00:002012-01-25T10:32:20.042+00:00Serpa - Mértola<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">O tão temido frio de Dezembro, não chegou a entrar na tenda. Foi a "última" vez que dormimos na nossa tenducha, nesta viagem, e mesmo com uma vareta partida, uns fechos a ameaçarem falhar, alguns sinais de desgaste no interior e um carunchoso avançado, portou-se à altura das melhores. Não nos deixou ficar mal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550091095/in/set-72157628514367551"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7010/6550091095_e7a732ecf6.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Como o dia iria ser pacífico e as distâncias não muito longas, demorámos o pequeno-almoço. Nas calmas e a aproveitar ao máximo o sol, deixámos Serpa por volta das nove e meia. Seguimos as placas a indicarem Mértola e Mina de São Domingos e durante trinta e sete quilómetros, tivemos a estrada por nossa conta, num Alentejo diferente do que vêem nos postais. O Alentejo do Guadiana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550148579/in/set-72157628514367551"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7022/6550148579_5c4c4f97d2.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Aqui, as planícies são escassas, mas nem por isso sentimos que andamos a queimar combustível com subidas e descidas. São calmas, e suaves. Sem stress. A estrada meandra por entre vales e cerros, montes e colinas por ela cortadas. Quando o horizonte se assoma, é um sem fim de mais montes pacatos e verdes. Sobreiros, azinheiras e oliveiras, polvilham a paisagem, sem nunca a dominar. Sente-se o espaço.<br />
De vez em quando, passamos ao lado de uma vila ou aldeia. Perdidas e isoladas neste mar de colinas, o habitual branco e azul. Tudo é calmo e tranquilo. É domingo e as poucas pessoas que vemos, estão sentadas às suas portas, a descansar e a aproveitar o não usual sol e calor de Dezembro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550123711/in/set-72157628514367551"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7033/6550123711_ddcbecc5d7.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Pintada na estrada, a intervalos regulares, uma velha conhecida nossa. Os olhos já estão treinados para ver a seta amarela, e foi com agrado que a seguimos, na direcção oposta. O Caminho de Santiago.<br />
Este, deve ser um dos caminhos menos usado. O Caminho Português do Este, que inicia em Tavira, onde a nossa viagem acaba, e atravessa Alcoutim, Mértola, Serpa, Moura e por esse lado do país segue sempre para Norte, até se juntar em Espanha, a outro Caminho. Mais uma vez, imaginámos como seria caminhar por aqui.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550164737/in/set-72157628514367551"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7171/6550164737_f09f6db14b.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Virámos para a Corte do Pinto. Uma aldeia, escondida mas não sem vida, no Alentejo profundo. Tal como o pai, também a mãe do Alexandre não quis esperar que o filho chegasse a Tavira para o ver. Marcámos encontro na aldeia, onde familiares ainda vivem. Desta forma, podemos visitar todas as nossas origens nesta viagem. Bairrada, Atouguia da Baleia, Forte da Casa, Corte do Pinto e Tavira.<br />
A casa da tia Maria e do tio Manuel, fica no centro e quando estacionámos os nossos camiões a pedal, os caçadores e nativos que conversavam no café em frente, pararam tudo e ficaram especados a olhar para nós a bater à porta. De lá saiu a mãe do Alexandre, e após cumprimentá-la e aos donos da casa, ficámos nós especados a olhar para o Miguel. O tempo também passou por aqui, durante o ano que andamos lá fora. Não parece muito, um ano... Mas parece que foi há uma vida atrás, que o Miguel era um fusili de treze anos. Agora virou spaguetti de voz grossa, com quatorze!<br />
Estamos em família, mas também no Alentejo. Comprovámo-lo ao almoçar um ensopado de borrego, umas azeitonas e uma chouriça assada. Tudo com o belo do pão alentejano ao lado.<br />
Com Mértola a poucos quilómetros dali, não tivemos pressa. Com calma e sossego, almoçámos e conversámos, no quintal. Abrigados do vento e ao sol, enquanto observávamos o Miguel a construir uma fisga de uns ramos de azinheira.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550193123/in/set-72157628514367551"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7009/6550193123_a2e67bb57c.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7156/6550272239_5e0b90473f.jpg"></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Dissemos os até manhãs, pois esperamos chegar a Tavira amanhã, e antes do sol se pôr, cruzámos as colinas que restavam até Mértola.<br />
Mais uma vez nos lembramos de como a nossa época favorita para viajar é longe do Verão e aos domingos de preferência. Depois de irmos pedir aos bombeiros se nos podiam acolher, fomos cirandar pela cidade, até fazer tempo para a miudagem que ocupava o espaço onde iríamos dormir abalasse.<br />
Com a luz mágica no ar, passeámos pelas ruas desertas, imaginado como seria viver por aqui.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://farm8.staticflickr.com/7156/6550272239_5e0b90473f.jpg"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7156/6550272239_5e0b90473f.jpg" /></a><br />
</div><div style="text-align: justify;">Voltámos ao quartel, quando o frio se instalou no ar, vimos um pouco do filme da TVI de domingo, com uns robôs a destruir todo o mundo com pipocas e efeitos especiais a saltar por todo o lado. Quando nos cansámos, retirámo-nos para os nossos aposentos de quinze metros quadrados! Acho que podemos riscar da lista, que nesta nossa viagem pela Europa, já dormimos num salão de festas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628514367551/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-32578659631167420312012-01-24T10:01:00.017+00:002012-01-24T11:17:45.795+00:00Viana do Alentejo - Serpa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Não tivemos frio, nem ficamos molhados do orvalho matinal. Até dormimos num colchão, dentro de quatro paredes. Mas esta combinação, não é remédio santo para uma noite descansada.<br />
As janelas do quarto, ficam junto a uma das lâmpadas do quartel que ficam acesas toda a noite. Além da luz que não deixava a noite chegar ao nosso quarto, a sacana da lâmpada devia ter um problema de saúde qualquer, porque durante toda a noite, não conseguimos pregar olho, com o barulho que ela fazia! Por muitas voltas que déssemos, por muito que nos enfiássemos no saco-cama, por muito que tentássemos imaginar que o zumbido era um tantra budista de meditação, não houve forma. O zumbido estava um decibel acima do suficiente para adormecer.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549982511/in/set-72157628514056867"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7011/6549982511_9b41f8ebcc.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Quando o relógio chegou às sete, desistimos e saímos da cama, com os olhos raiados e uma dor de cabeça. Vamos lá pedalar então. Dissémos adeus ao cão do quartel, Lume, e adeus a Viana do Alentejo.<br />
<br />
O fresco da manhã e a boa disposição que apenas uma bicicleta e um dia pela frente conseguem proporcionar, depressa afastaram o cansaço da noite. Há que aproveitar o dia! Estamos no Alentejo e ao passar o monte de Viana, ficámos logo a ver o que nos esperava. Um dia de horizontes até onde a vista alcança, de montes alentejanos suaves a subir e a descer. Quintas e herdades, com vacas, cabras e ovelhas. Campos acabados de semear e outros já com o verde de uma nova vida. Oliveiras, azinheiras e sobreiros. Céu azul e pouco trânsito nas estradas secundárias... É bom viajar por aqui em finais de Outono.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550030341/in/set-72157628514056867"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7020/6550030341_346f11e310.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Como a ponte de Alvito estava cortada, trocámos as voltas ao plano e fomos dar uma volta maior, por Cuba e Beja. Nesta ultima, subimos até ao castelo e à praça, encostámos as meninas num banco junto ao mercado que começava a fechar a loja, e comemos umas sandocas. De vez em quando, um grupo de senhores, que ficaram para trás nas arrumações do mercado, paravam a conversa animada, o picar o queijinho e o golo de vinho tinto da terra, para uma melodia melancólica de cânticos alentejanos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6550050197/in/set-72157628514056867"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7144/6550050197_310ba12d2d.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Quando chegámos a Serpa, fizemos a rotina do costume nestes dias que correm. Fomos ao super, abastecer antes de ir visitar os bombeiros. Um pouco confiantes talvez, que teríamos esta noite uma noite repousada no quartel de Serpa, foi com surpresa que o senhor comandante disse que não podia receber-nos,e não perdeu muito tempo para arranjar alternativas. O local onde costuma acolher, estava hoje reservado para a festa de natal da câmara, e por muito que insistíssemos que ficávamos contentes com um pedaço de chão para os sacos-cama, não houve reviravolta de ideias.<br />
E agora?<br />
<br />
Sem muita vontade para procurar campismo selvagem, já a ficar de noite e com o frio a rodear-nos, voltámos ao centro de Serpa e montámos a tenda no parque de campismo municipal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628514056867/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-3348258359037063702012-01-23T10:01:00.019+00:002012-01-23T10:01:00.297+00:00Vendas Novas - Viana do Alentejo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Dormimos tão bem quanto se podia esperar, por dormir dentro de quatro paredes. Às oito saímos do quarto, despedimo-nos dos bombeiros e montámos nas bicicletas, para mais um dia de viagem. Este, avizinhava-se cinzento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549929401/in/set-72157628513916609"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7015/6549929401_a360d839f8.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Chegámos a Montemor-o-Novo e depois de um prolongado pequeno-almoço, regressámos à nossa amiga nacional dois, que nestas bandas ainda não foi promovida e mantém-se, regional.<br />
Algures, numa vida atrás, atravessámos esta mesma serra, a Serra de Monfurado, de Verão mas fresquinhos no que toca a fazer viagens de bicicleta. Sempre nas mudanças mais baixas, sempre a suor por todos os poros e se bem me lembro, de vez em quando lá tinha que ser de empurrão.<br />
Hoje, temos um dia de Inverno em Portugal. Cinzento, com chuva molha parvos e um frio de fim de Verão, mais do que de início de Inverno. As mudanças desta vez mantiveram-se acima, o suor nem chegou a vir. Mas a paisagem não mudou, apesar de agora não estar tão seca. Nem a sensação de vitória e bem estar quando damos conta que chegámos ao topo e temos à nossa frente a imensidão do Alentejo. Um olhar abarcava o vale de vinte quilómetros que nos separava de Alcáçovas.<br />
<br />
Ao entrar em Alcáçovas, decidimos repousar e aproveitar a aberta na chuva, para enfiar algum combustível cá para dentro. Foi enquanto estávamos sentados na Praça da República, que começamos a olhar ao nosso redor e a reparar nos detalhes. Por estas bandas, as cores predominantes das casa são o branco com azul a rodear portas janelas e nos rodapés. Já não me lembrava que no Alentejo as cores são assim, e tão pouco me lembrei delas quando as vi num outro local, bem longe daqui e sob um céu mais soalheiro. O estilo das Ilhas Cíclades, nas construções das ilhas gregas. Pelos vistos o sol, a modos que "forçou" a arquitectura e as cores mais adequadas. Independentemente se as pessoas são gregas ou portuguesas. O estilo cíclades no Alentejo, ou o alentejano do Mediterrâneo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549955281/in/set-72157628513916609"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7008/6549955281_69f219f734.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Nós já raramente metemos conversa com os nativos, preferindo mais a paz e sossego nos nossos dias. Como David, o hospitaleiro de Tosantos. Ainda assim, uma senhora veio ter connosco com sinalética gestual a constatar que estávamos a comer. Quando lhe dissemos que: "...somos portugueses..." e "...viemos de Vendas Novas hoje e vamos para Tavira...", pareceu-nos a nós que a senhora perdeu o interesse. Como se por sermos portugueses a viajar de bicicleta, já não fossemos "interessantes". Será, que a interpretámos bem?<br />
Não seria a última, hoje, a tomar-nos por estrangeiros.<br />
Em Viana do Alentejo, enquanto a Ana foi ao Minipreço, um senhor de cabelo comprido grisalho, na casa dos quarenta e muitos, óculos e com ar de professor universitário, veio ter comigo e começou: "Do you speak English?". Á cabeça, só me vieram respostas de "Sou português!", "Falo português!" ou "Não sou inglês!" (sinónimo de estrangeiro)". Mas o tom não seria o correcto e não queria ofende-lo. Entrei no jogo.<br />
"Yes, I speak English! Are you Portuguese?, ao que ele responde com um sorriso, "Yes, I am!". "Good! So am I!", retribuo. A risota esperada veio logo a seguir. A conversa ainda resistiu mais do que um minuto.</div><div style="text-align: justify;">Viana do Alentejo está a tornar-se num dormitório de Évora... Alvito é mais bonito... A ponte para Vidigueira está em obras... Por aí... Mas ao despedir-se, fiquei de novo com a impressão de que se fosse de facto um estrangeiro a viajar de bicicleta em Portugal, muitos mais frutos teriam advindo da conversa.<br />
<br />
Porque nos tomarão sempre por alemães, ingleses ou de outro qualquer país? Porque não pode um português a viajar de bicicleta, na sua própria terra, ser uma visão mais normal e acalentada pelos nossos?<br />
<br />
Já nos Bombeiros Voluntários de Viana do Alentejo, a hospitalidade do costume, não nos deixou ficar mal. Sempre com boa disposição lá nos indicaram o quarto onde podíamos dormir e até nos facilitaram a chave do mesmo, caso quiséssemos ir ar um volta, mais descansados!<br />
<br />
Ao adormecer, um zumbido artificial inundava o quarto no silêncio da noite...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628513916609/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-73168657753646120952012-01-20T10:01:00.014+00:002012-01-20T10:01:00.114+00:00Forte da Casa - Vendas Novas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">É o principio do fim da viagem, ou o início de mais uma? É a questão que não me sai da cabeça, ao acordar e ter a consciência, que hoje, é dia de bicicleta!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549880341/in/set-72157628513826487"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7167/6549880341_0baa7709df.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Do Forte da Casa para a frente, temos o vasto Alentejo para atravessar. A maior região de Portugal e um pedaço do Algarve até Tavira. Quase trezentos e cinquenta quilómetros ou o equivalente a quatro ou cinco dias de pedal. É o que nos propomos a fazer, de modo a fechar o círculo. Já há muito que sentimos que a viagem terminou, ou anda a terminar aos bocados.<br />
É altura de sentirmos aquela coisa de "agora sim, terminou".<br />
<br />
Depois de um descansado pequeno-almoço em família, montámos nos selins à confortável hora de onze da manhã, para um começo barulhento na Nacional 10. E que bem que soube! Assim que o selim e as nádegas disseram "olá", foi uma sensação de bem estar e um relembrar de boas memórias. Depois de dias a sentir-me inadaptado com o que me rodeia, sem saber o que dizer às pessoas e às aranhas sem saber o que fazer, isto pelo menos já me é natural. Isto eu sei que sei fazer e que gosto. Venham lá os camiões!<br />
<br />
Em menos nada chegámos a Vila Franca de Xira e atravessámos o rio Tejo pela ponte. A lezíria, Porto Alto e mais três ou quatro terreolas perdidas na despovoada estrada, pintaram o cenário para a nossa manhã.<br />
Sem sítio onde almoçar, empurrámos as biclas para o meio do mato, não muito longe da estrada, mas o suficiente para podermos descansar dos incessantes carros e camiões.<br />
<br />
Nestes dias que correm, o sol corre rápido e nós atrás dele temos que ir, para não ficar apeados em campismos selvagens gelados e molhados do orvalho! Por isso, após um dia inteiro de pedaleio non stop, em Vendas Novas, fomos experimentar pedir ajuda aos bombeiros, de novo. E de novo, para nosso alivio, não nos foi negada pernoita.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549911887/in/set-72157628513826487"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7174/6549911887_16da8d1aa5.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628513826487/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-27838516949537190802012-01-19T10:01:00.030+00:002012-01-19T10:01:01.304+00:00Forte da Casa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">O dia de chegada ao Forte da Casa, entre tanto cimento, ambiente cinzento e excesso automobilístico, assustou-nos e com o convite do Pedro e da Beatriz para passar o fim-de-semana na terra, não pensámos duas vezes. Sábado de manhã, lá fomos a caminho da Bairrada, a cinco quilómetros de Tomar. Um vilarejo, como milhentos outros que atravessámos de bicicleta e que aprendemos a gostar e a apreciar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549801115/in/set-72157628513624309"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7166/6549801115_dc703fed13.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Depois de duas horas sentados no carro, saímos para uma lufada de ar fresco e frio. Paz e sossego.<br />
Preparou-se o carapau assado com batatas e grelos. Carapau grelhado!! Que bom que é ser português!<br />
Fez-se as lidas à casa, visitou-se o resta da família, logo ali ao lado. É só atravessar a horta e tornear as oliveiras. Por aqui, assim como na Atouguia da Baleia, tudo permanece imutável. O avô continua a sentar-se à cabeça da mesa, no mesmo banco, junto do mesmo canivete e sob o mesmo relógio com mais de cem anos.<br />
As sobrinhas, Maria e Catarina, mostraram-nos os seus tabuleiros da tradicional Festa dos Tabuleiros, para nos porem a par do que por cá se tem passado. De quatro em quatro anos, agora temos longa espera até ao próximo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549837297/in/set-72157628513624309"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7163/6549837297_8c603b72db.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Falámos com toda a família, durante o fim-de-semana, às vezes à lareira com aroma de castanha assada, outras ao pequeno-almoço, entre torradas, café e papas de aveia! Contamos-lhes as histórias e desventuras, que não vêem no blogue, de alguns hábitos nutritivos estranhos dos nosso vizinhos europeus. Batatas cozidas ao pequeno-almoço ucraniano, favas cruas em vez de amendoins nos bares de Creta, dez ovos mexidos e salsichas fritas com fartura no despertar polaco, alface com queijo em França. Todos sorriem e a avó exclama "Ai filha!" ao ouvir tais circunstâncias estranhas por que passámos.<br />
<br />
De regresso aos subúrbios lisboetas, arriscámos tirar um dia para resolver assuntos pendentes na capital. Apenas um. Por enquanto, chega e sobra.<br />
A loucura do Natal no Centro Comercial Vasco da Gama, empurrou-nos para um almoço ao ar livre nas escadas do Pavilhão Atlântico. Uma viagem no autocarro cinquenta serviu para fugirmos aos transportes públicos e caminhar o resto do dia. Tudo parece terrivelmente familiar e assustador. Todo este consumismo desenfreado. Todo este stress citadino, toda esta múltiplicidade de estímulos sensoriais. Buzinadelas, telemóveis, semáforos, pessoas aos berros, aviões a razar e comboios a travar. Publicidade por todo o lado. Compra! Compra! Compra!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549865481/in/set-72157628513624309"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7003/6549865481_7ebd187631.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Fugimos.... e entrámos num sítio, junto à nossa antiga casa, onde nos pudéssemos sentir "normais" de novo. Entrámos num supermercado ucraniano. Tinha pouca gente e a que tinha, não era portuguesa. Os produtos e os preços, assinalados em cirílico. Peixe em conserva por todo o lado, centenas de frascos gigantes de pickles, tomates pelados e molhos. Uma prateleira reservada para os rebuçados e doces ao quilo. E, pufuletis! O nosso snack favorito na Roménia, quando saíamos da estrada...<br />
Foi a realização do quão diferente nos sentimos por estar em casa. Do quanto tempo passámos fora e do quão diferente foi a nossa realidade durante esse tempo.<br />
Talvez tenha sido por isso, que passámos a maior parte dos dias, escondidos em casa. Longe do papão da familiaridade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549876421/in/set-72157628513624309"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7003/6549876421_cd848f110a.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628513624309/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">há um ano atrás: <span style="font-size: x-small;"><a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/mais-um-dia-ventoso-pela-frente.html">Générac – Eyguieres</a>, <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/eyguieres.html">Eyguieres</a>, <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/eyguieres-luynes.html">Eyguieres - Luynes</a>, <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/luynes-gonfaron.html">Luynes - Gonfaron</a> e <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/gonfaron-first-week.html">Gonfaron</a></span></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-53057510227309311162012-01-18T10:01:00.015+00:002012-01-18T13:22:08.435+00:00Atouguia da Baleia - Forte da Casa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Da Atouguia da Baleia para o Forte da Casa foi difícil sair. A avó do Alexandre encheu-nos os sacos de comida e as despedidas estenderam-se mais que os planos. Parecia que iamos atravessar um deserto de quinhentos quilómetros! Vá de carregar maçãs, caixas com fatias douradas, bananas, sandes de carne assada, doces de abóbora, bolo doce... Ufa! "São só oitenta quilómetros e chegamos a casa. Não é preciso tanto!", eram frases que soavam na cozinha e saiam pela porta da garagem...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549761957/in/set-72157628513520137"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7142/6549761957_246b99beeb.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Mais uma fotos e de novo nos fizemos à estrada. Nada que não tenhamos já feito. Fizemos este mesmo trajecto, mas no sentido inverso. Já lá vai um ano!<br />
<br />
Assim como o trajecto da casa da Annie até à Atouguia da Baleia, hoje foi um relembrar de velhas estradas.<br />
A paisagem e a estrada foram surgindo nas nossas memórias. "Ahh! Lembro-me desta estrada!", "Parámos aqui para fazer xixi!". Uma sensação estranha, esta vividez de lembranças tão forte.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549772547/in/set-72157628513520137"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7024/6549772547_8f435d92e6.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
O trânsito estava intenso. De certo modo ainda nos aborrece, mas já o encaramos como ossos do ofício. Estávamos a tomar a direcção de Lisboa! Mais ou menos. Nem de longe é Lisboa, o Forte da Casa, mas é um dos grandes dormitórios da capital. A interrupção do Caminho de Santiago, os dias precedentes de Verão nas planícies espanholas e os parcos dias de pedal em Portugal por aldeias, vilas e cidades mais tranquilas. Saudades...<br />
<br />
A partir do momento em que saímos de Torres Vedras a estrada tornou-se mais calma, não a mais calma, mas razoável. Estreita e às vezes o alcatrão tem demasiados remendos. Não impediu que aproveitássemos o solinho e a vista dos topos. Sobral de Monte Agraço e Arruda dos Vinhos ficam nas alturas dos montes e lá nos divertimos a suar que nem Agosto, para chegar a estas cidades.<br />
<br />
Mas ao entrar no Vale do Tejo... PUM! Foi como se tivéssemos atravessado algum portal mágico para a dimensão do smog, neblina e do cimento, com uma estrada a ligar tudo isto e a manter reféns nas suas prisões de metal com rodas, centenas de automobilistas no seu regresso a casa. A N10!<br />
<br />
Voltámos a vestir os casacos. Pelo aspecto da coisa, o sol ainda não brilhou aqui hoje. O que não ajudou a dar cor ao cenário. Fábricas, armazéns, encafuados uns nos outros. Prédios, vivendas e construções sujas de anos e anos de tubo de escape. Tínhamos esperança de ver o Tejo, mas hoje ficou-se pela ilusão. O que se passa aqui? Nós já vivemos aqui... Como?<br />
<br />
A poucos quilómetros de casa, parámos para comprar uns pacotes de aveia e assegurar os bons hábitos matinais ensinados pelo Keith e pela Cathy, em Ostuni. Enquanto um se enfiou no supermercado alemão, o outro ficou, como sempre de guarda às meninas. Um senhor, já de certa idade, que se preparava para subir para a sua lambreta, começa a falar comigo num português estranjeirado. "É alemão? Vêm de Inglaterra". Tive alguma vontade de responder: "Venho do Forte da Casa, a três quilómetros daqui! Existem portugueses a viajar de bicicleta e às vezes moram mais perto de si do que pensa!"<br />
Mas não... fiquei pelo: "sou português" e bastou-me o ar de dúvida e de desconfiança que se segui no senhor, para ter a certeza de que fiz bem em não prolongar a conversa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6549785785/in/set-72157628513520137"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7004/6549785785_3e8c0aab51.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Ultrapassámos mais uma dezena de carros, entalados na hora de ponta, virámos para o Forte e entrámos na Praça das Flores. De flores, já não tem nada. Será que alguma vez teve?<br />
Rapidamente, encostámos as bicicletas, tirámos os alforges, enfiámos tudo dentro do prédio e até à porta de casa.<br />
A Ana toca à campainha, ouve-se uns passos e um ladrar, e logo a seguir, a mãe abre a porta à sua filha. Um ano depois...<br />
<br />
Estamos de novo em casa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628513520137/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/palavas-les-flots-generac.html">Palavas-les-Flots – Générac</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-48224360080531016522012-01-17T10:01:00.039+00:002012-01-17T10:01:00.444+00:00Atouguia da Baleia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Tudo permanece igual após um ano. E ainda bem!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500405177/in/set-72157628390384777"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7155/6500405177_36eef21b6f.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
As sopas de feijão, grão, feijão verde e canjas que a avó faz, continuam saborosas como sempre. Para não falar do fatias douradas, das feijoadas, das carnes e dos enchidos assados. Uma pequena maravilha de cheiros e sabores a sair da cozinha que o avô construiu com as suas próprias mãos.<br />
Esse aspecto é outro que permanece igual. A mutabilidade da casa. Se já mudava com as visitas de mês a mês, depois de um ano, a casa dividiu-se em duas. Paredes nasceram, outras caíram. Janelas interiores e portas escondidas.<br />
A construção de novas ideias não tem fim nesta casa da Rua Direita da Atouguia da Baleia.<br />
<br />
Nós... Nós encontrámos o nosso lugar à mesa, e rapidamente nos sentimos como se nunca daqui tivéssemos saído. Como se apenas um mês tivesse passado. Estivemos mesmo a acampar no topo dos Cárpatos Ucranianos? Parece difícil de acreditar, quando se está enfiado na cama familiar com lã de cordeiro, com a barriga cheia de fatias douradas e o descanso de saber que amanhã não temos que pedalar para lado nenhum.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500359725/in/set-72157628390384777"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7028/6500359725_6927b59be7.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Mas ainda assim, tentámos não amolecer, muito, pois a viagem ainda não terminou.<br />
<br />
Marcámos uma consulta no médico de família das nossas meninas. Na quarta-feira, desmontámo-las, enfiámo-las no carro e fomos com elas até Lavos. Terra do seu criador. Ciclo Cross Julinho. Com quatorze mil quilómetros de viagem e pelo menos três mil antes antes de a iniciar, sem nunca ter mudado de cassetes ou rolamentos, já estava na altura de uma mudança.<br />
Ficámos contentes por voltar a ver o nosso mecânico favorito e por saber que o negócio corre bem em tempos de crise. Pode ser que a malta comece a trocar o carro pela bicicleta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500422641/in/set-72157628390384777"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7016/6500422641_8c01486eb7.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
No dia seguinte à consulta, acordámos cedo e desemperrámos as pernas. Fomos passear até Óbidos de bicicleta, felizes e contentes que nem peixe dentro de água, com o nariz a pingar e as mãos a enregelarem do frio que fazia.<br />
Apanhámos o início de mais uma Feira de qualquer coisa lá na vila. Pelo número de árvores de Natal, devia ter a ver com a época. Deambulámos um pouco pelas ruelas e tirámos fotos, antes de voltar para casa, com o apetite pronto para mais uma refeição d'avó.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390384777/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <span style="font-size: small;"><a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/narbonne.html">Narbonne</a>, <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/narbonne-nizas.html">Narbonne – Nizas</a>, <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/nizas.html">Nizas</a> e <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/nizas-palavas-les-flots.html">Nizas – Palavas-les-Flots</a></span></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-53161137728063799882012-01-16T10:01:00.016+00:002012-01-16T10:01:01.156+00:00Carreira - Atouguia da Baleia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Excesso de confiança.<br />
É a característica que está a sobressair em nós, no que toca a andar de bicicleta e atravessar grandes distâncias. De que forma se explica que nos propuséssemos a fazer mais de oitenta quilómetros e apenas tivéssemos saído de casa às onze?! Seja o que for, foi isso que aconteceu.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500339981/in/set-72157628390329719"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7010/6500339981_9e8229be77.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Depois de um belo pequeno-almoço na companhia da Mónica e da Annie, dissemos os adeuses. Ou até logo!<br />
<br />
A estrada já era para nós uma conhecida. Já a fizemos umas quantas vezes no passado, nos dois sentidos. Mais do que um desenrolar de novas paisagens, passámos o dia a relembrar velhas imagens.<br />
Não parámos. Até chegar à Nazaré, e enganar os estômagos durante meia hora, não parámos. Fizemos Carreira, Amor, Marinha Grande, Nazaré, São Martinho do Porto, Caldas da Rainha, Óbidos e Atouguia da Baleia numa monumental pedalada non stop de seis horas. E ainda assim, já era de noite quando subimos a Rua Direita da vila final. Batemos o record de velocidade média, uns dezasseis quilómetros por hora. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500346445/in/set-72157628390329719"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7018/6500346445_2c96b28cb8.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Talvez também seja a falta de desafio.<br />
Já estamos em casa, as estradas não são novas, pedalamos de casas de amigos para casas de família. Algo está a faltar. O factor desconhecido e surpresa. Já não fazemos campismo há algum tempo e sentimos falta. A última vez que montámos a tenda foi em Espanha, antes de começar a fazer o Caminho de Santiago. Já não usamos o fogão para cozinhar, ou temos a preocupação, sempre presente, de ter comida nos alforges ou refeições mais compostas.<br />
Sentimo-nos a amolecer e a abrandar e puxamos os nossos limites um pouco mais em busca de novidade.<br />
<br />
O pai do Alexandre não resistiu. Quando parámos para beber água, à saída de Óbidos, um carro parou à nossa frente e de lá saiu uma cara conhecida. Demos os abraços e beijinhos à pressa, pois não havia tempo para grandes conversas. A noite estava a chegar rápida e ainda nos faltava uma hora de selim.<br />
<br />
Até a Serra d'el Rei perdeu o encanto. Lembrávamo-nos de uma grande subida a certa altura. Uma longa estrada que nos levava ao topo e nos roubava o fôlego. Já não. Serviu para aquecer e pouco mais. <br />
<br />
Passámos a barreira dos quatorze mil quilómetros no topo, já de noite, e descemos os restantes oito quilómetros até à Atouguia da Baleia, com as luzes de Peniche a dominar a escuridão.<br />
E chegámos. Estávamos na Rua Direita mais uma vez. Tudo parece igual e imutável. Tocámos o sino,e o avô Mayer veio abrir a porta com um sorriso e uns grandes abraços. Minutos depois a avó Lisete também nos veio receber, e sem darmos por isso, seguimos a corrente e encontrámos de novo o lugar à mesa da cozinha.<br />
<br />
Tudo é bom e estranho ao mesmo tempo. Tentámos não dar muita atenção à estranheza. São os últimos esforços da "viagem" a tentar não ser posta porta fora dos nossos "eus".<br />
Há dias que viajámos em território familiar, entre amigos e família. Mas ainda vai demorar tempo até nos sentirmos em casa. Até lá, deliciamo-nos com as comidas d'Avó e com o redescobrir de velhas indumentárias no armário. Roupa nova! Depois de uma ano com as mesmas roupas, já estão tão gastas que todos os dias temos um buraquinho novo. E o que dizer das cores comidas pelo sol! Qualquer par de calças e t-shirts deixadas para trás, são um presente de Natal!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390329719/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/carcassonne-narbonne.html">Carcassonne – Narbonne</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-16077669256945728752012-01-13T10:01:00.026+00:002012-01-13T10:01:00.682+00:00Carreira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Quando é que podemos dizer que a viagem acabou? Quando começarmos a atravessar estradas conhecidas? Quando chegarmos à primeira casa de amigos ou família? Passámos dois dias entre amigos, mas continuamos a sentir-nos estranhos numa terra estranha...<br />
Fomos de bicicleta ao supermercado e imaginamos que a nossa indumentária gasta, as cabeleiras sem penteado, e uma barba farta tipo matagal nos façam parecer um pouco "alternativos". De modo que onde quer que estivéssemos, tínhamos um senhor que, coincidência das coincidências, tinha sempre que fazer pelos nossos lados. Até nos divertiu, mas é ridículo como o aspecto físico é tudo no mundo ocidental!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500314643/in/set-72157628390224349"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7155/6500314643_6c7b24ffb3.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sexta-feira, dois de Dezembro! A Annie trabalhou e nós ficámos por sua casa, a dormir e a comer. Fizemos o jantar: caldo verde, paté e pasta. Caldo Verde!!!<br />
Seríamos cinco à mesa: a Annie, a Marta, uma amiga da Annie e e nós. Tínhamos castanhas salteadas com cogumelos planeadas, mas uma avaria técnica com as castanhas, alterou-nos os planos.<br />
Estávamos nós a braços com a janta, quando chega a Annie. Continuámos pela cozinha até ela nos chamar à sala, " venham cá ver isto!". O que seria? Tínhamos um "presente" cheio de fitas e laços sentado no sofá. Mais uma amiga, de terras algarvias que se juntou à festa! A Mónica que veio de Lisboa para passar o fim de semana com a Annie, mas que por acaso coincidiu com o fim de semana em que nós lhe anunciámos a nossa chegada. Nem combinado teria resultado melhor!<br />
E assim foi, o nosso jantar a cinco, com a Marta que chegou pouco depois. Muita conversa, que nunca é suficiente para pôr em dia, os anos, meses e vidas que passamos sem estar juntos. Mesmo assim ajuda a matar saudades e reconforta-nos ter amigos de quem gostamos tanto junto a nós, pelo menos por um fim de semana. Há que aproveitar.<br />
Deitámo-nos depois da uma da manhã. Ei, bem bom! À conversa, com filmes ou vídeos populares do que se passou em Portugal! É bom, mas continua a ser esquisito...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500306931/in/set-72157628390224349"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7035/6500306931_33234ac25d.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Pela tarde, fomos ver o Atlântico! Ironia das ironias...<br />
Terminámos o Caminho de Santiago em Santiago, quando havia a possibilidade de continuar até ao oceano, se seguíssemos para Fisterra. Nesta tarde, vimos o oceano de novo, após um ano, na Praia da Vieira!! ...da Vieira...<br />
<br />
Na noite de sábado, tivemos mais uma surpresa. Uma surpresa da Marta e uma noite por conta da Annie, disse-nos ela. Saímos de carro e parámos junto à igreja, num salão de festas! Escuteiros! Muitos escuteiros. Fizemos a fila para entrar com uma tigela e um colher na mão. Sopas! Já parecia bem! Quando nos fizeram reparar bem na decoração das paredes adivinhámos os fados!<br />
Uma mesa corrida com nove sopeiras cada qual com sua sopa, que podíamos experimentar e repetir à nossa vontade! Mais umas taças de 'zeitonas, pão e broa de milho, e uns jarrinhos de vinho tinto!<br />
Ficámos numa mesa com mais uns amigos da Annie e da Marta, que andava pelo meio da confusão a tentar organizar e orientar os escuteiros mais jovens.<br />
Os Entre Linhas chegaram para animar a malta e começaram o repertório. "Vou dar de beber à dor", "Fui à feira de Castro", "Senhor Vinho" e mais fados conhecidos que a jovem fadista nos pediu para cantar com eles enquanto batíamos as palminhas. Enquanto as luzes estavam apagadas não podíamos ir às sopas, pelo que o Alexandre só completou as nove sopas depois do primeiro intervalo. Uma barrigada à portuguesa com sopa e fados pela noite fora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500334773/in/set-72157628390224349"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7011/6500334773_82eccc6691.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Alguém atirou para o ar, "vamos ver um filme!" Depois das três da manhã, quando o filme acabou, é que fomos todos dormir!<br />
Foi assim na casa da Annie. Um fim-de-semana de reecontros com amigos e com a nossa cultura e gastronomia portuguesa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390224349/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <span style="font-size: small;"><a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/la-bastide-de-besplas-loubieres.html">La Bastide de Besplas</a> - <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/loubi%C3%A8res-carcassonne.html">Loubières e Loubières – Carcassonne</a></span></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-78712564739148216742012-01-12T14:01:00.000+00:002012-01-12T14:01:00.434+00:00Arganil - Carreira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Chegámos a Dezembro, e ainda andamos em cima da bicicleta.<br />
<br />
Tivemos mais uma noite tranquila no quartel dos bombeiros, com uma camarata só para nós. Despachámo-nos rápido, dissemos adeus à Dona Teresa. "Por detrás de uns grandes bombeiros há sempre uma grande mulher, neste caso a Dona Teresa". O que deixámos escrito.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500282831/in/set-72157628390174657"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7001/6500282831_3e8212b8bf.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Arganil, enfiado num vale profundo da serra, estava coberto de neblina. Deve ser assim a maior parte dos dias. Cada dia que passa temos menos frio de manhã, pois estamos cada vez mais a sul. Subir serras ao despertar também ajuda a ficar quentinho. E destas, não sei quantas atravessámos hoje. Andámos pela Lousã, Miranda do Corvo, Condeixa-a Nova, Louriçal... Um sem número de terras, em que dizíamos a nós próprios: "Só mais esta. Só mais esta". Subíamos e descíamos como se não houvesse amanhã. Foi divertido, mas cansativo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500288169/in/set-72157628390174657"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7003/6500288169_25fd79ea57.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Não tínhamos planeado isto, mas quando chegámos a Condeixa, já com sessenta quilómetros nas pernas, e com o sol a começar a descer, deu-nos na cabeça, e decidimos não ficar a conhecer os bombeiros de Soure, mas sim seguir em frente até à casa da Annie, na Carreia. Nem sei como o fizemos.<br />
<br />
A estratégia seria chegar até à nacional cento e nove, antes que a luz do dia se esfumasse de vez. Esta parte conseguimos, mas o que veio a seguir, não é para repetir.<br />
Uma coisa, é fazer mais de cento e doze quilómetros na Alemanha, onde os últimos dez, são pedalados ao longo de uma grande cidade, totalmente preparada e iluminada para os velocípedes. Outra é fazer cento e treze na nacional cento e nove. Carros por todo o lado, camiões a abrir, obras ao longo da estrada, troços de estrada completamente às escuras. Será que aprendemos algo neste ano de viagem? É a pergunta que nos invade a cabeça, quando depois de meses temos um comportamento destes!<br />
Fomos ambiciosos. Arriscámos e tivemos sorte, armados com um colete reflector, duas luzinhas vermelhas a piscar atrás e uma quinta-feira feriado que, provavelmente ,fez diminuir o volume de trânsito.<br />
Mas conseguimos. Chegámos dez minutos antes das sete, hora em que a Annie planeava sair de casa para os seus compromissos.<br />
<br />
De alguma forma, senti que esta chegada, foi mais um prego no caixão da viagem. Atravessámos um pouco do Norte frio de Portugal, sem nunca ter que acampar ou chegar a sentir frio a sério. Agora estamos numa casa de amigos de longa data. A partir daqui, as etapas serão de família em família. Acabou-se, por enquanto, o factor surpresa. O começar o dia, sem saber onde vamos dormir...Acabou de acabar-se, e já estou a sentir-lhe a falta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500298345/in/set-72157628390174657"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7143/6500298345_fa2b4883c3.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
A Annie e a Marta, foram ao teatro. Nós... Ficámos por casa, e fizemos o nosso "teatro" com um frango e meio assado, acabadinho de sair da churrasqueira da zona. Para muita gente seria apenas mais um. Para nós, o primeiro depois de um ano de ramadão! Soube a pato!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390174657/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/monfta-la-bastide-de-besplas.html">Monfta – La Bastide de Besplas</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-6459027224241974762012-01-11T10:01:00.000+00:002012-01-11T10:01:01.543+00:00Celorico da Beira - Arganil<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Apertámos a mão ao bombeiro que lá estava e saímos. Os planos eram chegar até aos próximos bombeiros, que podiam ser de Oliveira do Hospital, Tábua ou Arganil, consoante o nosso humor e cansaço.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500270665/in/set-72157628390150943"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7171/6500270665_204b2e9e5f.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Passámos mesmo ao lado de Gouveia e Seia. A Serra da Estrela foi companhia durante todo o dia, sempre a "direito"pela nacional dezassete. Bastante mais tranquila do que esperávamos. À nossa esquerda as montanhas e os picos erguiam-se altos e cheios de neblina. Tivemos nevoeiro até à uma e meia da tarde, e por isso vimos pouco da maravilhosa paisagem que nos envolvia.<br />
Almoçámos em Póvoa das Quartas, numas mesas de jardim de uma colectividade desportiva. Com o pessoal da vila sempre a espreitar o que fazíamos.<br />
<br />
Quando chegámos a Arganil, fomos primeiro às compras! Os bombeiros não são nenhum albergue e por isso longe de nós sequer pensar em cozinhar. Vamos preparados com comida para sandes. Quando encontrámos o quartel, primeiro parecia um edifício pequeno, mas assim que passámos a garagem entrámos num pátio rodeado por um prédio. Tudo pertencia aos bombeiros, que nos explicaram que tinham muitos quartos a alugar a professores, por exemplo. Por sorte o comandante estava por ali e ligou logo à direcção. Pedimos só um sítio para estender os sacos cama e por pouco parecia que era mesmo isso, que íamos ter. Até que foram falar com a encarregada da roupa e das camas, a Dona Teresa. Veio conhecer-nos e dizer-nos que iria preparar as nossas camas. Apesar de termos insistido que não queríamos dar mais trabalho e que podíamos muito bem dormir nos sacos cama, a Dona Teresa passou a ferro mais os nossos lençóis e toalhas e deixou-nos tudo preparado, juntamente, com os bombeiros do turno das emergências que dormiam ali ao lado, num quarto só de duas camas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500276761/in/set-72157628390150943"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7028/6500276761_89cfc96dd5.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Puseram-nos à vontade, depois de nos apresentarem as instalações comuns e a camarata. Cada qual foi ao seu trabalho. Isto não era couchsurfing, para ficarmos à espera de que alguém ficasse connosco. Sabíamos isso. Também não era um albergue onde pagamos e vamos à nossa vida. Sabíamos isto tudo. O que não impedia que o sentimento de querer partilhar ao menos uma conversa com alguém surgisse. Estamos cansados ao fim de uma dia a pedalar, mas tanto tempo de convívio com os nativos da região, já nos habituou ao conforto de uma noite tranquila à conversa com anfitriões antes de irmos dormir.<br />
Por isso, enquanto achámos cedo demais para nos retirarmos para o quarto, mantivemos-nos pela sala de convívio a levar com o zaping e o filme que o jovem David escolhia, enquanto consultávamos à vez a internet, uma vez que ali tínhamos wifi gratuito e desbloqueado. Esperando encontrar um equilíbrio entre o socializar e o descansar.<br />
<br />
A Dona Teresa passava atarefada de um lado para o outro e justificou-se ela pela sala de convívio, que ainda não tinha voltado ao que era, depois da festa de aniversário dos bombeiros, de à dois dias. A certa altura, veio ter comigo, dizer-me que se quiséssemos dormir ali, por causa de termos o calor da salamandra, que podíamos.<br />
<br />
Mas preferimos dormir mais sossegados e com mais privacidade. Subimos mais um lance de escadas e fomos dormir, nas camas que a Dona Teresa tinha feito para nós, mas dentro dos sacos cama.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390150943/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/monfta.html">Monfta</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-49286352339036038812012-01-10T10:01:00.002+00:002012-01-10T10:01:00.926+00:00Almeida - Celorico da Beira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Será que a neblina se vai repetir esta manhã? Dentro do conforto do quente saco-cama, entre quatro paredes de pedra do tempo das invasões Napoleónicas, o dia não deixava adivinhar.<br />
Abrimos a porta e recebemos uma lufada de ar fresco e céu azul! Viva ao sol Invernal!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500244039/in/set-72157628390091523"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7015/6500244039_25d684a389.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Saímos da vila, não sem antes entregar a chave ao chefe dos escuteiros. Estava a tomar um café. Convidou-nos para um também, mas queríamos aproveitar o bom tempo. Por momentos lembrei-me do casal grego que nos convidou para um café, numa manhã chuvosa...<br />
<br />
Seguimos as placas para Pinhel. Descemos até ao Côa, cheios de frio na carola, com o vento a raziar nas orelhas. Durante a subida, vá de largar camisolas, luvas e gorros. Na descida seguinte, vá de vesti-los de novo. É assim andar de bicicleta no Inverno. É fixe, porque de certa forma, está-se melhor a pedalar, do que parado. Por muito frio que esteja no ar.<br />
<br />
O mapa da Repsol, indica que as estradas que atravessámos hoje, seriam bonitas e imersas na Natureza. Nós não a vimos. Ao sair do rio Côa, a neblina cobriu as serras de novo e passámos o resto da manhã "nas nuvens".<br />
<br />
Ainda nos custa acreditar que estamos em Portugal. Olhamos para as coisas com olhos habituados a receber novas imagens e a procurar pequenas diferenças. Ao sair de Portugal, não o fazíamos, mas agora sim. É como se estivéssemos a pedalar por outro novo país. Ainda não saímos das rotinas da bicicleta, mesmo que estejamos em casa.<br />
Ainda nos sentimos como estranhos no nosso próprio país. As nossas conversas em português iam desde o mais básico monossílabo, até às rotinas da viagem. Agora entram-nos nos ouvidos frases como " Está com pressinha?", ou " Diga lá dona!", ou "Quer um saquinho?" que por muito portuguesas que sejam, soam a forçado, como uma nova língua que escutamos!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500259243/in/set-72157628390091523"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7035/6500259243_68f6643b4f.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Chegamos a Celorico da Beira às quatro da tarde. Parecia muito cedo para pedir guarida, só que o frio e o manto da noite chegam entre as cinco e as seis. Precavemo-nos com comida para sandes, e seguimos à procura dos bombeiros locais. Seguindo a estrada principal de pedra encontrava-se do nosso lado esquerdo. Chamamos por alguém com "boa tarde" (até isto nos soa esquisito, já lá vai tanto tempo desde que o utilizávamos) e aparece um senhor bombeiro. Pedimos para pernoitar, telefona ao chefe que telefona à direcção e sim, podemos ficar. Por momentos o bombeiro que nos recebeu olha-nos com ar de quem já nos viu antes. Pergunta se é a primeira vez que aqui estamos. Para nós é, mas depois de alguma conversa, percebemos com quem nos confundiu. Pelos vistos o Rafael e a Tanya (<a href="http://www.2numundo.com/">2numundo</a>) também pernoitaram com os Bombeiros Voluntários de Celorico da Beira o ano passado, logo ao início da sua viagem de bicicleta, de Ovar até Macau.<br />
Arrumamos as bicicletas, o senhor bombeiro mostra-nos a camarata, dá-nos toalhas e indica onde estão os lençóis. Muito mais do que pedimos e esperávamos. Um luxo! Com estas temperaturas frias, só não queremos é dormir lá fora!<br />
<br />
Ainda é cedo, mas estamos cansados. Ouvimos os bombeiros nos corredores. Se pudéssemos íamos já dormir. Andar todo o dia a subir e a descer dá-nos conta do corpinho...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390091523/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/villenueve-de-riviere-monfta.html">Villeuve-de-Riviére – Monfta</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-11908815458720782992012-01-09T10:01:00.015+00:002012-01-09T10:01:00.296+00:00Vitigudino - Almeida<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Neblina....<br />
A Ana Rita saiu cedissímo para conseguir entrar ao trabalho na capital de Portugal a horas. Nós fizemos-lhe companhia no despertar e até ser a vez do Nuno entrar ao serviço, preparámos as alforges, mais uma vez. Eram nove quando começámos a pedalar. Durante toda a manhã, uma constante: neblina. Não levantou, por mais que pedalássemos. Quer subíssemos colinas ou atravessássemos vales, a neblina manteve-se e tornou a maior parte do dia frio e molhado. Em especial na farta barba que apanha nas suas pontas as gotículas de água que pairam no ar. De vez em quando, tinha que limpar a cara para que não enregelasse.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500208169/in/set-72157628390004681"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7152/6500208169_2d64f2b69b.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Não conseguimos ver nada da paisagem e ainda chegámos a andar às voltas em estraditas secundárias sem sinalização ou direções, um pouco perdidos na neblina.<br />
Quando finalmente parámos para almoçar, à uma e meia, numa terreola perdida, as nuvens subiram o suficiente e dispersaram, deixando o pouco calor do sol chegar até nós. A Ana dormitou dez minutos, pois estava a cair de sono. As horas de deitar do fim de semana a fazerem-se sentir!<br />
<br />
Um passeiozito entre as aldeias de Espanha e quase sem darmos por isso, chegámos. Fiquei com a sensação de estar a entrar pelas portas das traseiras de Portugal. Antes de chegar à aldeia do Vale das Mulas, dentro de uma horta, uma tímida placa azul com umas estrelinhas amarelas, e a palavra Portugal. Conseguimos... Finalmente conseguimos regressar...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500224803/in/set-72157628390004681"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7008/6500224803_797e568f91.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
A lágrima veio ao olho e o beijinho prometido no asfalto português, assim como na humilde placa. Foi das sensações mais estranhas que alguma vez experimentei. Contente e triste ao mesmo tempo. A última fronteira e o destino tão ansiado. Estamos de regresso, mas também estamos a dizer adeus. Adeus às pequenas diferenças e hábitos que construíram casa em nós no último ano.<br />
Adeus às dúvidas de leitura nos supermercados ou nas placas de sinalização.<br />
Adeus aos sons diferentes de outras línguas.<br />
Adeus às sabores de cada país, às imagens de diferentes construções.<br />
Adeus às taxas extra sempre que telefonamos ou usamos o multibanco.<br />
Adeus às feições diferentes das diferentes nações.<br />
Adeus aos outros fusos horários.<br />
Adeus às pequenas diferenças que se tornam familiares e bem vindas depois de passarmos algum tempo noutro país.<br />
Adeus ao não nos fazermos entender.<br />
Adeus...<br />
<br />
Entrámos lentamente na aldeia... Parámos numa fonte à entrada da localidade e ouvimos umas pessoas a falar. Suou estranho ao início, mas reconhecível. Como algo que sempre soubemos, mas que esquecemos que sabíamos. A primeira pessoa que vimos, um pedreiro a trabalhar naquilo que nos pareceu ser a sua casa.<br />
Dizemos boa tarde e apesar dos olhares estranhos (estamos de biclas carregadas), as pessoas respondem de volta.<br />
<br />
Terminamos os quilómetros que faltavam até Almeida. Também não esperávamos isto, embora o Nuno já nos tivesse avisado. Dois conjuntos de muralhas em forma de estrela, rodeiam a cidade. Ainda um pouco atordoados, como se fosse um monumental "jet lag" de viagem, estacionamos na Praça da República. A Ana vai a uma mini-mercado. Estamos habituados a comprar pão nos mercaditos de aldeia. Aqui não. Somos encaminhados para a padeira da cidade. Enquanto vamos para lá, olhamos para os transeuntes. São mais morenos. São familiares e estranhos ao mesmo tempo. Quando falamos com a padeira e a senhora do posto de turismo, o sotaque relembra-nos o quão ao Norte nos encontrámos.<br />
<br />
Mas o sol não liga às horas, embora tenhamos "ganho" mais uma ao mudar de país. Depressa a luz se esvai. Tentamos a nossa sorte nos bombeiros, com palavras em português tímido. É de loucos pensar em acampar nos campos e florestas com um frio destes. Mas eles estão em fase de mudança de instalações e por isso não podem receber-nos. Mas prontamente telefonam ao encarregado das instalações dos escuteiros e em menos nada, estamos a seguir um carro na neblina cerrada que se instalou entre as duas muralhas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6500240335/in/set-72157628390004681"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7142/6500240335_e1380ee274.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Carregamos as meninas para o antigo paiol, remodelado para receber grandes grupos, escuteiros ou viajantes extraviados de bicicleta que há mais de um ano que não pisavam a sua pátria.<br />
O nosso cantinho...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628390004681/show/">Mais fotos... </a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/tarasteix-villenueve-de-riviere.html">Tarasteix - Villeuve-de-Riviére</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-82912718808804879632012-01-06T14:01:00.017+00:002012-01-06T14:01:02.714+00:00Vitigudino<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">É fim-de-semana. E embora ainda não estejamos em Portugal, já sentimos a sua presença. A sua familiaridade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499521039/in/set-72157628388308795"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7160/6499521039_48228e8eb3.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
São dias de descanso para o Nuno e a Ana. Para nós também, de certa forma, porque o tempo que passámos com eles, traz-nos recordações do que imaginamos que nos espera, ao chegar. Estamos um pouco inquietos.<br />
<br />
Durante os dois dias que estivemos em Vitigudino, fomos saciando algumas das dúvidas que nos assolavam, quando ouvíamos e líamos sobre o estado do nosso país. Ficámos um pouco mais tranquilos com o optimismo da Ana e do Nuno. Portugal pode estar em maus lençóis, mas não é altura de desesperar, de cruzar os braços ou desistir.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499529845/in/set-72157628388308795"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7152/6499529845_94f391ca25.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Se calhar, ficámos mais bem dispostos por causa das fantásticas refeições que o Chefe Nuno construía na sua cozinha. Podemos ter comido uma tortilha quando chegámos, mas comemos bacalhau no almoço de sábado! Finalmente o nosso rico peixinho! Comemos massada de peixe! Comemos Barrigas de Freira! Bebemos vinhos alentejanos e provámos enchidos do Fundão! Ficámos horas e horas há mesa, na conversa. Que rico prazer!<br />
Conhecemos muitas mesas, mas é numa mesa com mais portugueses que passamos mais tempo. Tal como com a Catarina e o André, na Inglaterra, as três refeições do dia, eram os momentos mais importantes do dia.<br />
<br />
No sábado fomos esticar as pernas a Salamanca. Coberta em nevoeiro. Mostrámos o astronauta da catedral, à Ana Rita e ao Nuno, tal como a Mia nos mostrou a nós, há um ano atrás. Bebemos um café com leite no centro e carregámos a bagageira do carro com mais sacos de comida do supermercado. Somos portugas ou quê?<br />
<br />
No domingo, fomos visitar os locais onde o Nuno trabalha durante a semana. Escritórios, minas e laboratórios. O Nuno ainda nos perguntou se queríamos ir visitar Portugal, mas preferimos guardar estas emoções para o momento de atravessar a fronteira, na segunda-feira.<br />
Tirámos a barriga de misérias, e não falamos só de comida! Mesmo que tenha começado como uma brincadeira, este bocadinho de Portugal mesmo antes de entrar soube a preparação, a uma gradual readaptação à nossa cultura.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499545421/in/set-72157628388308795"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7035/6499545421_f5e6b4b56b.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Ficámos acordados até tarde, entre chão e sofás. Meio adormecidos entre uma viagem de um ano a desvanecer nas memórias e as novidades que absorvemos sem cansar. Será que saímos mesmo daqui? Que fizemos uma viagem de um ano?<br />
<br />
Bem dizia a Kathrin que é incrível assustador a velocidade com que escorregamos direitinhos de novo e nos adaptamos ao "sistema"!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628388308795/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/castetarbe-tarasteix.html">Castétarbe – Tarasteix</a> e <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/tarasteix.html">Tarasteix</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-61037756329847774142012-01-06T10:01:00.017+00:002012-01-06T10:01:00.821+00:00Zamora - Vitigudino<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Será por estarmos com muita vontade de regressa a casa? Talvez seja o medo do frio que nos poderá apanhar se pararmos? Poderá ser que a nossa resistência física tenha aumentado com o Caminho de Santiago? Algo disto é, de certeza, pois andamos a pedalar com muito mais gana, muito mais longe em muito menos tempo e nos finais do dia, não nos sentimos assim tão cansados.<br />
Hoje fizemos mais de cem quilómetros. O sol ainda brilhava quando chegámos e as energias pareciam não se ter esgotado totalmente.<br />
<br />
Saímos do albergue de Zamora. Depois dos albergues do Caminho Francês, este é de luxo, como diria o Santi. Uma super simpática Belén, um pequeno-almoço oferecido de café, biscoitos, leite e cereais. Um ambiente familiar. Gostámos, e dissemos os adeuses ao mundo do Caminho, nesta viagem, e enfrentámos a neblina do Douro, que enchia a a cidade de Zamora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499492665/in/set-72157628388238299"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7017/6499492665_4014d9028f.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Sabíamos que seria um dia longo, por isso houve algum stress matinal, em sair cedo. Mais ainda quando perdemos uma hora para encontrar a estrada certa para sair da cidade. Cruzamentos com auto-estradas, e nomes parecidos, levaram-nos a andar as voltas que nem uns tontinhos. Mas tudo acabou bem, e ao apanhar a ZA-305, foi ir sempre em frente.<br />
Subindo ao de leve para sair do vale do Douro. Os campos vastos desta região de Espanha continuam. Mas as árvores começaram a aparecer. A paisagem mudava lentamente para a paisagem que nos disse adeus ao sairmos de Portugal há um ano atrás. Está quase, está quase....<br />
<br />
Um estrada tranquila pelo interior, uns "cerdos" a pastar aqui e e ali, muitas aves de rapina a povoar os céus. Como é bom andar de bicicleta. Ainda mais quando está frio e é em cima da bicicleta que nos sentimos mais quentinhos com o esforço físico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499505057/in/set-72157628388238299"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7147/6499505057_1112de3073.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Foi sempre a bombar durante seis horas de selim. Chegámos a Vitigudino, mais cedo do que esperado. Mandámos a mensagem ao Nuno e esperámos nervosos que ele viesse. Seria o nosso primeiro contacto com pessoas familiares da nossa "antiga vida". Será que o português nos vais soar diferente? Será que eles estão muito diferentes ou nós para eles?<br />
<br />
Foi com alívio que a voz do Nuno não estranhou ao entrar nos nossos ouvidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
Fomos às compras para o fim-de-semana e antes de entrar na gastronomia portuguesa, experimentámos a bela da tortilha, um pincho de porco preto grelhado, e umas fatias de queijo de ovelha curado. Uma delícia.<br />
A Ana Rita chegou mais tarde, depois de quatro horas ao volante desde Lisboa, e ao som de todas as vozes familiares, ficámos na converseta até às duas da manhã. Actualizámos as novidades de Portugal e fizemos-lhe montes de perguntas, "como está o país?", pois tudo o que ouvimos e lemos é pessimista e um pouco derrotista. Mas eles não o são, e ao arrumar os pratos, o ânimo ficou mais em alta depois de os ouvirmos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499516975/in/set-72157628388238299"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7143/6499516975_ee0a5c48a4.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Antes de ir dormir, a bica, ou não fosse isto uma casa portuguesa, concerteza.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628388238299/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/12/castetarbe.html">Castétarbe</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-33207925236275068182012-01-05T14:01:00.017+00:002012-01-05T14:23:35.537+00:00Castromonte - Zamora<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Saímos cedo do albergue, como manda a tradição peregrina. O dia acabado de começar e nós a pedalar pelos planaltos e extensas superfícies de cultivo. Por aqui, as distâncias são maiores de aldeia para aldeia. Como seria fazer realmente o Caminho nestas bandas?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499479471/in/set-72157628388206803"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7155/6499479471_117159a134.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Com as luvas de Inverno, as ceroulas e as três blusas, mais um casaco, enfrentámos aquele que seria um primeiro dia completo de viagem pelo Inverno espanhol. Também tínhamos gorro...<br />
O frio ficou à porta por hoje. Mas mesmo à rasquinha. Se estivesse a chover ou um pouco de vento, teria sido bem diferente. Mas não foi, e sentíamo-nos bem por voltar a estar em cima do selim, mesmo que o rabinho o estranhasse. Bem, por voltar a ver as paisagens a decorrer à nossa frente, com o som do asfalto por debaixo. Bem, por voltar a ver o mapa, escolher as estradas mais secundárias e mudar de planos consoante os percalços do dia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499483725/in/set-72157628388206803"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7021/6499483725_2705eed5a4.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Talvez pelo frio ou pelas saudades de pedalar, mas as sessões de cadência são agora mais longas. Sem sequer cansar, chegámos a Toro à hora do almoço, envolto numa fria neblina, com quase cinquenta quilómetros no papo.<br />
<br />
Até Zamora, foram mais trinta, seguindo as margens do rio Douro de novo. Sentimos que nos estávamos a aproximar de casa. Como será que está depois de um ano?<br />
E como que para acentuar mais a sensação de proximidade tuga, eis que as placas no centro de Zamora, já indicam Portugal! Com Miranda do Douro a vinte e poucos quilómetros daqui, a vontade de continuar é muita... Mas ainda não. Temos outros sítios para visitar primeiro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499487589/in/set-72157628388206803"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7164/6499487589_f2400370e9.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Chegámos ao albergue às quinze e trinta. E que albergue... A hospitaleira, Belén, ofereceu-nos logo um chá de frutas ao chegarmos para bebermos enquanto preenchíamos a papelada. A Belém, adora o Algarve, em especial a zona da Ria Formosa. Foi fácil a conversa com tanto em comum. E ela contou-nos que já viu umas setas amarelas na zona de Tavira. Deve haver por ali um caminho....<br />
O albergue, que estaria mais uma vez por nossa conta, equipado com cozinha e casas de banho nos quartos, que por sinal, têm vista para o rio e a cidade de Zamora. Nada mau para um albergue de donativo. Reyn, onde estás tu quando encontramos sítios destes para pernoitar?<br />
<br />
Fomos devolver os ponchos à Decatlhon, comprar paparoca e passar o resto da noite a cozinhar para o jantar e almoço de amanhã. Este será o nosso adeus aos albergues e durante algum tempo ao Caminho de Santiago. Um dia voltaremos a ele, é certo.<br />
<br />
Gostamos de Zamora. Não vimos muito, mas o pouco que vimos, vez-nos crer que esta poderia ser uma cidade interessante onde morar uns tempo. Talvez por isso, Belén esteja pela terceira vez a fazer de hospitaleira neste albergue.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628388206803/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/11/saubrigues-castetarbe.html">Saubrigues – Castétarbe</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-34274165135254342862012-01-05T10:01:00.012+00:002012-01-05T10:01:01.248+00:00Dueñas - Castromonte<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Pablo é sempre o primeiro a acordar nesta casa. Dissémos-lhe adeus enquanto ele ia em bicos nos pés do seu quarto para a cozinha, passando por nós, ainda meio a dormir no sofá. Entre a escuridão e as portas e olhos semi-abertos, percebemos que a Cláudia já estava a estudar para o exame de hoje.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499462663/in/set-72157628388173837"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7148/6499462663_c47375f3c9.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Entre o pequeno-almoço descafeinado com a Maria e o Albierto, a despedida fugida da Cláudia que já ia atrasada, e o aprender de novo a encaixar os alforges, era quase uma hora da tarde quando finalmente re-aprendemos a pedalar de bicicleta. Dissemos adeus a esta família que mais parece a nossa.<br />
<br />
O céu azul e o vento de feição, auspiciavam uma bela tarde de passeio até à vila de Castromonte. A uns meros 50km, devíamos lá chegar a meio da tarde e pôr em prática o nosso plano de atravessar Espanha, evitando as noites frias. Vamos cruzar os outros caminhos de Santiago. O que vem de Madrid e a Via da Prata, que começa em Sevilha, pernoitando nos albergues. Ainda temos a credencial de peregrino na mão e pretendemos dar-lhe uso enquanto pudermos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499473975/in/set-72157628388173837"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7164/6499473975_eacd6cb0a7.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Mas... Já não temos as práticas ciclistas afinadas na perfeição, as pernas habituadas, ou as rotinas bem oleadas. O belo passeio, tornou-se num pequeno calvário e corrida contra o sol que é mais rápido que nós a esconder-se do frio. Não encontrámos a estrada certa e acrescentar mais uns dezoito quilómetros às pernas também não ajudou, assim como o simples almoço de pão com marmelada. Depois de um mês a comer marmelada todos os dias, ela vai perdendo o seu encanto...<br />
<br />
Já com estrelas no firmamento, entramos em Castromonte. Perguntamos a umas senhoras pelo albergue. De casa em casa, de boca em boca e depois de uns telefonemas, lá estávamos nós a ser recebidos pelos funcionários da junta, que antes de nos deixarem, convidaram-nos para merendar nas festas da vila, lá para as oito da noite.<br />
O albergue era só para nós e com a rotina de peregrino ainda bem presente, um fez logo o inventário do material e comida disponível, enquanto o outro escrevia.<br />
<br />
Um arroz com chouriço mais tarde, um passeio de cinquenta metros, e entrámos num armazém onde os nativos da vila se juntavam entre uma nuvem de fumo de cigarro (estamos em Espanha), a petiscar chouriços, presuntos e bolos. Mal entrámos fomos logo recebidos com uma bandeja de bolos e bolinhos. Encaminharam-nos para o alcaide a quem apertámos a mão, e a uma portuguesa oriunda de Alcântara, que aqui vive com o marido espanhol há doze anos. Este ofereceu-nos um cuba libre...<br />
<br />
Não ouve tempo para muitas conversas, pois de repente uns gritos atrás de nós desviaram a atenção de todos os presentes. Um senhor já mais velho caiu. Estamos numa pequena vila, onde toda a gente se conhece e por isso todos querem ajudar. Acotevelaram-se ao redor do velhote, com uma das suas filhas a chorar e aos gritos. A Isabel, a portuguesa, explicou-nos quem era quem e que nos últimos três dias, houve três funerais de filhos da terra. A festa de repente, virou para algo bem diferente...<br />
O senhor não melhorava apesar dos esforços da irmã do alcaide que era enfermeira. O desespero de muitos, fez com que uma ambulância fosse chamada. Esta apareceu vinte minutos depois, para levar o senhor. Pelo que percebemos, foi um pequeno enfarte. Esperamos que fique bem, pois não mais o voltámos a ver nessa noite.<br />
Ainda nos aguentámos no armazém da festa mais um bocado, mas a vontade de celebrar fosse o que fosse já se tinha perdido.<br />
<br />
Dissemos adeus a todos, e voltámos para o albergue quentinho...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628388173837/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/11/regresso-saubrigues-parte-2.html">Saubrigues</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-47208074236020384512012-01-04T14:01:00.010+00:002012-01-04T14:01:00.142+00:00Dueñas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Ao todo fizemos quatro máquinas de roupa durante o dia, até termos tudo lavado e estarmos mais descansados em relação ao extermínio de possíveis parasitas.<br />
<br />
Durante a manhã, tomámos o pequeno-almoço com a Maria e Albierto. Descafeinado, torradas com doce e manteiga. A converseta e descontracção da Maria e Albierto, já nos faz sentir parte da casa também. Mas eles tinham trabalho de casa para preparar e nós também. Tínhamos de arrumar e preparar não só os alforges e bicicletas, mas também a nossa forma de encarar o dia de amanhã.<br />
Vamos voltar para um modo de viagem que já está entranhado em nós, mas já nos desabituámos.<br />
<br />
Sem grande vontade ou paciência para voltar a ordenar e organizar os alforges, lá labutámos durante o dia com isto. É a parte final da nossa viagem, o regresso a Portugal e a casa. É como se tivéssemos tão próximos de casa, que achamos que já não é preciso ter muitos cuidados, que até agora eram essenciais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499269403/in/set-72157628387736097"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7174/6499269403_bea7d0a864.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Trocámos a câmara de ar. O quarto furo em quase treze mil e quinhentos quilómetros. E todos na bicicleta da Ana. Seja como for, não nos podemos queixar. Abençoados pneus!<br />
À tarde, enquanto um escrevia, o outro fazia salames de chocolate com o Pablo, para que a receita portuguesa ficasse ensinada nesta casa espanhola.<br />
<br />
Nós gostamos de estar em Dueñas.<br />
A Maria, o Albierto, a Claudia e o Pablo, não alteram as suas rotinas e hábitos por nós aqui estarmos. Isso faz-nos sentir ainda mais em casa. É como se fosse a nossa.<br />
Antes de ir para cama, Pablo lembrou o resto da casa que era hora de ver o "telediário". Vimos as noticias e conversámos mais um pouco, antes de ir para a cama, com aquela sensação de nervosismo miudinho. Amanhã, voltamos as bicicletas e à realidade de mais um dia cheio de incertezas, desconhecidos e dúvidas de onde iremos dormir.<br />
Além disso, já não podemos contar com dias soalheiros e longos. O Inverno está à porta e com força.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628387736097/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/11/regresso-saubrigues-parte-1.html">Forte da Casa – Saubrigues</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-18742483311627305582012-01-04T10:01:00.015+00:002012-01-04T10:01:00.900+00:00Santiago de Compostela – Dueñas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Seis menos quinze e soou o alarme do primeiro despertador. Dez minutos depois um novo despertador fez-se ouvir e tirou-nos da cama. Acendemos a luz e toca a despachar e arrumar. Quando pego na minha almofada e me preparo para tirar a protecção, vejo um pontinho do outro lado. Ponho a mão e trago um bichinho morto. Volto a concentrar-me na almofada e vejo mais dois, um deles bem grande! Dois piolhos enorme e vermelhos, cheios do meu sangue, que andaram a papar durante a noite. Ao tirar a coberta do colchão mais!!! Muitos, muitos mais, dezenas a escalar a parede! Quando tiro o meu casaco mais outro ali ao lado. Tínhamos as paredes cheias dos dois lados!!! Nem sei que pensei! Frustração e um ataque de fúria a surgir. No último dia tinha que acontecer isto! Fui ao guarda dizer-lhe que tínhamos o quarto infestado de piolhos da cama e queria que viesse comigo ver, mas ele acreditou sem ver e fez só a nota escrita que devia avisar os responsáveis.<br />
<br />
Mesmo à porta da saída, fazíamos os últimos preparativos. O caminho tinha uma última surpresa para nós. No meio do corredor aparece o Santi! Ficámos os três com cara de parvos a entreolhar-nos. Ele, especialmente, a perguntar o raio fazíamos ali! Demos-lhe um valente abraço antes de sairmos com um sorriso estampado na cara. O Santi bem dizia "o caminho dá-te o que precisas, não o que queres!" Pelos vistos tinha mais uns piolhos e um amigo à nossa espera mesmo antes do adeus! O pensamento fugiu-nos para a Reyn. O que estaria a fazer ela a estas horas?<br />
<br />
Estava-se bem na rua. Ainda escuro e tudo deserto tivemos uma última caminhada descansada e relaxante antes de nos enfiarmos num autocarro a sufocar durante oito horas. Depois, mais do mesmo. Aquecimento abafado, filmes e publicidades a passar, pára arranca, e umas sonecas. O percurso até Valladolid passava pelos mesmos sítios por onde tínhamos caminhado. Durante um bom bocado, esticámo-nos para espreitar peregrinos a caminhar na berma ao nosso lado, muito emocionados e cheios de memórias do que sentimos quando estivemos ali, há uns dias atrás. Queríamos gritar-lhes "Buen Camino", dizer-lhe que também estivemos ali, dizer-lhes o que vem a seguir...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6499186945/sizes/m/in/set-72157628387465935/"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7003/6499186945_58d1dba4e5.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Depois das oito horas e meia de pura tortura automobilística, eis que chegámos a Valladolid. Será que devemos aproveitar e ir aqui à Decathlon ou seguir já para Dueñas. O Albierto e a Maria estariam a trabalhar quando chegássemos. Isso fazia a balança pender para o ficar por ali. Mas o cansaço da viagem, e querer estar num sítio calmo para assimilar os últimos acontecimentos pesavam mais e partimos para Dueñas.<br />
<br />
Ao chegarmos tínhamos o plano de aguentar pela biblioteca, e pelo supermercado até acharmos que um deles estivesse despachado. Mas quis a sorte que o Pablo entrasse no mesmo supermercado! Dali fomos com ele direitos a casa. Mesmo estando a trabalhar, vieram todos à porta receber-nos de sorriso na cara. Levámos tudo para a "nossa casa" e tomámos um banho. Que alegria pegar de novo nas malas e rever as nossas bicicletas!<br />
Pedi rápido ao Albierto para pôr roupa a lavar e assim que chegámos pusemos a máquina a lavar a 60º. O Albierto veio ter connosco e ali lhe contámos a história toda de ter tido chinches e de termos acordados rodeados de piolhos. Um pouco dramático, mas achámos melhor não dormir ali. Não fosse contaminar a casa rural e estragar o negócio. Mais vale prevenir...<br />
Levámos a roupa para a outra casa, e mais uma máquina de roupa programada para a manhã seguinte.<br />
O Alexandre e o Albierto desarrumaram a sala de estudos do Albierto e montaram duas camas para nós. A Maria fez as camas. Ao jantar falámos do caminho, claro! Mas estávamos mais para lá do que para cá! Aquela hora há muito que estávamos a dormir nos albergues. Boas noites e cama.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628387465935/show/">Mais fotos...</a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;">...há um ano atrás: <a href="http://nomadiclas.blogspot.com/2010/11/quirima-angola.html">Quirima, Angola</a></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4744684032970161816.post-60959500273160856152012-01-03T14:01:00.047+00:002012-01-03T14:01:00.816+00:00El Camino de Ana - Last days<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><b>18 de Novembro - Palas del Rei - Arzua - 29,7 km</b><br />
<br />
Se tudo corresse bem estaríamos em Santiago em três dias! Desde a entrada na Galiza que os marcos junto ao Caminho assinalavam os quilómetros que faltavam até Santiago, de meio em meio quilómetro. Quanto mais próximos estávamos mais surreal parecia. Saíamos pela manhã cheios de energia, e a cabeça a ecoar "está quase!", "falta pouco","só mais três dias!".<br />
Fiz um terço do Caminho sozinha. De certa forma, já nem havia a sensação de estarmos sozinhos. Era verdade, que sem companhia nos tornamos mais contemplativos e atentos ao que está à nossa volta, mas não chego a ter o sentimento de solidão. Sei que atrás de mim ou à frente vou encontrar sempre alguém.<br />
<br />
À hora de almoço perdemo-nos nas compras. Havia supermercados grandes e como tal aproveitámos e enchemo-nos de fruta e provisões para evitar o que já prevíamos e ouvíamos de Santiago, a grande cidade dos peregrinos. Por isso mesmo, os preços estão adequados ao chupismo dos nossos últimos tostões, na esperança que a alegria de chegada abra os cordões à bolsa do peregrino que está tão feliz com a sua realização, que turva o seu bom senso. E se passou trinta dias a poupar, sendo um peregrino não só por caminhar, ali esbanja como se não houvesse amanhã. Nada mais interessa, já cheguei, já não preciso de contar tudo o que gasto..<br />
<br />
Tudo para dizer que a nossa paragem para almoço durou, nada mais, nada menos, que duas horas e meia. Com compras e almoço, propriamente dito. Sentámo-nos no alpendre do albergue da cidade, por ser o sítio mais sossegado que encontrámos e pouco depois, mais uma peregrina nova veio juntar-se a nós. Era siciliana, a sua fisionomia denunciava de imediato as suas origens. Era a segunda vez que fazia o Caminho, tendo sido a primeira feita a partir da Suiça. Desta vez, tomava a Via da Prata, que começa em Sevilha. Há menos aglomerado de pessoas, havendo mesmo hipóteses de caminhar-se sozinho até o Camino se cruzar com o Caminho Francês. A gentileza das pessoas neste Caminho é maior, porque há menos gente a fazê-lo e as distâncias entre albergues é mais longa. As refeições costumam ser donativo, e às vezes até te oferecem comida para o Caminho.<br />
Também ela tinha chinches. Se nós passámos horas a lavar e secar e dá-nos para a paranóia, já ela levava a coisa na descontracção. Tinha, sabia que tinha, e vivia bem assim, em plena comunhão com a bicharada.<br />
<br />
Em Àrzua, o albergue era a excepção ao modelito usado para os restantes albergues da associação. Víamos algumas semelhanças, mas sentíamo-nos mais confortáveis aqui. Convém dizer que desde que entrámos na Galiza deixámo-nos de confraternizar com hospitaleiros, porque já não os havia. Chegávamos e íamos à nossa vida, ninguém queria saber de nós.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6498537239/in/set-72157628385738321"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7142/6498537239_2c4c579895.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
<u><b>Santi</b></u>: o sábio peregrino. Originário de Madrid, o seu ganha pão eram os camiões. Apesar de estar há mais de um ano no desemprego. Fazia o Caminho pela nona vez. Tinha sempre conversas cheias da mística do Caminho. Graças a ele, quando algo nos acontecia, atribuiamo-lo como algo que o Caminho nos trouxe, como parte fundamental da peregrinação. Sempre de bem com a vida e com os outros.<br />
<br />
<u><b>Annie e François</b></u>: um casal francês que fez apenas uma parte do Caminho Francês, por não ter mais tempo de férias. Muito tranquilos, seguiam e faziam os mesmo quilómetros que nós, sem os ouvirmos a queixar de dores ou cansaço. Gostavam e conheciam Portugal, dizendo que de todos os países que já visitaram (muitos), Portugal era o país onde podiam comer à vontade e não sentir a tripa às voltas.<br />
<br />
<b>19 de Novembro - Arzua - Monte do Gozo - 34,6 km</b><br />
<br />
Um dia esplêndido de sol!<br />
No fim do dia estava estourada com dores aqui, ali e acolá, mas contente, porque praticamente, já estávamos em Santiago.<br />
Com os cálculos feitos uma dezena de vezes, para combinar chegada ao domingo, preços, e quilómetros que nos deixem andar ao fim do dia, pelo menos até à casa de banho, a paragem no Monte do Gozo era quase obrigatória. Se bem que nos desagradava mais que tudo, só pelo facto de saber que tem espaço para dormirem quatrocentos peregrinos.<br />
Nos últimos cinco quilómetros, a Reyn e eu, já deixadas há muito para trás pelo Alexandre, na brincadeira acelerámos o passo ao vermos que duas senhoras mais velhas, no seu suposto circuito de manutenção nos estavam a ultrapassar, frescas que nem alfaces e na converseta. Metemos o turbo, mais uma canção e as senhoras metem conversa connosco. Em segredo sabemos que foram elas que nos encheram de energia para fazer os últimos quilómetros, pois queríamos aguentar o passo umas das outras, de maneira que íamos todas aceleradas. "Vocês têm um bom ritmo! comentavam elas.<br />
Fomos entretidas na conversa as quatro e nem ligámos às dores. O sol já se tinha posto, e o frio instalou-se. Mal olhámos para o grande monumento que simboliza o Monte do Gozo. Ergueram-no ali, aquando das primeiras jornadas das juventude, com a visita do Papa João Paulo II. Dali os peregrinos vêem pela primeira vez a catedral de Santiago ao fundo, daí o nome Monte do Gozo.<br />
<br />
O "hospitaleiro" à recepção, era mesmo simpático. Pôs-nos sozinhos num quarto de oito e fazia uma festa a cada pessoa que entrava. No dia antes da grande chegada, soube mesmo bem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6498547513/in/set-72157628385738321"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7004/6498547513_c4a66b07f0.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
<b><u>Ivo</u></b>: um checoslovaco tímido. Ou assim a dificuldade na comunicação nos fazia crer. Era muito generoso e tinha um ar sempre calmo e sorridente. Mal o víamos comer. Passava horas a escrever no seu diário, completando-o com recibos e outros bilhetes e papéis. Usava uma mochilona, toda torta nas costas, e aparecia e desaparecia sem darmos por ele.<br />
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<u><b>Júan Manue</b></u>l: tinha um fetiche por pés ou bolhas! Digo eu, depois de vê-lo numa constante caça à bolha. "Como estan tus pies?" "Tienes ampollas?"Sempre! Perguntava sempre isto a quem lhe desse um dedito de conversa. Equipado com a sua mala de primeiros socorros, dos seus tempos gloriosos do exército, sentava-se diante do peregrino das bolhas com uma seringa a retirar o líquido e depois a encher com betadine! Ughhhh...<br />
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<u><b>Julio</b></u>: o conflituoso. Emparelhava, convenientemente, com quem soubesse cozinhar, sendo seu seguidor até o Caminho assim o permitir! Falava muito. Uma voz grossa, a mais grave de todas as que ouvi pelos albergues. Usava um buff vermelho na cabeça. A sua conversa além de ser o julgamento do que via à sua volta, seguia muitas vezes para a comida e de como comia bem (nunca havia comido uma hamburguesa, por exemplo) e de como a sua mulher cozinhava que era uma beleza.<br />
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<b>20 de Novembro -Monte do Gozo - Santiago - 4,5 km</b><br />
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Comichão durante a noite, mas manhã demasiado ocupada num turbilhão de emoções que mal prestei atenção às minhas borbulhinhas.<br />
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Os últimos quatro quilómetros, fizemo-los sozinhos. Sem ser preciso combinar.<br />
À medida que me aproximava ia pensando como seria o meu dia seguinte. Que todos os dias me queixava de dores, mas todos os dias saboreava o prazer de caminhar, como a única certeza na minha vida.<br />
E as pessoas??! As chegadas gloriosas aos albergues, com sorrisos de recepção que valiam todas as bolhas todas que tínhamos.<br />
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A vida da cidade era ainda tranquila. Mesmo assim, aqui ou ali um galego parava a sua rotina e ficava a olhar-nos avançar em direcção à catedral. Sorriam, um sorriso calmo.<br />
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Mesmo ao virar da esquina, para entrar na praça, o coração a bater, e eis que uma lágrima escorrega bochecha abaixo. Que era aquilo que estava a sentir.. queria chorar e deixar sair tudo... Num relance reparei que me fotografavam e a expressão endureceu. Um invasão do meu espaço, do que tinha direito a sentir, roubado pelos muitos turistas que por ali cirandavam e que tentavam capturar com fotos o que era ser peregrino e chegar a Santiago.<br />
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A praça ampla tinha alguma gente, mas não queria olhar para ninguém, com medo de que voltassem a roubar-me o que sentia. Andei meio perdida sem saber onde ir. Até que avistei, primeiro um e depois outro e mais outro peregrinos. Gente com quem partilhei dias, conversas, comida... Lá me indicaram os últimos metros para carimbar pela última vez a minha credencial e obter a tão desejada Compostela e o diploma.<br />
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O Alexandre encontrou-me, encontrámos a Reyn e fomos juntos pela última vez. Sem conseguir gerir muito bem o que acontecia. À saída da oficina do peregrino a Kathrin chegou e mais uma vez surpreendeu-nos, sem nos surpreender, por caminhar maiores distâncias para compensar os dias em que descansava.<br />
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Dali fomos para a missa. Ao meio dia, os oito acólitos penduraram o bota fumeiro, e puxaram até o fazer balouçar pelas alas da catedral a uma velocidade assustadora. Conseguimos! Olhava em meu redor, e via caras conhecidas espalhadas pela assembleia. Estávamos todos ali. Uma sensação de paz e uma ternura por todos os peregrinos invadiu-me. No meio dos muitos turistas e dos habituais cristãos senti-nos especiais.<br />
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Visitámos a cidade, e pelo fim da tarde, informados por outros peregrinos mais experientes, também nós fomos pôr-nos na fila para termos direito a uma refeição. Podíamos usufrui-las durante os três dias seguintes a contar com o dia da chegada (pequenos-almoços, almoços e jantares), no parador de Santiago. Bastava sermos uns dos dez primeiros a chegar, dez minutos antes da refeição, com o diploma a comprovar. Claro que com tanta gente, havia que gerir, quem já tinha comido, para dar lugar a quem nunca comeu. Ainda assim, os batidos no Caminho, sabiam contornar bem o sistema e acabavam por "tirar" a vez a outros.<br />
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Fomos passar tempo para a estação de autocarros. Estávamos como que perdidos sem o Caminho. Sem saber onde dormir, o que fazer e a evitar falar sobre a separação que sabíamos ter de acontecer.<br />
Lá pelas dez a Reyn, que tinha de esperar por uma carta, tal como no dia em que a conhecemos, saiu porta fora, sem dar tempo para mais do que um abraço fugido. Ficámos os dois a olhar para a porta de lágrimas nos olhos a ver a Reyn a esconder as suas...<br />
Se o Caminho me deu chinches porque precisava, ou bolhas, não sei, é possível que sim. Vistas lindíssimas, tempo para pensar, maior empatia com os espanhóis,.... talvez tenha dado! Bastava a Reyn!<br />
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Acabámos por voltar ao Monte do Gozo, já o segurança substituía o recepcionista e todos dormiam. Para descansar na cama o grande dia que tínhamos vivido.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/6498555129/in/set-72157628385738321"><img border="0" src="http://farm8.staticflickr.com/7168/6498555129_2d25e8b356.jpg" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><u><b></b></u></div><div style="text-align: justify;"><u><b>Kim (Honggoo)</b></u>: o peregrino do ano! Assim lhe começámos a chamar. Tinha vindo para Espanha viajar e conhecer o país, mas ao perder o seu iPhone, entrou em pânico, sem saber por onde se guiar e decidiu investir o seu dinheiro na compra de um iPad, restando-lhe apenas suficiente para uma humildes férias por Espanha. E foi assim que se fez ao Caminho. Apesar de ter queimado esparguete, era o meu cozinheiro de arroz preferido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><u><b>Jooyeon Jo</b></u>: estava sempre a sorrir. Queria viajar até oPorto depois do Caminho, por isso estava sempre a pedir informações sobre Portugal - Porto. Era quase arquitecta e a partir de metade do caminho, andava sempre com o Kim.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<u><b>Shin Ook Li</b></u>: foi ela que nos contou, que os bébés coreanos já nascem com um ano, e quando passam o ano todos ficam um ano mais, velhos. No seu caso, por ter nascido em Dezembro, nasceu com um ano e um mês depois já tinha dois!! Queixava-se muito dos pés, e apanhou o autocarro algumas vezes.<br />
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<div style="text-align: center;"><a href="http://www.flickr.com/photos/nomadiclas/sets/72157628385738321/show/">Mais fotos...</a> </div></div></div>nomadiclashttp://www.blogger.com/profile/14528435995138762616noreply@blogger.com0